sexta-feira, 4 de setembro de 2009

APOCALIPSE

Apocalipse

Apocalipse é um termo grego que significa “revelação”. “Revelação” é, na verdade, o título com que o último livro da Bíblia aparece em algumas edições. O estilo deste livro é estranho para a cultura ocidental, mas enquadra-se perfeitamente na mentalidade semita.
As raízes desta literatura encontram-se no Antigo Testamento (Isaías, Zacarias, Ezequiel e sobretudo Daniel), mas também em vários livros judeus que não entraram na Bíblia: Henoc, 2 Esdras e 2 Baruc. Estes últimos já foram escritos depois da destruição do Templo. Foi principalmente nestes livros que se inspirou o autor do Apocalipse de João.

GÉNERO LITERÁRIO É uma literatura própria das épocas de crise e de perseguição, em que se procura “revelar” os caminhos de Deus sobre o futuro, para consolar e encorajar os justos perseguidos, dando-lhes a certeza da vitória final. Era muito comum no fim do AT e mesmo no tempo em que foi escrito o NT, pois vivia-se um ambiente apocalíptico.
Estava-se no “fim dos tempos”, isto é, adivinhava-se uma revolução global, com uma radical mudança no modo de ser e de viver. Para isso, muito contribuiu a decadência do Império Romano e as guerras da Palestina, que levaram à destruição do Templo e de Jerusalém, no ano 70. Daí os três textos apocalípticos dos Evangelhos Sinópticos, directa ou indirectamente ligados à destruição de Jerusalém: Mt 24-25; Mc 13; Lc 21.

LIVRO Caracteriza-se por imagens grandiosas e simbólicas, constituídas por elementos da natureza, apresentadas em forma de visões e “explicadas” ao vidente por um anjo. Tais imagens são tiradas do AT, dos apocalipses judaicos, dos mitos e lendas antigas. Assim, o papel dos anjos (7,1-3); o livro selado (5,1); o livro para comer (10,1-11); as trombetas (8,2); as taças (15,7); os relâmpagos e trovões (4,5; 10,3).
Estas imagens sugerem mais do que descrevem, e grande parte delas nada tem a ver com a realidade. Trata-se de puros símbolos (1,16; 5,6; 21,16), que podem referir-se a pessoas, animais, números e cores, deixando ao leitor um espaço para alguma criatividade e “inteligência” (13,18; 17,9).
As visões simbólicas são projectadas no Céu, para dizer que pertencem ao mundo espiritual, da fé e o que nelas se revela acontece também na terra. Duas forças antagónicas estão em luta permanente: o Dragão a possível personificação do império romano, no tempo de Domiciano (81-96 d.C.) e o Cordeiro: Cristo, Cordeiro pascal, é o vencedor de todas as forças do Mal.

OCASIÃO, FINALIDADE E AUTOR A perseguição a que se refere o Apocalipse poderia ser a que açoitou as igrejas da Ásia no tempo do imperador Domiciano, por volta do ano 95. Também havia as perseguições internas, isto é, as heresias, sobretudo os nicolaítas (2,6.15), os marcionitas e os que prestavam culto ao imperador.
O livro pretende responder à questão: “Quem manda no mundo? Os tiranos, os senhores da Terra, ou o Senhor do Céu?” Este paralelismo entre o Céu e a Terra assegura aos crentes que Deus os acompanha a partir do Céu, e a História segue o seu curso na Terra sob o controlo de Deus e não sob o controlo dos poderes maus. O “vidente” vive na terra mas vê o que se passa no Céu e transmite aos seus irmãos sofredores a certeza de que Jesus está com eles e a sua vitória está para breve.
O simbolismo, por vezes irracional, de que o autor se serve para transmitir esta esperança aos perseguidos, assegura aos cristãos que o Reino de Deus ultrapassa a História que eles estão a viver, e ao mesmo tempo é uma linguagem secreta para os perseguidores.
O autor apresenta-se a si mesmo como João e escreve em Patmos pequena ilha do Mar Egeu onde se encontra desterrado por causa da fé (1,9). A tradição identificou este João com o Apóstolo João, mas não existem argumentos suficientes para o comprovar (Mt 4,21; Jo 21,1-14).

ESTRUTURA E CONTEÚDO O Apocalipse apresenta diversas hipóteses de estrutura. Propomos uma divisão em duas partes, depois de uma Introdução (1,1-20):
Introdução (1,1-20):
Introdução e saudação: 1,1-8;
Visão do Ressuscitado: 1,9-20.
I. Cartas às Sete Igrejas (2,1-3,22):
Sete cartas às igrejas: Éfeso, Pérgamo,
Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia.
II. Revelação do sentido da História (4,1-22,5):
O trono de Deus: 4,1-11;
Sete selos: 5,1-8,5;
Sete trombetas: 8,6-11,19;
Sete sinais: 12,1-15,4;
Sete taças: 15,5-16,21;
Queda da Babilónia: 17,1-19,4;
Triunfo de Cristo. Nova Jerusalém: 19,5-22,5.
Epílogo (22,6-21).

TEOLOGIA O Apocalipse exprime a fé da Igreja da “segunda geração cristã”, isto é, do tempo dos discípulos dos Apóstolos. A doutrina do Corpo Místico (Jo 15,1-8; 1 Cor 12,12-27) recebe aqui nova dimensão: Cristo está no meio dos sete candelabros (1,13) e tem na mão direita as sete estrelas (1,16), símbolos das sete igrejas, que personificam a Igreja universal; Ele é apresentado no mesmo plano que Javé e com os mesmos atributos: é «o Senhor dos senhores e Rei dos reis» (17,14; 19,16), aquele que tem um «nome que ninguém conhece» (2,17; ver 1,8.18; 2,27; 3,12; 14,1; 15,4; 19,16).
Deus é o único Senhor da História, apesar das forças conjugadas de todos os senhores deste mundo; por isso, acontecimentos do AT, como o Êxodo, as pragas do Egipto, teofanias, destruições... servem de pano de fundo das novas intervenções de Deus na História do presente.
No meio desta História, a Igreja aparece como espaço litúrgico onde o Cordeiro tem presença permanente, fazendo da comunidade “o céu” na terra. Isso não impede que as forças do Mal estejam em luta constante com ela (e com o Cordeiro: 2,3.9.10.13; 3,10; 6,9-11; 7,14).
Por isso, o Apocalipse não pretende predizer nem “revelar” pormenores sobre o futuro da Igreja e da Humanidade, mas conferir a certeza absoluta na bondade de Deus, que se manifestou em Cristo. Também não “fecha” a Bíblia; mas abre diante do leitor crente um caminho de esperança sem fim: «Eu renovo todas as coisas.» (21,5) «Eu venho em breve (...). Vem, Senhor Jesus!» (22,7.20).


INTRODUÇÃO (1,1-20)

1 Introdução e saudação - 1Revelação de Jesus Cristo. Deus encarregou-o de manifestar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer e que Ele comunicou pelo anjo que enviou ao seu servo João, 2o qual atesta que tudo o que viu é Palavra de Deus e testemunho de Jesus Cristo. 3Feliz o que lê e os que escutam a mensagem desta profecia e põem em prática o que nela está escrito, porque o tempo está próximo. 4João saúda as sete igrejas da província da Ásia: graça e paz da parte daquele que é, que era e que há-de vir, da parte dos sete espíritos que estão diante do seu trono 5e da parte de Jesus Cristo, a Testemunha fiel, o Primeiro vencedor da morte e o Soberano dos reis da terra.
Àquele que nos ama e nos purificou dos nossos pecados com o seu sangue,
6e fez de nós um reino, sacerdotes para Deus e seu Pai;
a Ele seja dada a glória e o poder
pelos séculos dos séculos. Ámen!
7Olhai: Ele vem no meio das nuvens! Todos os olhos o verão, até mesmo os que o trespassaram. Todas as nações da terra se lamentarão por causa dele. Sim. Ámen! 8Eu sou o Alfa e o Ómega - diz o Senhor Deus - aquele que é, que era e que há-de vir, o Todo-Poderoso.

