sexta-feira, 4 de setembro de 2009

CARTA A FILÉMON

Pelo tema e pelo tom afectuoso, esta é certamente uma Carta autêntica de Paulo (v.19). Filémon era um cristão de elevada posição social, convertido por Paulo, e tinha como escravo um outro cristão, Onésimo. Este, tendo fugido ao seu senhor, refugiou-se junto de Paulo (v.10), que o refere em Cl 4,9 como «irmão fiel e querido». Este facto era motivo de graves penas civis, tanto para o escravo como para quem o acolhia.Paulo, prescindindo da questão legal, envia-o ao seu senhor com o presente “bilhete” e pede a Filémon que acolha de novo, não como escravo, mas «como irmão querido» (v.16), um irmão na fé. Mais: como se fosse o próprio Paulo (v.17).

LUGAR Pelo que é dito no v.1, a Carta terá sido escrita num dos cativeiros de Paulo (Roma, Éfeso ou Cesareia), nos últimos anos da sua vida (ver v.9-10.13.18). Os companheiros referidos aqui (v.23-24) são os mencionados em Cl 4,7-17.

DIVISÃO E CONTEÚDO Esta tem a estrutura normal das Cartas de Paulo:Apresentação e saudação: v.1-3;Acção de graças: v.4-7;Corpo da Carta: v.8-22;Saudação final: v.23-25.
TEOLOGIA Como noutras ocasiões em que trata a questão da escravatura, Paulo não se preocupa em mudar a estrutura social em vigor (1 Cor 7,20-24; Ef 6,5-9; Cl 3,22-4,1). O que ele faz é prescindir disso e deslocar o problema para a questão do amor fraterno, mais profunda que a questão legal em vigor, pois, em Cristo, «não há escravo nem livre» (Gl 3,28).Daí em diante, Filémon deve tratar o (antigo) escravo Onésimo como irmão, porque Paulo está disposto a recompensá-lo monetariamente, isto é, a resgatar Onésimo.Com isto, Paulo, embora não se oponha frontalmente à escravatura, tão-pouco a aprova; e afirma que o amor fraterno, centro do Evangelho de Cristo, é que levará à eliminação da escravatura.

1 Apresentação e saudação - 1Paulo, prisioneiro por causa de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, a Filémon, nosso querido colaborador, 2à irmã Ápia, a Arquipo, nosso companheiro de luta, e à igreja que se reúne em tua casa: 3a vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo!

Acção de graças - 4Dou graças ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações, 5por ouvir falar do teu amor e da tua fé: fé no Senhor Jesus e amor para com todos os santos. 6Que a tua comunhão de fé se torne eficaz, no reconhecimento de tudo aquilo que entre nós é considerado bom em relação a Cristo. 7De facto, foi grande a alegria e a consolação que tive com o teu amor, porque os corações dos santos foram reconfortados por meio de ti, irmão.
Pedido a respeito de Onésimo - 8Por isso, embora tenha toda a autoridade em Cristo para te impor o que mais convém, 9levado pelo amor, prefiro pedir como aquele que sou: Paulo, um ancião e, agora, até prisioneiro por causa de Cristo Jesus. 10Peço-te pelo meu filho, que gerei na prisão: Onésimo, 11que outrora te era inútil, mas agora é, para ti e para mim, bem útil. 12É ele que eu te envio: ele, isto é, o meu próprio coração. 13Eu bem desejava mantê-lo junto de mim, para, em vez de ti, se colocar ao meu serviço nas prisões que sofro por causa do evangelho. 14Porém, nada quero fazer sem o teu consentimento, para que o bem que fazes não seja por obrigação, mas de livre vontade. 15É que, afinal, talvez tenha sido por isto que ele foi afastado por breve tempo: para que o recebas para sempre, 16não já como escravo, mas muito mais do que um escravo: como irmão querido; isto especialmente para mim, quanto mais para ti, que com ele estás relacionado tanto humanamente como no Senhor. 17Se, pois, me consideras em comunhão contigo, recebe-o como a mim próprio. 18E se ele te causou algum prejuízo ou alguma coisa te deve, põe isso na minha conta. 19Sou eu, Paulo, que o escrevo pela minha própria mão: serei eu a pagar. Isto, para não te dizer que me deves a tua própria pessoa. 20Sim, irmão, possa eu sentir-me satisfeito contigo no Senhor: reconforta o meu coração em Cristo. 21Escrevo-te porque confio na tua obediência: sei que até farás mais do que aquilo que digo. 22Mas, ao mesmo tempo, prepara também alojamento para mim, pois espero, graças às vossas orações, poder brevemente ser entregue a vós.

Saudações e bênção - 23Saúdam-te Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, 24assim como Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores. 25A graça do Senhor Jesus Cristo esteja convosco.

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