sexta-feira, 4 de setembro de 2009

CARTA AOS COLOSSENSES

Colossos era uma pequena cidade da Ásia Menor situada junto de Hierápoles, entre Éfeso e Laodiceia. Parece que nunca foi visitada por Paulo. O fundador desta igreja foi Epafras (4,12), discípulo de Paulo. A ela pertenciam Filémon, destinatário de uma Carta-bilhete a propósito do escravo Onésimo (Flm), e Arquipo (4,17).O problema dos anjos, a que se alude na introdução da Carta aos Efésios, também era aqui muito vivo. Esta Carta segundo parece, cronologicamente anterior à dos Efésios dá uma primeira resposta paulina a esse problema. As qualidades, os poderes e as funções que os judeo-gnósticos atribuíam aos anjos, atribui-os Paulo ao Cristo-Cósmico, que tem a primazia em toda a criação e é Filho de Deus por natureza.

DESTINATÁRIO A Carta foi dirigida aos cristãos de Colossos durante o primeiro cativeiro de Paulo (4,3.10.18), na última parte do seu ministério (61 a 63). A comunidade de Colossos tinha saído do paganismo e não era conhecida pessoalmente pelo Apóstolo, embora fosse fundada por um discípulo seu. A novidade do vocabulário e dos temas desta Carta manifestam a sua originalidade em relação às outras Cartas paulinas, o que se pode explicar pela novidade do meio ambiente da comunidade de Colossos, ou por a Carta não ter sido escrita directamente por Paulo.
DIVISÃO E CONTEÚDO O conteúdo da Carta é o seguinte:Introdução: 1,1-23;I. O Evangelho de Paulo: 1,24-2,5;II. Fidelidade ao Evangelho: 2,6-23;III. Viver segundo o Evangelho: 3,1-4,6;Conclusão: 4,7-18.

TEOLOGIA Os cristãos de Colossos viam-se tentados a seguir as crenças esotéricas, um misto de elementos pagãos, judaicos e cristãos. Estas crenças atribuíam muita importância às forças cósmicas, ao poder dos anjos e de outros seres que se entrepunham entre Deus e os seres humanos e influenciavam o destino de cada pessoa. Tais doutrinas e o recurso a práticas supersticiosas (2,16-23), preconizadas por mestres “heréticos”, levaram Paulo a proclamar Jesus Cristo como único e universal mediador entre Deus e o mundo criado. Nele se celebrou a vitória sobre esses poderes, à qual os cristãos se associam pelo baptismo (2,6-15), que é fundamento da liberdade cristã face a toda a sujeição (2,16-3,4).A fé em Cristo morto e ressuscitado é o único caminho que conduz à sabedoria e à liberdade. Os cristãos, despojados do homem velho e revestidos de Cristo, pelo baptismo, nasceram para novas relações humanas baseadas na fraternidade (3,5-15).

INTRODUÇÃO (1,1-23)
1 Apresentação do Apóstolo - 1Paulo, Apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, 2aos irmãos em Cristo, santos e fiéis, que vivem em Colossos: a vós graça e paz da parte de Deus, nosso Pai.

Acção de graças - 3Damos graças a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, nas orações que continuamente fazemos por vós, 4desde que ouvimos falar da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos, 5por causa da esperança que vos está reservada nos Céus.Dela ouvistes falar outrora pela palavra da verdade, o Evangelho 6que chegou até vós. Como em todo o mundo, também entre vós ele tem produzido frutos e progredido, desde o dia em que o recebestes e, em verdade, tomastes conhecimento da graça de Deus. 7Assim o aprendestes de Epafras, servo como nós, ele que é um fiel servidor de Cristo ao vosso serviço 8e que nos informou do vosso amor no Espírito.

Prece - 9Por isso, também nós, desde o dia em que ouvimos falar disso, não cessamos de orar por vós e de pedir a Deus que vos encha do conhecimento da sua vontade, com toda a sabedoria e inteligência espiritual, 10a fim de caminhardes de modo digno do Senhor, para seu total agrado: dai frutos em toda a espécie de boas obras e progredi no conhecimento de Deus; 11deixai-vos fortalecer plenamente pelo poder da sua glória, para chegardes a uma constância e paciência total com alegria; 12dai graças ao Pai, que vos tornou capazes de tomar parte na herança dos santos na luz. 13Foi Ele que nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o Reino do seu amado Filho, 14no qual temos a redenção, o perdão dos pecados.