Visão do Ressuscitado - 9Eu, João, que sou vosso irmão e companheiro na perseguição, no Reino e na constância cristã, encontrava-me na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus. 10No dia do Senhor, o Espírito arrebatou-me e ouvi atrás de mim uma voz potente como de trombeta, 11que dizia: «O que vais ver, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas: à de Éfeso, de Esmirna, de Pérgamo, de Tiatira, de Sardes, de Filadélfia e de Laodiceia.» 12Voltei-me para ver de quem era a voz que me falava. E, ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro; 13no meio dos candelabros, vi alguém com aparência humana; estava vestido de uma túnica comprida até aos pés e cingido com um cinto de ouro em torno do peito; 14a sua cabeça e os seus cabelos eram brancos, como a brancura da lã e da neve; os seus olhos eram como uma chama de fogo; 15os seus pés assemelhavam-se ao bronze incandescente numa forja, e a sua voz era como o rumor de águas caudalosas; 16Ele tinha na mão direita sete estrelas e da sua boca saía uma aguda espada de dois gumes; o seu rosto era como o Sol resplandecente com toda a sua força. 17Ao vê-lo, caí como morto, a seus pés. Mas Ele colocou a mão direita sobre mim, dizendo: «Não tenhas medo!
Eu sou o Primeiro e o Último;
18aquele que vive.
Estive morto; mas, como vês, estou vivo
pelos séculos dos séculos
e tenho as chaves da Morte e do Abismo!
19Escreve, pois, as coisas que vês, as que estão a acontecer e as que vão acontecer, depois destas. 20E este é o simbolismo das sete estrelas que viste na minha mão direita e dos sete candelabros de ouro: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas; e os sete candelabros são as sete igrejas.»

I. CARTAS ÀS SETE IGREJAS (2,1-3,22)
2 À igreja de Éfeso - 1Ao anjo da igreja de Éfeso, escreve: «Isto diz o que tem na mão direita as sete estrelas, o que caminha no meio dos sete candelabros de ouro: 2‘Conheço as tuas obras, as tuas fadigas e a tua constância. Sei também que não podes tolerar os malvados e que puseste à prova os que se dizem apóstolos - mas não o são - e os achaste mentirosos; 3tens constância, sofreste por causa de mim e não perdeste a coragem. 4No entanto, tenho uma coisa contra ti: abandonaste o teu primitivo amor. 5Lembra-te, pois, donde caíste, arrepende-te e torna a proceder como ao princípio. Se não procederes assim e não te arrependeres, Eu virei ter contigo e retirarei o teu candelabro do seu lugar. 6Mas tens isto em teu favor: detestas as obras dos nicolaítas, como eu também as detesto.’ 7Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que sair vencedor, dar-lhe-ei a comer da árvore da Vida que está no Paraíso de Deus.»
À igreja de Esmirna - 8Ao anjo da igreja de Esmirna escreve: «Isto diz o Primeiro e o Último, aquele que estava morto, mas reviveu: 9‘Conheço as tuas tribulações e a tua pobreza; no entanto, és rico. Também conheço as calúnias dos que se dizem judeus, mas que não são mais que uma sinagoga de Satanás. 10Não temas nada do que vais sofrer. Eis que o Diabo vai lançar alguns de vós na prisão para vos provar. Sereis atribulados durante dez dias. Sê fiel até à morte e dar-te-ei a coroa da vida.’ 11Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Aquele que vence não será vítima da segunda morte.»

À igreja de Pérgamo - 12Ao anjo da igreja de Pérgamo escreve: «Isto diz o que tem uma aguda espada de dois gumes: 13‘Sei onde habitas. É onde está o trono de Satanás; e, no entanto, guardas fidelidade ao meu nome e não renegaste a fé em mim, nem sequer nos dias de Antipas, minha testemunha fiel, que foi morto na vossa cidade - que é morada de Satanás. 14Mas tenho algumas coisas contra ti: tens aí alguns que seguem a doutrina daquele Balaão que ensinou Balac a tentar os israelitas, de modo a comerem as carnes imoladas aos ídolos e a praticarem a imoralidade. 15Mais ainda, também tens alguns que seguem igualmente a doutrina dos nicolaítas. 16Converte-te, pois; se não, virei ter contigo brevemente e combaterei contra eles com a espada da minha boca.’ 17O que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que sair vencedor, dar-lhe-ei a comer do maná escondido e dar-lhe-ei também uma pedra branca; na pedra branca estará gravado um novo nome que ninguém conhece, a não ser o que a recebe.»

À igreja de Tiatira - 18Ao anjo da igreja de Tiatira escreve: «Isto diz o Filho de Deus, aquele cujos olhos são como chama de fogo e cujos pés são semelhantes ao bronze: 19‘Conheço as tuas obras, a tua caridade, a tua fé, a tua dedicação, a tua constância e as tuas últimas obras, mais numerosas que ao princípio. 20Mas tenho uma coisa contra ti: toleras que Jezabel, essa mulher que a si mesma se chama profetiza, ensine e engane os meus servos, levando-os à imoralidade e a participar em banquetes idolátricos. 21Concedi-lhe um prazo para que se arrependesse da sua imoralidade, mas ela não quer arrepender-se. 22Então, vou prostrá-la num leito de dor, e sobre os seus amantes vou lançar uma grande tribulação, a menos que se arrependam das obras que praticaram com ela. 23Vou destruir pela morte os filhos que ela gerou. Deste modo, saberão todas as igrejas que sou Eu quem conhece profundamente os pensamentos e os corações e que retribuirei a cada um de vós conforme as vossas obras. 24Agora, dirijo-me a vós, aos restantes de Tiatira, a todos quantos não professam essa tal doutrina nem conhecem, como eles dizem, as profundidades de Satanás: não vos imponho outra carga; 25no entanto, o que tendes, guardai-o bem, até que Eu venha. 26Ao que vencer, cumprindo até ao fim as minhas obras, darei poder sobre os povos, 27o mesmo que Eu recebi de meu Pai, os quais Ele governará com ceptro de ferro e quebrará como quem parte vasos de barro; 28e dar-lhe-ei a estrela da manhã.’ 29O que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.»

3 À igreja de Sardes - 1Ao anjo da igreja de Sardes, escreve: «Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas: ‘Conheço as tuas obras; tens fama de estar vivo, mas estás morto. 2Sê vigilante e fortifica aquilo que está a morrer, pois não encontrei perfeitas as tuas obras, diante do meu Deus. 3Recorda, portanto, o que recebeste e ouviste. Guarda-o e arrepende-te. Pois se não estiveres vigilante, virei como um ladrão, sem que saibas a que hora virei ter contigo. 4No entanto, tens em Sardes algumas pessoas que não mancharam as suas vestes; esses caminharão comigo, vestidos de branco, pois são dignos disso. 5Assim, o que vencer andará vestido com vestes brancas e não apagarei o seu nome do livro da Vida, mas o darei a conhecer diante de meu Pai e dos seus anjos.’ 6Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.»

À igreja de Filadélfia - 7Ao anjo da igreja de Filadélfia escreve: «Isto diz o Santo, o Verdadeiro, o que tem a chave de David, o que abre e ninguém fecha e fecha e ninguém abre: 8‘Conheço as tuas obras. Vê, coloquei diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar. Tens pouca força, mas guardaste a minha palavra e não renegaste o meu nome. 9Farei que alguns da sinagoga de Satanás - esses que se dizem judeus sem o serem, pois mentem - venham prostrar-se a teus pés. E saberão que Eu te amei. 10Porque guardaste a minha palavra com perseverança, também Eu te guardarei na hora da provação que vai vir sobre todo o mundo, para provar os habitantes da terra. 11Venho em breve: guarda o que tens, para que ninguém te arrebate a tua coroa.’ 12Ao que vencer, fá-lo-ei coluna no templo do meu Deus. Entrará e não mais sairá dele. E gravarei nele o meu nome novo, o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu de junto do meu Deus. 13Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.»

À igreja de Laodiceia - 14Ao anjo da igreja de Laodiceia, escreve: «Isto diz o Ámen, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da Criação de Deus: 15Conheço as tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente. 16Assim, porque és morno - e não és frio nem quente - vou vomitar-te da minha boca. 17Porque dizes: ‘Sou rico, enriqueci e nada me falta’ - e não te dás conta de que és um infeliz, um miserável, um pobre, um cego, um nu - 18aconselho-te a que me compres ouro purificado no fogo, para enriqueceres, vestes brancas para te vestires, a fim de não aparecer a vergonha da tua nudez e, finalmente, o colírio para ungir os teus olhos e recobrares a vista. 19Aos que amo, eu os repreendo e castigo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. 20Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo.’ 21Ao que vencer, farei que se sente comigo no meu trono, assim como Eu venci e estou sentado com meu Pai, no seu trono. 22Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.»

II. REVELAÇÃO DO SENTIDO DA HISTÓRIA (4,1-22,5)
4 O trono de Deus (Ez 1,26-27) - 1Depois disto, tive outra visão: havia uma porta aberta no céu e a voz que eu ouvira ao princípio, como se fosse de trombeta, falava comigo, dizendo: «Sobe aqui e vou mostrar-te o que deve acontecer depois disto.» 2Imediatamente, fui arrebatado em espírito: vi um trono no céu e sobre o trono havia alguém sentado. 3O que estava sentado era, no aspecto, semelhante à pedra de jaspe e de sardónica e uma auréola, de aspecto semelhante à esmeralda, rodeava o trono. 4Formando um círculo à volta do trono, vi que havia vinte e quatro tronos e sobre eles estavam sentados vinte e quatro anciãos vestidos de branco e com coroas de ouro na cabeça. 5Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões; sete lâmpadas de fogo ardiam diante do trono de Deus, as quais são os sete espíritos de Deus. 6Diante do trono havia também uma espécie de mar de vidro, transparente como cristal. No meio do trono e à volta do trono havia ainda quatro seres viventes cobertos de olhos por diante e por detrás: 7o primeiro vivente era semelhante a um leão; o segundo era semelhante a um touro; o terceiro tinha uma face semelhante à de um homem e o quarto era semelhante a uma águia em voo. 8Os quatro seres viventes tinham cada um seis asas cobertas de olhos por fora e por dentro. E não cessavam de cantar, de dia e de noite:
«Santo, santo, santo
é o Senhor Todo-Poderoso,
o que era, o que é e que há-de vir.»
9E, sempre que os seres viventes dão glória, honra e acção de graças ao que está sentado no trono e que vive pelos séculos dos séculos, 10os vinte e quatro anciãos prostram-se diante do que está sentado no trono e adoram ao que vive para sempre; e, lançando as suas coroas diante do trono, aclamam: 11«Digno és, Senhor e nosso Deus,
de receber a glória, a honra e a força;
porque criaste todas as coisas,
por tua vontade foram criadas e existem.»

5 O livro selado e o Cordeiro -
1Depois, vi na mão direita do que estava sentado no trono um livro escrito nas duas faces e selado com sete selos. 2Vi também um anjo forte que clamava com voz potente: «Quem é digno de abrir o livro e de quebrar os selos?» 3Mas ninguém, nem no céu nem na terra, nem debaixo da terra era capaz de abrir o livro nem de olhar para ele. 4E eu chorava copiosamente porque não fora encontrado ninguém digno de abrir o livro nem de olhar para ele. 5Então, um dos anciãos disse-me: «Não chores. Porque venceu o Leão da tribo de Judá, o rebento da dinastia de David; Ele abrirá o livro e os seus sete selos.» 6Depois olhei e vi no meio do trono e dos quatro seres viventes e no meio dos anciãos, um Cordeiro. Estava de pé, mas parecia ter sido imolado. Tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra. 7Depois, o Cordeiro aproximou-se e recebeu o livro da mão direita do que estava sentado no trono. 8E, quando Ele recebeu o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro. Cada um deles tinha uma cítara e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. 9E cantavam um cântico novo, dizendo:
«Tu és digno de receber o livro
e de abrir os selos;
porque foste morto e,
com teu sangue, resgataste para Deus,
homens de todas as tribos, línguas, povos e nações;
10e fizeste deles um reino e sacerdotes para o nosso Deus;
e reinarão sobre a terra.»
11Na visão, ouvi a voz de uma multidão angélica, à volta do trono, dos seres viventes e dos anciãos; o seu número era de miríades de miríades, milhares de milhares e 12cantavam com voz forte:
«O Cordeiro que foi imolado
é digno de receber o poder e a riqueza,
a sabedoria e a força,
a honra, a glória e o louvor.»
13Ouvi também todas as criaturas do céu, da terra e de debaixo da terra, do mar e de tudo quanto neles existe, que proclamavam:
«Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro,
sejam dados o louvor, a honra,
a glória e a fortaleza
pelos séculos dos séculos.»
14E os quatro seres viventes diziam: «Ámen.» E os anciãos prostraram-se em adoração.

6 Abertura dos seis primeiros selos - 1Depois, na visão, quando o Cordeiro abriu o primeiro dos sete selos, ouvi um dos quatro seres viventes que dizia com voz de trovão: «Vem!» 2E vi que apareceu um cavalo branco; o cavaleiro levava um arco e foi-lhe dada uma coroa. Depois, partiu vencedor para novas vitórias. 3Quando Ele abriu o segundo selo, ouvi o segundo vivente que dizia: «Vem!» 4E saiu outro cavalo, que era vermelho; e ao cavaleiro foi dado o poder de retirar a paz da terra e de fazer com que os homens se matassem uns aos outros. Foi-lhe dada, igualmente, uma grande espada. 5Quando Ele abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente que dizia: «Vem!» Na visão apareceu um cavalo negro. O cavaleiro tinha na mão uma balança. 6E ouvi algo semelhante a uma voz no meio dos quatro seres viventes que dizia:
«Uma medida de trigo por um dinheiro
e três medidas de cevada por um dinheiro.
Mas não estragues o azeite nem o vinho.»
7E, quando Ele abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente que dizia: «Vem!» 8Na visão apareceu um cavalo esverdeado. O cavaleiro chamava-se «Morte»; e o «Abismo» seguia atrás dele. Foi-lhes dado poder sobre a quarta parte da terra, para matar pela espada, pela fome, pela morte e pelas feras da terra.

9E, quando Ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos, por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. 10E clamavam em alta voz:
«Tu, que és o Poderoso,
o Santo, o Verdadeiro!
Até quando esperarás para julgar
e tirar vingança do nosso sangue
sobre os habitantes da terra?»
11Foi dada a cada um uma veste branca e foi-lhes dito que esperassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos seus companheiros de ministério e dos seus irmãos que iam ser mortos, como eles. 12E, quando Ele abriu o sexto selo, houve um grande terramoto e o Sol tornou-se negro, como um pano de crinas, e toda a Lua ficou como sangue. 13As estrelas caíram do céu à terra, como os figos verdes caem de uma figueira sacudida por um furacão. 14O céu foi afastado, como um livro que se enrola e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. 15Os reis da terra, os poderosos, os generais, os ricos, os fortes, todos, escravos e livres, se esconderam nas cavernas e nos rochedos das montanhas; 16e diziam às montanhas e aos rochedos:
«Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que está sentado no trono, e da cólera do Cordeiro.
17Porque chegou o grande dia da sua cólera; e, quem poderá resistir?»

7 A Igreja, novo povo de Deus - 1Depois disto, vi quatro anjos, de pé sobre os quatro cantos da terra. Seguravam os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre as árvores. 2Depois, vi outro anjo que subia do Oriente, levando o selo do Deus vivo e gritando com voz forte aos quatro anjos, aos quais fora dado o poder de danificar a terra e o mar. E dizia: 3«Não danifiqueis a terra nem o mar nem as árvores, até que tenhamos marcado com um selo a fronte dos servos do nosso Deus.» 4Ouvi também o número dos que foram assinalados: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel: 5da tribo de Judá, doze mil assinalados;
da tribo de Rúben, doze mil;
da tribo de Gad, doze mil;
6da tribo de Aser, doze mil;
da tribo de Neftali, doze mil;
da tribo de Manassés, doze mil;
7da tribo de Simeão, doze mil;
da tribo de Levi, doze mil;
da tribo de Issacar, doze mil;
8da tribo de Zabulão, doze mil;
da tribo de José, doze mil;
da tribo de Benjamim, doze mil assinalados.
9Depois disto, apareceu na visão uma multidão enorme que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé com túnicas brancas diante do trono e diante do Cordeiro, e com palmas na mão. 10Aclamavam em alta voz:
«A salvação pertence ao nosso Deus,
que está sentado no trono,
e ao Cordeiro.»
11E todos os anjos, que estavam de pé à volta do trono, dos anciãos e dos quatro seres viventes, prostraram-se diante do trono, com a face por terra, e adoraram a Deus, 12aclamando:
«Ámen!
O louvor, a glória, a sabedoria,
a acção de graças, a honra, o poder e a força
devem ser dados ao nosso Deus
pelos séculos do séculos.
Ámen!»
13Então, um dos seres viventes tomou a palavra e disse-me: «Estes, que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e donde vieram?» 14Eu respondi-lhe: «Meu senhor, tu é que sabes.» Ele disse-me: «Estes são os que vêm da grande tribulação; lavaram as suas túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro. 15Por isso, estão diante do trono de Deus e servem-no, noite e dia, no seu santuário, e o que está sentado no trono abrigá-los-á na sua tenda. 16Nunca mais passarão fome nem sede; nem o sol nem o calor ardente cairão sobre eles, 17porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e conduzirá às fontes de água viva; e Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos.»