Cristo, mediador da criação e da redenção 15É Ele a imagem do Deus invisível,o primogénito de toda a criatura; 16porque foi nele que todas as coisas foram criadas,no céu e na terra,as visíveis e as invisíveis,os Tronos e as Dominações,os Poderes e as Autoridades,todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. 17Ele é anterior a todas as coisase todas elas subsistem nele. 18É Ele a cabeça do Corpo,que é a Igreja.É Ele o princípio,o primogénito de entre os mortos,para ser Ele o primeiro em tudo; 19porque foi nele que aprouve a Deusfazer habitar toda a plenitude 20e, por Ele e para Ele, reconciliar todas as coisas,pacificando pelo sangue da sua cruz,tanto as que estão na terracomo as que estão no céu.

O Evangelho na vida - 21Também a vós, que outrora andáveis afastados e éreis inimigos, com sentimentos expressos em acções perversas, 22agora Cristo reconciliou-vos no seu corpo carnal, pela sua morte, para vos apresentar santos, imaculados e irrepreensíveis diante dele, 23desde que permaneçais sólidos e firmes na fé, sem vos deixardes afastar da esperança do Evangelho que ouvistes; ele foi anunciado a toda a criatura que há debaixo do céu e foi dele que eu, Paulo, me tornei servidor.

I. O EVANGELHO DE PAULO
Cristo entre nós - 24Agora, alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja. 25Foi dela que eu me tornei servidor, segundo a missão que Deus me confiou para vosso benefício: levar à plena realização a Palavra de Deus, 26o mistério escondido ao longo das gerações e que agora Deus manifestou aos seus santos. 27Deus quis dar-lhes a conhecer a imensa riqueza da glória deste mistério entre os gentios: Cristo entre vós, a esperança da glória! 28É a Ele que anunciamos, admoestando e ensinando todos e cada homem com toda a sabedoria, para apresentar a Deus todos os homens na sua perfeição em Cristo. 29É para isso mesmo que eu trabalho, lutando com a força que Ele me dá e que actua poderosamente em mim.

2 A nossa adesão a Cristo - 1Com efeito, quero que saibais como é grande a luta que mantenho por vós, bem como pelos de Laodiceia e por quantos nunca me viram pessoalmente, 2para que tenham ânimo nos seus corações, vivendo bem unidos no amor, e assim atinjam toda a riqueza, que é a plena compreensão, o conhecimento do mistério de Deus: Cristo, 3em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. 4Digo isto para que ninguém vos engane com discursos sedutores. 5Com efeito, ainda que eu esteja ausente de corpo, estou, porém, convosco em espírito, alegrando-me por ver a ordem que há entre vós e a firmeza da vossa fé em Cristo.

II. FIDELIDADE AO EVANGELHO (2,6-23)
A vida em Cristo - 6Do mesmo modo que recebestes Cristo Jesus, o Senhor, continuai a caminhar nele: 7enraizados e edificados nele, firmes na fé, tal como fostes instruídos, transbordando em acção de graças. 8Olhai que não haja ninguém a enredar-vos com a filosofia, o que é vazio e enganador, fundado na tradição humana ou nos elementos do mundo, e não em Cristo. 9Porque é nele que habita realmente toda a plenitude da divindade, 10e nele vós estais repletos de tudo, Ele que é a cabeça de todo o Poder e Autoridade. 11Foi nele que fostes circuncidados com uma circuncisão que não é feita por mão humana: fostes despojados do corpo carnal, pela circuncisão de Cristo. 12Sepultados com Ele no Baptismo, foi também com Ele que fostes ressuscitados, pela fé que tendes no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. 13A vós, que estáveis mortos pelas vossas faltas e pela incircuncisão da vossa carne, Deus deu-vos a vida juntamente com Ele: perdoou-nos todas as nossas faltas, 14anulou o documento que, com os seus decretos, era contra nós; aboliu-o inteiramente, e cravou-o na cruz. 15Depois de ter despojado os Poderes e as Autoridades, expô-los publicamente em espectáculo, e celebrou o triunfo que na cruz obtivera sobre eles.

Erros que ameaçam a fé - 16Por isso, não vos deixeis condenar por ninguém, no que toca à comida e à bebida, ou a respeito de uma festa, de uma Lua-nova ou de um sábado. 17Tudo isto não é mais que uma sombra das coisas que hão-de vir; a realidade está em Cristo. 18Não vos deixeis inferiorizar por quem quer que seja que se deleite com práticas de humildade ou culto dos anjos. É gente que, dando toda a atenção às suas visões, em vão se gloria com a sua inteligência carnal 19e não se apoia naquele que é a Cabeça; é a partir dele que todo o Corpo, abastecido e mantido pelas junturas e articulações, recebe o seu crescimento de Deus. 20Se morrestes com Cristo para os elementos do mundo, porque é que vos submeteis a normas, como se estivésseis ainda dependentes do mundo? 21Não tomes, não proves, não toques 22em coisas, todas elas destinadas a ser consumidas; coisas de acordo com os preceitos e ensinamentos dos homens! 23São normas que, embora tenham uma aparência de sabedoria - a respeito do culto voluntário, da humildade, da austeridade corporal - não têm qualquer valor; só servem para satisfazer a carne.