8 O sétimo selo e o turíbulo - 1Quando Ele abriu o sétimo selo, fez-se no céu um silêncio de cerca de meia hora. 2Depois vi os sete anjos que estão de pé diante de Deus. Foram-lhes entregues sete trombetas. 3Veio, então, outro anjo com um turíbulo de ouro e deteve-se junto do altar. Deram-lhe muitos perfumes para oferecer com as orações de todos os santos, sobre o altar de ouro que está diante do trono. 4E, da mão do anjo, o fumo dos perfumes subiu diante de Deus, juntamente com as orações dos santos. 5Depois, o anjo tomou o turíbulo, encheu-o de brasas do altar e lançou-o à terra. Houve, então, trovões, estrondos, relâmpagos e um terramoto.
As quatro primeiras trombetas - 6Seguidamente, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para as tocar. 7Quando o primeiro anjo tocou a trombeta, houve granizo e fogo misturado com sangue que foram lançados sobre a terra: a terça parte da terra, a terça parte das árvores e toda a erva verde foram queimadas. 8Quando o segundo anjo tocou a trombeta, uma espécie de grande montanha de fogo foi lançada ao mar: a terça parte do mar transformou-se em sangue; 9morreu a terça parte dos seres vivos do mar e a terça parte dos barcos foi destruída. 10Quando o terceiro anjo tocou a trombeta, caiu do céu uma grande estrela que ardia como uma tocha chamejante. Caiu sobre a terça parte dos rios e sobre as nascentes das águas. 11O nome da estrela é «Absinto»: uma terça parte das águas transformou-se em absinto e muitos homens morreram por causa das águas que se tinham tornado amargas. 12Quando o quarto anjo tocou a trombeta, foi atingida a terça parte do Sol, a terça parte da Lua e das estrelas, de modo que se obscureceu a terça parte deles e o dia perdeu um terço do seu esplendor, assim como a noite. 13Na visão ouvi também uma águia que voava no mais alto do céu e dizia com voz forte: «Ai, ai, ai dos habitantes da terra por causa do som das trombetas que os três últimos anjos vão tocar!»

9 Quinta e sexta trombetas - 1Quando o quinto anjo tocou a trombeta, vi uma estrela do céu cair sobre a terra e foi-lhe entregue a chave do poço do Abismo. 2Abriu o poço do Abismo e subiu dele uma fumarada semelhante à de uma grande fornalha. O Sol e o ar escureceram-se com a fumarada do poço. 3E, do fumo, saíram gafanhotos que se espalharam pela terra; foi-lhes dado um poder semelhante ao dos escorpiões da terra. 4Foi-lhes dito que não danificassem a erva da terra, toda a verdura e todas as árvores, mas tão somente os homens que não tivessem o selo de Deus na sua fronte. 5Não lhes foi permitido matá-los mas unicamente atormentá-los durante cinco meses. E o seu tormento era semelhante à picada de um escorpião. 6Nesses dias, os homens procurarão a morte, mas não a encontrarão; desejarão morrer, mas a morte fugirá deles. 7Os gafanhotos tinham a aparência de cavalos aparelhados para o combate; tinham na cabeça algo semelhante a coroas douradas e a sua fisionomia era semelhante à dos homens; 8tinham cabelo semelhante ao cabelo das mulheres e seus dentes eram semelhantes aos dos leões. 9O seu tórax era parecido a uma couraça de ferro e o rumor das suas asas era semelhante ao estrépito de carros de muitos cavalos a correr para a batalha. 10Tinham também caudas munidas de aguilhões semelhantes às do escorpião e, nas caudas, tinham o veneno para danificar os homens durante cinco meses. 11Sobre eles reina o anjo do Abismo cujo nome, em hebraico, é «Abadon» e, em grego, «Apolion». 12Passou o primeiro «ai». Depois disto, virão ainda dois «ais». 13Quando o sexto anjo tocou a trombeta, ouvi uma voz que saía dos quatro ângulos do altar de ouro que está diante de Deus 14e que dizia ao sexto anjo que tinha a trombeta: «Solta os quatro anjos que estão acorrentados junto ao grande rio Eufrates.» 15E foram soltos os quatro anjos que estavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano em que deveriam matar a terça parte da humanidade. 16O número das tropas de cavalaria era de duzentos milhões; ouvi o seu número. 17Na visão, vi também os cavalos e os respectivos cavaleiros que vestiam couraças de fogo, de jacinto e de enxofre; as cabeças dos cavalos eram semelhantes a cabeças de leões; e das suas bocas saía fogo, fumo e enxofre. 18A terça parte dos homens foi destruída por estas três pragas, isto é, pelo fogo, fumo e enxofre que saíam das suas bocas. 19Os cavalos têm a sua força na boca e na cauda pois as suas caudas são semelhantes a serpentes com cabeças e, com elas, é que fazem mal. 20Quanto ao resto dos homens, os que não foram mortos por estes flagelos não se arrependeram das suas más acções: da adoração dos demónios, dos ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra, de madeira, os quais não podem ver nem ouvir nem caminhar. 21Não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem das suas devassidões, nem das suas rapinas.

10 O anjo e o livrinho - 1Depois, vi um outro anjo poderoso, que descia do céu envolto numa nuvem. E havia uma auréola sobre a sua cabeça; o seu rosto era como o Sol e os seus pés como colunas de fogo; 2na mão trazia um livrinho aberto. Colocou o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra. 3E bradou com voz forte, semelhante ao rugido de um leão. Depois do seu brado, os sete trovões fizeram ouvir os seus estrondos. 4E quando os sete trovões fizeram ouvir os seus estrondos, eu preparei-me para escrever. Então, ouvi uma voz do céu que dizia: «Guarda o que disseram os sete trovões e não o escrevas.» 5E o anjo que eu tinha visto sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita ao céu 6e jurou pelo que vive pelos séculos dos séculos,
o qual criou o céu e tudo o que nele existe,
a terra e tudo o que nela existe,
o mar e tudo quanto nele existe:
«Terminou o prazo.
7E, nos dias em que se ouvir a voz do sétimo anjo - quando ele iniciar o toque da trombeta - então se cumprirá o desígnio de Deus, como Ele tinha anunciado aos seus servos, os profetas.» 8Depois, a voz do céu, que eu tinha ouvido antes, falou-me de novo: «Vai, toma o livro aberto da mão do anjo que está de pé sobre o mar e sobre a terra.» 9Aproximei-me do anjo e pedi-lhe para me entregar o livrinho. Ele disse-me: «Toma e come-o. Ele vai amargar-te nas entranhas, mas, na tua boca, será doce como mel.» 10Tomei o livrinho das mãos do anjo e comi-o: na minha boca era doce como mel; mas, depois de o comer, as minhas entranhas encheram-se de amargura. 11Depois, disseram-me: «É necessário que continues a profetizar contra muitos povos, nações, línguas e reinos.»

11 As duas testemunhas - 1Depois, deram-me uma cana semelhante a uma vara de medir e disseram-me: «Levanta-te e mede o templo de Deus, o altar e os adoradores que lá se encontram. 2Mas o pátio exterior do templo, deixa-o de lado; não o meças porque ele foi entregue aos pagãos, assim como a cidade santa, que eles calcarão aos pés durante quarenta e dois meses. 3E enviarei as minhas duas testemunhas que hão-de profetizar, vestidas de luto, durante mil duzentos e sessenta dias.» 4Estas duas testemunhas são as duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Senhor da terra. 5Se alguém quiser fazer-lhes mal, sairá fogo da sua boca para devorar os seus inimigos; deste modo, se alguém tentar fazer-lhes mal, morrerá certamente. 6Eles têm o poder de fechar o céu para que a chuva não caia no tempo da sua profecia. E têm, igualmente, o poder de mudar as águas em sangue, de modo a provocar na terra toda a espécie de flagelos, sempre que o desejem fazer. 7E, quando terminarem de dar testemunho, a Besta que sobe do Abismo lutará contra eles, vencê-los-á e dar-lhes-á a morte. 8Os seus cadáveres ficarão na praça da grande cidade, que se chama, simbolicamente, Sodoma e Egipto, precisamente onde o seu Senhor foi crucificado. 9E, durante três dias e meio, homens de vários povos, tribos, línguas e nações contemplarão os seus cadáveres e não permitirão que sejam sepultados. 10Os habitantes da terra se felicitarão pela sua morte, farão festa e se presentearão mutuamente; porque eles, os dois profetas, tinham sido um tormento para a humanidade. 11Mas, depois desses três dias e meio, um sopro de vida, enviado por Deus entrou neles: puseram-se de pé e um grande terror caiu sobre os que os viram. 12Então, as duas testemunhas ouviram uma voz forte que vinha do céu e lhes dizia: ‘Subi para aqui’. E eles subiram ao céu numa nuvem, à vista dos seus inimigos; 13nesse momento, houve um grande tremor de terra: ruiu a décima parte da cidade e morreram no terramoto sete mil pessoas. Os sobreviventes, aterrorizados, deram glória ao Deus do céu. 14O segundo ‘ai’ passou. O terceiro ‘ai’ virá brevemente.»
A sétima trombeta - 15Quando o sétimo anjo tocou a trombeta, ouviram-se grandes aclamações no céu:
«O reinado sobre o mundo
foi entregue a nosso Senhor
e a seu Cristo;
Ele reinará pelos séculos dos séculos.»
16Então, os vinte e quatro anciãos - os que estão sentados nos seus tronos diante de Deus com o rosto por terra - adoraram a Deus, 17aclamando:
«Nós te damos graças, Senhor Deus Todo-Poderoso,
que és e que eras,
porque assumiste o teu grande poder
e entraste na posse do teu reinado.
18Enfureceram-se as nações,
mas chegou a tua ira
e o momento de julgar os que morreram
e de dar a recompensa aos teus servos,
aos profetas, aos santos
e aos que temem o teu nome, pequenos e grandes;
chegou o momento de destruir os que corrompiam a terra.»
19Depois, abriu-se no céu o santuário de Deus e apareceu a Arca da aliança. E houve relâmpagos, estrondos, trovões, um tremor de terra e uma tempestade de granizo.

12 Primeiro sinal: a) A Mulher e o Menino (Gn 3,14-16) - 1Depois, apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de Sol, com a Lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça. 2Estava grávida e gritava com as dores de parto e o tormento de dar à luz. 3Apareceu ainda outro sinal no céu: era um grande dragão de fogo com sete cabeças e dez chifres. Sobre as cabeças tinha sete coroas e, 4com a sua cauda, varreu a terça parte das estrelas do céu e lançou-as à terra. Depois colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando ele nascesse. 5Ela deu à luz um filho varão. Ele é que há-de governar todas as nações com ceptro de ferro. Mas o filho foi-lhe arrebatado para junto de Deus e do seu trono. 6E a Mulher fugiu para o deserto onde Deus lhe preparou um lugar, de modo a não lhe faltar aí o alimento durante mil duzentos e sessenta dias.
b) Miguel e o Dragão - 7Depois, travou-se uma batalha no céu: Miguel e seus anjos declararam guerra ao Dragão. O Dragão e os seus anjos combateram, 8mas não resistiram. E nunca mais encontraram lugar no céu: 9o grande Dragão, a Serpente antiga - a que chamam também Diabo e Satanás - o sedutor de toda a humanidade, foi lançado à terra; e, com ele, foram lançados também os seus anjos. 10Então ouvi uma voz forte no céu que aclamava:
«Eis que chegou o tempo da salvação,
da força e da realeza do nosso Deus
e do poder do seu Cristo!
Porque foi precipitado o Acusador dos nossos irmãos,
o que os acusava diante de Deus, dia e noite;
11mas eles venceram-no pelo sangue do Cordeiro
e pelo testemunho da sua palavra
e não amaram mais a vida que a morte.
12Alegrai-vos, pois, ó céus, e vós que neles habitais!
Ai da terra e do mar
porque o Diabo caiu sobre vós com grande furor,
ao ver que pouco tempo lhe resta.»
c) O Dragão contra a Mulher - 13Quando o Dragão se viu precipitado na terra, lançou-se na perseguição da Mulher que tinha dado à luz um Menino. 14Mas à Mulher foram dadas as duas asas da águia real, a fim de voar para o seu refúgio, no deserto, onde ia ser alimentada durante três anos e meio, longe da Serpente. 15Então, a Serpente, na perseguição da Mulher, lançou da sua boca um rio de água, a fim de a arrastar na corrente. 16Mas a terra veio em socorro da Mulher: abrindo a sua boca, a terra engoliu o rio que o Dragão tinha lançado atrás da Mulher. 17E, furioso contra a Mulher, o Dragão foi fazer guerra contra o resto da sua descendência, isto é, os que observam os mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus. 18Depois colocou-se na areia da praia.

13 Segundo sinal: a Besta marítima (Dn 7,1-8) - 1Depois vi uma Besta que subia do mar. Tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os chifres tinha sete coroas, e sobre as cabeças tinha nomes blasfemos. 2Vi que a Besta era semelhante a um leopardo; as suas patas eram semelhantes às do urso e a sua boca era como a do leão. O Dragão deu-lhe a sua própria força, o seu trono e grande poder. 3Uma das suas cabeças parecia ferida de morte; mas a ferida mortal tinha sido curada. E, maravilhados, todos os habitantes da terra foram atrás da Besta. 4E adoraram o Dragão porque tinha dado o seu poder à Besta. E adoraram também a Besta, aclamando:
«Quem semelhante à Besta?
E quem poderá lutar contra ela?»
5E foi-lhe dada uma boca para proferir palavras eloquentes e blasfemas. Deram-lhe também o poder de agir durante quarenta e dois meses. 6Então, abriu a boca para proferir blasfémias contra Deus, contra o seu nome, contra a sua morada e contra os que têm morada no céu. 7Foi-lhe dado, ainda, o poder de fazer guerra contra os santos e de os vencer, assim como o poder sobre todas as tribos, povos, línguas e nações. 8E adoraram-na todos os habitantes da terra, aqueles cujos nomes não estão escritos, desde o princípio do mundo, no livro da Vida do Cordeiro, que foi imolado.» 9Quem tem ouvidos, ouça: 10O que está destinado ao cativeiro,
irá para o cativeiro;
se alguém matar pela espada,
pela espada morrerá.
Aqui está a constância e a fé dos santos.
Terceiro sinal: a Besta terrestre - 11Vi ainda outra Besta que subia da terra; tinha dois chifres como um cordeiro, mas falava como um dragão. 12Tinha todo o poder da primeira Besta e exercia-o na sua presença. Obrigava todo o mundo e os seus habitantes a adorar a primeira Besta - a que tinha sido curada da ferida mortal. 13E realizava maravilhosos prodígios; até mesmo o de fazer descer fogo do céu, à vista dos homens. 14Com o poder que tinha de realizar prodígios na presença da Besta, enganava os habitantes da terra, incitando-os a fabricar uma estátua da Besta que fora ferida pela espada, mas tinha sobrevivido. 15Até lhe foi dado o poder de dar vida à estátua da Besta, a ponto de ela falar e dar a morte a quantos não adorassem a estátua da Besta. 16E a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, marcou-os com um sinal na mão direita ou na fronte. 17E assim, quem não tivesse o sinal, o nome da Besta ou o número do seu nome não podia comprar nem vender. 18Aqui é preciso sabedoria: o que é inteligente decifre o número da Besta, que é um número de homem; o seu número é seiscentos e sessenta e seis.

14 Quarto sinal: Os 144000 e o Cordeiro - 1Na visão apareceu o Cordeiro; estava sobre o Monte Sião e, com Ele, estavam cento e quarenta e quatro mil pessoas que tinham o seu nome e o nome de seu Pai escrito nas frontes. 2Ouvi também uma voz que vinha do céu que era como o fragor do mar ou como estrondo de forte trovão. A voz que eu ouvira era ainda semelhante à música de harpas tocadas por harpistas. 3E cantavam um cântico novo diante do trono, diante dos quatro seres viventes e diante dos anciãos.
Ninguém podia aprender aquele cântico a não ser os cento e quarenta e quatro mil que tinham sido resgatados da terra.
4Estes são os que não se perverteram com mulheres, porque são virgens; estes são os que seguem o Cordeiro para toda a parte. Foram resgatados, como primícias da humanidade, para Deus e para o Cordeiro. 5Na sua boca não se achou mentira: são irrepreensíveis.
Quinto sinal: os anúncios dos três anjos - 6Vi ainda outro anjo que voava no mais alto do céu. Era portador de uma Boa Nova de valor eterno para anunciar aos habitantes da terra: a todas as nações, tribos, línguas e povos. 7E clamava:
«Reverenciai a Deus e dai-lhe glória,
porque chegou a hora do seu julgamento.
Adorai o Criador do céu, da terra,
do mar e das nascentes das águas!»
8Um outro anjo, o segundo, seguiu o primeiro anjo, dizendo:
«Caiu, caiu a grande Babilónia,
a que deu a beber a todas as nações
o vinho do furor da sua prostituição.»
9Ainda um terceiro anjo seguiu os dois primeiros e clamava com voz forte:
«Se alguém adorar a Besta e a sua estátua
e receber na sua fronte ou na mão o sinal da Besta,
10esse também há-de beber do vinho do furor de Deus,
derramado sem mistura na taça da sua ira,
e será atormentado com fogo e enxofre,
diante dos santos anjos e diante do Cordeiro.
11O fumo do seu tormento subirá pelos séculos dos séculos,
pois, os que adoram a Besta e a sua estátua e levam a marca do seu nome
não terão descanso nem de dia nem de noite.
12Nisto é que se manifesta a constância dos santos,
isto é, dos que guardam os mandamentos de Deus
e a fidelidade a Jesus.»
Sexto sinal: três mensagens - 13Depois, ouvi uma voz que vinha do céu e me dizia:
«Escreve: Felizes os que de agora em diante
morrerem em união com o Senhor!
Assim é - diz o Espírito;
que descansem dos seus trabalhos,
pois as suas obras os acompanham.»
14Seguidamente, na visão, apareceu uma nuvem branca. Sobre a nuvem estava sentado alguém que se parecia com um homem. Tinha na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada. 15Depois saiu do santuário um outro anjo que gritava ao que estava sentado na nuvem:
«Lança a tua foice e ceifa,
porque chegou o tempo de ceifar.
Está madura a seara da terra.»
16Então, o que estava sentado na nuvem lançou a foice à terra e a terra foi ceifada. 17Depois saiu outro anjo do santuário celeste que também trazia uma foice afiada. 18E, do altar, saiu ainda outro anjo, o que tem poder sobre o fogo. E gritou ao anjo que tinha a foice afiada:
«Manda a tua foice afiada
e vindima os cachos da vinha da terra;
porque as uvas já estão maduras.»
19O anjo lançou a foice à terra, vindimou a vinha da terra e lançou as uvas no grande lagar da ira de Deus. 20O lagar das uvas foi pisado fora da cidade e do lagar saiu tanto sangue que chegava aos freios dos cavalos num raio de umas sessenta léguas.