III. VIVER SEGUNDO O EVANGELHO (3,1-4,6)
3 Cristo é a nossa vida - 1Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. 2Aspirai às coisas do alto e não às coisas da terra. 3Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. 4Quando Cristo, a vossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória.
Novas criaturas - 5Crucificai os vossos membros no que toca à prática de coisas da terra: fornicação, impureza, paixão, mau desejo e a ganância, que é uma idolatria. 6Estas coisas provocam a ira de Deus sobre os que lhe resistem. 7Entre eles também vós caminhastes outrora, quando vivíeis nessas coisas. 8Mas agora rejeitai também vós tudo isso: ira, raiva, maldade, injúria, palavras grosseiras saídas da vossa boca. 9Não mintais uns aos outros, já que vos despistes do homem velho, com as suas acções, 10e vos revestistes do homem novo, aquele que, para chegar ao conhecimento, não cessa de ser renovado à imagem do seu Criador. 11Aí não há grego nem judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo, que é tudo e está em todos. 12Como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos, pois, de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência, 13suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se alguém tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, fazei-o vós também. 14E, acima de tudo isto, revesti-vos do amor, que é o laço da perfeição. 15Reine nos vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados num só corpo. E sede agradecidos. 16A palavra de Cristo habite em vós com toda a sua riqueza: ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria; cantai a Deus, nos vossos corações, o vosso reconhecimento, com salmos, hinos e cânticos inspirados. 17E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando graças por Ele a Deus Pai.
Novas relações no Senhor - 18Esposas, sede submissas aos maridos, como convém no Senhor. 19Maridos, amai as esposas e não vos exaspereis contra elas. 20Filhos, obedecei em tudo aos pais, porque isso é agradável no Senhor. 21Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo. 22Escravos, obedecei em tudo aos senhores terrenos, não para dar nas vistas, como se procurásseis agradar aos homens, mas com simplicidade de coração, no temor do Senhor. 23No que fizerdes, trabalhai de todo o coração, como quem o faz para o Senhor e não para os homens, 24sabendo que é do Senhor que recebereis a herança como recompensa. O Senhor, a quem servis, é Cristo. 25É que, quem cometer uma injustiça receberá em paga a injustiça que cometeu, e não há acepção de pessoas.
4 1Senhores, dai aos escravos o que for justo e equitativo, sabendo que também vós tendes um Senhor no Céu.

Oração e testemunho cristão - 2Perseverai na oração e mantende-vos, por ela, em vigilante acção de graças. 3Ao mesmo tempo, orai também por nós, para que Deus abra uma porta à nossa pregação, a fim de que eu anuncie o mistério de Cristo - é por ele que estou preso - 4para que o dê a conhecer, falando como devo. 5Procedei com sabedoria para com os que estão de fora, aproveitando as ocasiões. 6Que a vossa palavra seja sempre amável, temperada de sal, para que saibais responder a cada um como deveis.

CONCLUSÃO (4,7-18)
Os enviados do Apóstolo - 7De tudo o que me diz respeito informar-vos-á Tíquico, o irmão querido, servidor fiel e meu companheiro no serviço do Senhor. 8Foi para isso mesmo que eu vo-lo enviei: para que saibais o que se passa connosco e consolar os vossos corações. 9Vai juntamente com Onésimo, o irmão fiel e querido, que é um dos vossos. Eles informar-vos-ão de tudo o que aqui se passa.

Saudações - 10Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, bem como Marcos, primo de Barnabé. Recebestes instruções a respeito dele; se for ter convosco, recebei-o bem. 11Também Jesus, chamado Justo, vos saúda. São os únicos judeus circuncisos que colaboram comigo no reino de Deus; têm sido uma consolação para mim. 12Saúda-vos Epafras, que é um dos vossos, um servo de Cristo Jesus, que continuamente luta por vós nas suas orações, para que vos mantenhais no aperfeiçoamento e no pleno cumprimento da vontade de Deus. 13Com efeito, dele posso testemunhar que trabalha muito por vós, assim como pelos que estão em Laodiceia e em Hierápoles. 14Saúda-vos Lucas, o caríssimo médico, bem como Demas. 15Saudai os irmãos de Laodiceia, assim como Ninfa e a igreja que se reúne em casa dela. 16E quando esta carta tiver sido lida entre vós, fazei com que seja lida também na igreja de Laodiceia.Lede também a que receberdes da igreja de Laodiceia. 17E dizei a Arquipo: «Presta atenção ao serviço que recebeste do Senhor, a fim de o realizares bem.» 18A saudação é da minha mão, Paulo. Lembrai-vos das minhas cadeias. A graça esteja convosco

Sem comentários:

Enviar um comentário