15 Sétimo sinal: o mar de vidro e as sete pragas - 1Depois vi no céu outro sinal maravilhoso e surpreendente: sete anjos eram portadores dos sete últimos flagelos porque neles se cumpria a ira de Deus. 2Vi ainda uma espécie de mar de vidro misturado com fogo. Os que tinham vencido a Besta, a estátua da Besta e o número correspondente ao nome da Besta estavam junto do mar de vidro com as harpas que Deus lhes tinha dado. 3E cantavam o Cântico de Moisés, servo do Senhor, e o cântico do Cordeiro, aclamando:
«Grandes e admiráveis são as tuas obras,
Senhor Deus todo-poderoso!
Justos e verdadeiros são os teus caminhos,
ó Rei das nações!
4Senhor, quem não reverenciará o teu nome?
Quem não lhe dará glória?
Porque só Tu és santo!
Todas as nações virão prostrar-se diante de Ti,
pois as tuas justas sentenças foram promulgadas!»
5Depois disto, vi abrir-se no céu o santuário que abrigava a Tenda do Encontro. 6Do santuário saíram os sete anjos que eram portadores dos sete flagelos; estavam vestidos de linho puro, resplandecente, e cingidos de cintos de ouro à volta do peito. 7Então, um dos quatro seres viventes entregou aos sete anjos sete taças de ouro cheias da ira de Deus, que vive eternamente. 8O santuário encheu-se do fumo da glória de Deus e do seu poder; ninguém podia lá entrar, antes que se cumprissem os sete flagelos dos sete anjos.

16 As sete taças da ira divina - 1Ouvi também uma voz potente, que saía do santuário e dizia aos sete anjos: «Ide derramar sobre a terra as sete taças da ira de Deus.» 2Partiu o primeiro anjo e derramou a sua taça sobre a terra: uma úlcera cruel e maligna apareceu nos homens que tinham o sinal da Besta e que adoravam a sua estátua. 3Quando o segundo anjo derramou a sua taça sobre o mar, este converteu-se em sangue semelhante ao sangue de um morto e morreram todos os seres vivos do mar. 4Quando o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas nascentes das águas, eles transformaram-se em sangue. 5Então, ouvi o anjo das águas que dizia:
«Tu és justo, Tu que és, que eras, o Santo;
tens razão em dar esta sentença;
6porque eles derramaram o sangue dos santos e dos profetas,
também lhes deste a beber sangue.
É o que eles merecem!»
7Ouvi também uma voz que vinha do altar:
«Na verdade, Senhor Deus Todo-Poderoso,
as tuas sentenças são legítimas e justas.»
8Quando o quarto anjo derramou a sua taça sobre o Sol, este tornou-se tão ardente que queimava os homens no seu ardor. 9Os homens foram queimados num calor abrasador e blasfemaram do nome de Deus, que tem o poder de infligir estes castigos. E não se arrependeram nem deram razão a Deus. 10Quando o quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da Besta, o seu reino cobriu-se de trevas, os homens mordiam de dor as suas línguas 11e blasfemavam contra o Deus do céu por causa do sofrimento e das chagas. Mas não se arrependeram das suas más acções. 12Quando o sexto anjo lançou a sua taça sobre o grande rio Eufrates, as suas águas secaram, de modo a preparar o caminho aos reis que vêm do Oriente. 13Depois vi sair da boca do Dragão, da boca da Besta e da boca do falso Profeta três espíritos imundos em forma de rãs. 14Estes são espíritos demoníacos com poder de realizar prodígios. E dirigiram-se aos reis do mundo inteiro, a fim de os reunir para a batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso. 15Vêde bem! Virei como um ladrão: feliz daquele que estiver vigilante e vestido com as suas roupas; deste modo, não andará nu e ninguém verá a sua nudez. 16E reuniu-os no lugar que, em hebraico, se chama Harmaguedon. 17O sétimo anjo derramou a sua taça nos ares. E no santuário ressoou uma voz forte que saía do trono e dizia: «Está feito.» 18Houve, então, relâmpagos, estrondos, trovões e um terramoto tão violento como nunca tinha acontecido desde que há homens sobre a terra. 19A grande cidade dividiu-se em três partes e desmoronaram-se as cidades das nações. Deus recordou-se da grande Babilónia, a fim de lhe dar a taça do seu vinho, isto é, do furor da sua ira. 20Todas as ilhas se afundaram e as montanhas desapareceram. 21Grandes pedras de granizo, de três arrobas, caíram do céu sobre os homens. E eles blasfemaram contra Deus por causa do flagelo do granizo; pois os danos que causou foram terríveis.

17 Julgamento da grande Prostituta - 1Depois veio um dos sete anjos que tinha as sete taças e falou comigo assim: «Vem cá. Vou mostrar-te a sentença contra a grande prostituta que habita na orla dos mares. 2Com ela se prostituíram os reis da terra, e os habitantes do mundo embriagaram-se com o vinho da sua prostituição.» 3Depois, levou-me, em espírito, a um deserto. Vi lá uma mulher montada numa Besta cor de escarlate, coberta de nomes blasfemos e com sete cabeças e dez chifres. 4A mulher estava vestida de púrpura e escarlate, coberta de ouro, de pedras preciosas e de pérolas. Tinha na mão uma taça de ouro cheia das abominações e das imundícies da sua prostituição. 5Na sua fronte estava escrito um nome misterioso: «Babilónia, a grande, a mãe das prostitutas e das abominações da terra.» 6Vi ainda que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos e com o sangue dos mártires de Jesus.
Fiquei espantado, ao ver tão grande prodígio.
7Mas o anjo disse-me: «Porque estás espantado? Vou explicar-te o sentido misterioso da mulher e da Besta de sete cabeças e dez chifres, que a transporta: 8a Besta que viste era, mas já não é, vai subir do abismo, mas caminha para a perdição. E vão espantar-se os habitantes da terra, aqueles cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida, desde a fundação do mundo, ao verem que a Besta era, já não é, mas voltará de novo. 9Aqui é preciso inteligência e sabedoria: as sete cabeças são as sete colinas onde a mulher está sentada. Os sete reis: 10cinco caíram, um existe e o outro ainda não chegou; mas, quando chegar, durará pouco tempo. 11Quanto à Besta, que era e que já não é, ela mesma representa um oitavo rei. Mas faz parte dos sete e caminha para a perdição. 12Os dez chifres que vês são dez reis, os quais não receberam ainda o poder de reinar, mas receberão tal poder por um instante, juntamente com a Besta. 13Estes têm um intento comum: entregar à Besta a sua força e a sua autoridade. 14Lutam contra o Cordeiro, mas o Cordeiro vencê-los-á, porque é Senhor dos senhores e Rei dos reis. E, com Ele, estarão os chamados, os escolhidos, os fiéis.» 15Disse-me ainda: «As águas que vês - junto das quais reside a prostituta - são povos, multidões, nações e línguas. 16Os dez chifres que estás a ver e a Besta odiarão a prostituta, vão deixá-la desolada e nua, vão devorar a sua carne e destruí-la pelo fogo. 17Pois Deus colocou nos seus corações a vontade de executar o seu desígnio. Assim, vão agir de comum acordo e entregar a realeza à Besta até que se cumpram as palavras de Deus. 18E a mulher que vês é a grande cidade que reina sobre os reis da terra.»

18 Queda da Babilónia - 1Depois disto, vi outro anjo que descia do céu com grande autoridade. A terra foi iluminada pelo seu esplendor; 2e gritou com voz forte:
«Caiu, caiu Babilónia, a grande.
Tornou-se antro de demónios,
guarida de todos os espíritos imundos,
guarida de todas as aves imundas
guarida de todos os animais imundos e repelentes;
3porque, do vinho da sua luxúria,
se embriagaram todas as nações;
prostituíram-se com ela os reis da terra
e, com o seu luxo despudorado,
enriqueceram os comerciantes do mundo.»
4Ouvi, depois, uma outra voz que vinha do céu e dizia:
«Meu povo, sai desta cidade
para não seres cúmplice do seu crime
nem vítima dos seus castigos.
5Porque até ao céu se acumularam os seus pecados,
Deus recordou-se dos seus crimes.
6Pagai-lhe com a mesma moeda,
retribuí-lhe o dobro do que ela fez.
Da taça que ela deu a beber aos outros,
dai-lhe a beber o dobro.
7Na mesma medida em que ela gozou da glória e do luxo,
assim sejam o seu tormento e luto;
pois, no seu coração, dizia:
‘Estou sentada no trono como rainha,
não sou viúva e jamais conhecerei o luto!’
8Pr isso, num só dia cairão sobre ela os flagelos que merecia:
morte, luto, fome; e o fogo a destruirá.
Porque poderoso é o Senhor Deus, que a julga!
9Chorarão por ela e baterão no peito os reis da terra, os que tomaram parte na sua prostituição e na sua luxúria, quando virem o fumo do braseiro da cidade. 10Ficarão à distância, com medo do seu tormento, e dirão:
‘Ai da grande cidade!
Ai da Babilónia, a grande, a poderosa cidade!
Bastou um momento para o teu castigo!’
11Chorarão também por ela e se lamentarão os comerciantes da terra, porque ninguém mais comprará as suas mercadorias: 12«Os objectos de ouro, de prata,
de pedras preciosas e de pérolas;
de linho, de púrpura, de seda e de escarlate;
toda a espécie de madeiras de sândalo,
de objectos de marfim e de madeiras preciosas;
de bronze, de ferro, de mármore,
13canela, cravo, especiarias,
perfumes e incenso, vinho, azeite,
flor de farinha e trigo,
bois e ovelhas,
cavalos e carros,
escravos e prisioneiros.
14E os frutos, que tão ardentemente apetecias,
se afastaram de ti;
tudo o que é opulência e esplendor
se perdeu para ti.
E nunca mais se encontrarão em ti!»
15E os comerciantes, que ela tinha enriquecido com este comércio, ficarão à distância, com medo do tormento dela; chorando, batendo no peito, 16dirão:
«Ai da grande cidade!
Ai da que se vestia de linho,
de púrpura e de escarlate,
da que se revestia de ouro,
de pedras preciosas e de pérolas!
17Porque bastou um momento para devastar tão grande riqueza!»
E também todos os pilotos de barcos e quantos navegam de um lado para o outro, todos os marinheiros e quantos vivem do trabalho do mar, detiveram-se à distancia
18e, ao ver o fumo que subia da cidade, gritavam dizendo:
«Quem é semelhante à grande cidade?»
19E, deitando pó sobre as próprias cabeças, choravam em altos gritos e, batendo no peito, diziam:
«Ai, ai da grande cidade,
cuja opulência enriqueceu todos,
os que têm barcos nos mares!
Bastou um momento para ficar devastada!
20Ó céus, rejubilai pela sua ruína!
E vós também, os santos, os apóstolos e os profetas!
Porque, condenando-a, Deus fez-vos justiça.»
21Depois, um anjo poderoso levantou uma pedra do tamanho de uma mó de moinho e lançou-a ao mar, dizendo:
«Assim, com o mesmo ímpeto,
será lançada Babilónia, a grande cidade!
E nunca mais será encontrada.
22A melodia das cítaras e dos músicos,
das flautas e das trombetas
nunca mais se ouvirá dentro de ti.
Não mais se encontrará em ti
nenhum artista de qualquer arte que seja;
não mais se ouvirá em ti
o ruído da mó.
23A luz da lâmpada
nunca mais brilhará dentro de ti.
E as vozes do noivo e da noiva
nunca mais se ouvirão dentro de ti.
Porque os teus comerciantes eram os magnates da terra
e com os teus feitiços ludibriaste todas as nações.»
24Nela foi encontrado o sangue dos profetas e dos santos e de quantos foram mortos sobre a terra.

19 Cântico de triunfo no céu - 1Depois disto, ouvi no céu algo que parecia o alarido de uma multidão imensa que dizia:
«Aleluia!
A vitória, a glória e o poder
pertencem ao nosso Deus;
2porque Ele julga com verdade e com justiça,
porque Ele condenou a grande prostituta
- a que corrompia a terra com a sua devassidão e lhe pediu contas do sangue dos seus servos.»
3E diziam ainda:
«Aleluia!
O fumo do incêndio da cidade subirá
pelos séculos dos séculos!»
4Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes caíram por terra em adoração a Deus, que está sentado no trono. E diziam:
«Ámen! Aleluia!»
As núpcias do Cordeiro - 5E veio uma voz do trono, que dizia:
«Louvai o nosso Deus,
vós, todos os seus servos, que o reverenciais,
pequenos e grandes!»
6Ouvi ainda algo semelhante ao alarido de uma grande multidão ou ao rumor das águas do mar, ou ainda ao ribombar de grandes trovões. E dizia:
«Aleluia!
O Senhor nosso Deus,
o Todo-Poderoso,
começou o seu reinado!
7Alegremo-nos, rejubilemos,
dêmos-lhe glória;
porque chegou o momento das núpcias do Cordeiro;
a sua esposa já está ataviada.
8Ele ofereceu-lhe um vestido de linho resplandecente e puro.»
O linho representa as boas obras dos santos.
9Depois disse-me: «Escreve: Felizes os convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro!»
E acrescentou: «Estas são palavras verdadeiras, do próprio Deus.»
10E eu caí a seus pés, para o adorar. Mas ele repreendeu-me:
«Atenção! Isso não! Eu sou teu companheiro e dos teus irmãos, que são testemunhas de Jesus. Adora a Deus! Pois dar testemunho de Jesus equivale ao espírito profético.»
Vitória do Messias (1,14-16; 6,2) - 11Depois, vi o céu aberto e apareceu um cavalo branco. O Cavaleiro chama-se «Justo e Verdadeiro.» Ele julga e combate com justiça; 12os seus olhos eram como chamas de fogo; na sua cabeça havia muitas coroas e o seu nome - que leva escrito - ninguém o conhece, a não ser Ele próprio; 13estava vestido com um manto embebido em sangue e o seu nome é «Verbo de Deus.» 14Os exércitos celestes seguiam-no montados em cavalos brancos e vestidos de linho branco e puro. 15Da sua boca saía uma espada aguda para ferir as nações que Ele governará com ceptro de ferro. E pisará o lagar do vinho da ardente ira de Deus Todo-Poderoso. 16Leva também escrito no seu manto e no lado um título: «Rei dos reis e Senhor dos senhores.» 17Vi ainda, no Sol, um anjo que estava de pé. Gritou com voz potente a todas as aves que voavam no mais alto do céu:
«Vinde, juntai-vos
para o grande banquete de Deus,
18para comerdes as carnes dos reis,
as carnes dos generais,
as carnes dos poderosos,
as carnes dos cavalos,
as carnes dos cavaleiros,
as carnes de todos,
livres e escravos,
pequenos e grandes!»
19Vi então a Besta e os reis da terra e os seus exércitos que se tinham reunido para combater contra o Cavaleiro e contra o seu exército. 20A Besta foi capturada e, com ela, o falso Profeta, o que fazia maravilhas na sua presença e com as quais enganou os que levavam o sinal da Besta e os que adoravam a sua estátua. Os dois foram lançados vivos no lago de fogo e enxofre ardente. 21Os restantes foram mortos pela espada do Cavaleiro, pela espada que sai da sua boca. E todas as aves do céu se fartaram com as suas carnes.

20 Os mil anos - 1Vi, depois, um anjo que descia do céu. Trazia na mão a chave do Abismo e uma grande corrente. 2Agarrou o Dragão, a Serpente antiga, que também se chama Diabo ou Satanás: prendeu-o por mil anos 3e lançou-o no Abismo que depois fechou e selou, para que ele não mais enganasse as nações, até que se completassem mil anos. Depois deste período, o Diabo deve ser solto por algum tempo. 4Vi também alguns tronos; e aos que neles estavam sentados foi dado o poder de julgar. Vi ainda as almas dos que foram decapitados pelo testemunho de Jesus e pela Palavra de Deus, os quais não adoraram a Besta, nem a sua estátua, nem trouxeram na fronte ou na mão o sinal da Besta. Eles reviveram e reinaram com Cristo durante mil anos. 5O resto dos mortos não voltou à vida antes de se cumprirem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. 6Felizes e santos os que tomam parte na primeira ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem qualquer poder; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele durante mil anos. 7Quando se cumprirem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão 8e partirá para seduzir as nações dos quatro cantos do mundo, a Gog e Magog, a fim de os reunir para a batalha. O seu número será tão grande como a areia da praia. 9Eles subiram à planície da terra e cercaram o acampamento dos santos e a cidade predilecta. Mas um fogo que caiu do céu devorou-os. 10O Diabo, que os tinha enganado, foi precipitado no lago de fogo e de enxofre, onde também estão a Besta e o falso Profeta. Aí serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos.
Julgamento e vitória final (14,14-20) - 11Depois, vi um trono magnífico e branco e alguém sentado nele. Os céus e a terra fugiram da sua presença e desapareceram definitivamente. 12Vi também todos os mortos, grandes e pequenos. Estavam diante do trono; e foram abertos uns livros. Foi aberto também um outro livro, que é o livro da Vida. Os mortos foram julgados segundo aquilo que estava escrito nos livros, segundo as suas obras. 13O mar devolveu os mortos que nele havia, a Morte e o Abismo entregaram também os seus mortos, e cada um foi julgado segundo as suas obras. 14Então, a Morte e o Abismo foram lançados no lago de fogo. Este lago de fogo é a segunda morte. 15E todos os que não foram encontrados escritos no livro da Vida foram lançados no lago de fogo.

21 Os novos céus e a nova terra - 1Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. 2E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo. 3E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia:
«Esta é a morada de Deus entre os homens.
Ele habitará com eles;
eles serão o seu povo
e o próprio Deus estará com eles
e será o seu Deus.
4Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos;
e não haverá mais morte,
nem luto, nem pranto, nem dor.
Porque as primeiras coisas passaram.»
5O que estava sentado no trono afirmou: «Eu renovo todas as coisas.» E acrescentou: «Escreve, porque estas palavras são dignas de fé e verdadeiras.» 6E disse-me ainda:
«É verdade!
Eu sou o Alfa e o Ómega,
o Princípio e o Fim.
Ao que tiver sede,
Eu lhe darei a beber gratuitamente,
da nascente da água da vida.
7O que vencer receberá estas coisas como herança;
Eu serei o seu Deus e ele será meu filho;
8mas os covardes, os infiéis,
os depravados, os assassinos,
os impúdicos, os feiticeiros,
os idólatras e todos os mentirosos
terão como herança
o lago ardente de fogo e enxofre,
o qual é a segunda morte.»

A nova Jerusalém (Is 54,11-17; 60,10-18; Ez 40-48; Tb 13,17-18) - 9Depois, um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos sete últimos flagelos aproximou-se, dirigiu-se a mim e disse: «Vem cá. Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro.» 10E transportou-me, em espírito, a uma grande e alta montanha e mostrou-me a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus. 11Tinha o resplendor da glória de Deus: brilhava como pedra preciosa, como pedra de jaspe cristalino; 12tinha uma grande e alta muralha com doze portas; nas portas havia doze anjos e em cada uma estava gravado o nome de uma das doze tribos de Israel: 13ao oriente havia três portas, ao norte três portas, ao sul três portas e ao ocidente três portas. 14A muralha da cidade tinha doze alicerces, nos quais estavam gravados doze nomes, os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro. 15O que falava comigo tinha uma cana de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua muralha. 16A cidade formava um quadrado: o seu comprimento era igual à sua largura. Depois mediu a cidade com a cana: tinha quatrocentas e quarenta e quatro léguas. O seu comprimento, a sua largura e altura são iguais. 17Mediu depois a muralha: tinha cento e quarenta e quatro côvados de altura, segundo a medida humana, que era também a do anjo. 18As muralhas estavam construídas com jaspe e a cidade era de ouro puro, semelhante ao puro cristal. 19Os alicerces da muralha da cidade estavam incrustados com toda a espécie de pedras preciosas: o primeiro com jaspe, o segundo com safira, o terceiro com calcedónia, o quarto com esmeralda, 20o quinto com sardónica, o sexto com sárdio, o sétimo com crisólito, o oitavo com berilo, o nono com topázio, o décimo com crisópraso, o décimo primeiro com jacinto e o décimo segundo com ametista. 21As doze portas eram doze pérolas. Cada uma das portas era uma só pérola. E a praça da cidade era de ouro puro, semelhante ao vidro transparente. 22Templo, não vi nenhum na cidade; pois o senhor Deus, o Todo-Poderoso, e o Cordeiro são o seu templo. 23E a cidade tão-pouco necessita de Sol nem de Lua para a iluminar; pois a glória de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro. 24As nações caminharão à luz da cidade e os reis da terra hão-de trazer-lhe a sua glória; 25as suas portas não se fecharão de dia, pois nela não haverá noite. 26Vão trazer-lhe o esplendor e a riqueza das nações. 27Mas não entrará nela nada de impuro, nem os idólatras, nem os impostores. Só entrarão os que estiverem inscritos no livro da Vida, que está na posse do Cordeiro.

22 1Mostrou-me, depois, um rio de água viva, resplendente como cristal, que saía do trono de Deus e do Cordeiro. 2No meio da praça da cidade e nas margens do rio está a árvore da Vida que produz doze colheitas de frutos; em cada mês o seu fruto, e as folhas da árvore servem de medicamento para as nações. 3E ali nunca mais haverá nada maldito. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade e os seus servos hão-de adorá-lo 4e vê-lo face a face, e hão-de trazer gravado nas suas frontes o nome do Cordeiro. 5Não mais haverá noite, nem terão necessidade da luz da lâmpada, nem da luz do Sol, porque o Senhor Deus irradiará sobre eles a sua luz e serão reis pelos séculos dos séculos.

EPÍLOGO (22,6-21)
A vinda de Jesus - 6E disse-me: «Estas palavras são dignas de fé e verdadeiras: o Senhor Deus, que inspira os profetas, enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos o que brevemente vai acontecer. 7Eis que Eu venho em breve.
Feliz o que puser em prática as palavras da profecia deste livro.»
8Eu, João, é que ouvi e vi estas coisas; e, depois de ouvir e ver, caí aos pés do anjo que mas mostrava, para o adorar. 9Mas ele disse-me: «Guarda-te de fazer tal coisa! Eu sou teu companheiro, assim como dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. A Deus é que deves adorar!» 10E acrescentou: «Não escondas as palavras da profecia deste livro; pois o tempo está próximo. 11Que o injusto continue a cometer injustiças; que o impuro continue a cometer acções impuras; o que é honrado continue a ser honrado e o que é santo santifique-se ainda mais. 12Eis que Eu venho em breve e trarei a recompensa para retribuir a cada um conforme as suas obras. 13Eu sou o Alfa e o Ómega,
o Primeiro e o Último,
o Princípio e o Fim.
14Felizes os que lavam as suas vestes,
para terem direito à árvore da Vida
e poderem entrar nas portas da cidade.
15Fora os cães, os feiticeiros,
os luxuriosos, os assassinos,
os idólatras
e todos os que amam e praticam a fraude.
16Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos anunciar todas estas coisas acerca das igrejas:
Eu sou o descendente e a estirpe de David,
Eu sou a brilhante estrela da manhã.»
17O Espírito e a Esposa dizem: «Vem!»
Diga também o que escuta: «Vem!»
O que tem sede que se aproxime;
e o que deseja beba gratuitamente da água da vida.»

Conclusão - 18«E Eu declaro a todos os que escutam as palavras proféticas deste livro: Se alguém aumentar alguma coisa, Deus lhe aumentará os flagelos que estão descritos neste livro. 19E se alguém retirar palavras deste livro profético, Deus lhe retirará a parte que tem na árvore da Vida e na cidade santa, descritas neste livro. 20O que é testemunha destas coisas diz:
‘Sim. Virei brevemente.’»
- Ámen! Vem, Senhor Jesus!
21A graça do Senhor Jesus esteja com todos vós.

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