sexta-feira, 4 de setembro de 2009

SEGUNDA CARTA AOS TESSALONICENSES

A autenticidade da Segunda Carta aos Tessalonicenses é problemática. Por um lado, registam-se numerosas semelhanças literárias entre 1 Ts e 2 Ts; há versículos que quase se repetem: 1,2-3 e 1,3; 2,12 e 1,5; 3,13 e 1,7; 3,11-13 e 2,16-17; 2,9 e 3,8; 5,23 e 3,16; 5,28 e 3,18. Por outro lado, o tom da 2 Ts é menos apaixonado, mais solene e, sobre a vinda do Senhor (2,1-12), a perspectiva parece oposta: em 1 Ts seria considerada iminente, enquanto a 2 Ts se concentra nos sinais que devem precedê-la. Como estes ainda não aconteceram, o Dia do Senhor não estaria próximo. Estas diferenças, consideradas fundamentais por alguns, são por outros explicadas como complementares. Tratar-se-ia de dois aspectos coexistentes e não opostos na apocalíptica judaica.

ÉPOCA E AUTOR Para os defensores da sua autenticidade paulina, a 2 Ts teria sido escrita pouco tempo depois da 1 Ts e propor-se-ia corrigir interpretações erradas que a 1 Ts teria suscitado na comunidade. Para os que a consideram não autêntica, 2 Ts seria bem posterior (anos 70) e teria um autor desconhecido, o qual, servindo-se da 1 Ts, procuraria afrontar e corrigir o clima de euforia e de psicose apocalíptica, provocado talvez pela guerra judaico-romana de 66-70.A questão da autenticidade não retira, porém, importância a este escrito, que é uma advertência à Igreja de todos os tempos contra a tentação de aguardar o futuro sem se empenhar em construí-lo no presente.

DIVISÃO E CONTEÚDO A Carta tem as partes seguintes:Saudação inicial: 1,1-2;I. Deus, conforto na tribulação: 1,3-12;II. A vinda do Senhor: 2,1-3,5;III. Vida desordenada e inactiva: 3,6-15;Saudação final: 3,16-18.
1 Endereço e saudação - 1Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica. 2Graça e paz a vós da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.

I. DEUS, CONFORTO NA TRIBULAÇÃO (1,3-12)
O justo juízo de Deus - 3Devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos, como é justo, pois que a vossa fé cresce extraordinariamente e a caridade recíproca superabunda em cada um e em todos vós, 4a ponto de nós próprios nos gloriarmos de vós nas igrejas de Deus, pela vossa constância e fé em todas as perseguições e tribulações que suportais. 5Elas são o indício do justo juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus pelo qual padeceis. 6Com efeito, é justo da parte de Deus retribuir com tribulações àqueles que vos atribulam 7e a vós, os atribulados, retribuir com o repouso, juntamente connosco, aquando da manifestação do Senhor Jesus que virá do Céu com os anjos do seu poder, 8em fogo ardente, e fará justiça aos que não conhecem a Deus e não obedecem ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus. 9O seu castigo será a ruína eterna, longe da face do Senhor e da glória da sua força, 10quando, naquele dia, vier para ser glorificado nos seus santos e admirado em todos aqueles que acreditaram; ora o nosso testemunho foi por vós considerado digno de fé. 11Eis por que oramos continuamente por vós: para que o nosso Deus vos torne dignos da vocação e, com o seu poder, a vossa vontade de bem e a actividade da vossa fé atinjam a plenitude, 12de modo que seja glorificado em vós o nome de Nosso Senhor Jesus e vós nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.

II. A VINDA DO SENHOR (2,1-3,5)
2 Vinda do Senhor e seus sinais (Mt 24; Mc 13; Lc 21) - 1Acerca da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e da nossa reunião junto dele, pedimo-vos, irmãos, 2que não percais tão depressa a presença de espírito, nem vos aterrorizeis com uma revelação profética, uma palavra ou uma carta atribuída a nós, como se o Dia do Senhor estivesse iminente. 3Ninguém, de modo algum, vos engane.Com efeito, antes deve vir a apostasia e manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição, 4o adversário, aquele que se ergue contra tudo o que se chama Deus ou é objecto de culto, até a ponto de ele próprio se sentar no templo de Deus e de se ostentar a si mesmo como Deus. 5Não vos lembrais de que, quando ainda estava convosco, vos dizia estas coisas? 6E agora sabeis o que o detém para que se manifeste no momento que lhe toca. 7Com efeito, o mistério da iniquidade já está em acção; basta que seja afastado aquele que agora o detém. 8Então é que se manifestará o iníquo que o Senhor destruirá com o sopro da sua boca e aniquilará com o fulgor da sua vinda. 9A vinda do iníquo dá-se por obra de Satanás, com toda a espécie de milagres, sinais e prodígios enganadores, 10com todo o tipo de seduções de injustiça para os que se perdem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. 11Por isso, Deus manda-lhes uma força que leva ao erro para que acreditem na mentira, 12e sejam condenados todos os que não acreditaram na verdade mas sentiram prazer na injustiça. 13Nós, porém, devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, pois Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação na santificação do Espírito e na fé da verdade. 14A isto Ele vos chamou por meio do nosso Evangelho: à posse da glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Encorajamento - 15Portanto, irmãos, estai firmes e conservai as tradições nas quais fostes instruídos por nós, por palavra ou por carta. 16O próprio Senhor Nosso Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, uma consolação eterna e uma boa esperança, 17consolem os vossos corações e os confirmem em toda a obra e palavra boa.
3 1Quanto ao resto, irmãos, orai por nós para que a palavra do Senhor avance e seja glorificada como o é entre vós, 2e para que sejamos libertados dos homens perversos e malvados, pois nem todos têm fé. 3Mas fiel é o Senhor que vos confirmará e vos protegerá do mal. 4A respeito de vós, temos confiança no Senhor em que já fazeis e continuareis a fazer o que vos ordenamos. 5O Senhor dirija os vossos corações para o amor de Deus e para a constância de Cristo.

III. VIDA DESORDENADA E INACTICA (3,6-15)
Contra a ociosidade - 6Ordenamo-vos, irmãos, no nome do Senhor Jesus Cristo, que vos afasteis de todo o irmão que leva uma vida desordenada e oposta à tradição que de nós recebestes. 7Com efeito, vós próprios sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos desordenadamente entre vós, 8nem comemos o pão de graça à custa de alguém, mas com esforço e canseira, trabalhámos noite e dia, para não sermos um peso para nenhum de vós. 9Não é que não tivéssemos esse direito, mas foi para nos apresentarmos a nós mesmos como modelo, para que nos imitásseis. 10Na verdade, quando ainda estávamos convosco, era isto que vos ordenávamos: se alguém não quer trabalhar também não coma. 11Ora constou-nos que alguns vivem no meio de vós desordenadamente, não se ocupando de nada mas vagueando preocupados. 12A estes tais ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo a que ganhem o pão que comem, com um trabalho tranquilo. 13Da vossa parte, irmãos, não vos canseis de fazer o bem. 14Se alguém não obedecer à nossa palavra comunicada nesta Carta, a esse assinalai-o, não tenhais contacto com ele para que se envergonhe. 15Não o considereis, todavia, como um inimigo mas repreendei-o como a um irmão.

Saudação final - 16O Senhor da paz, Ele próprio, vos dê a paz, sempre e em todos os lugares. O Senhor esteja com todos vós. 17A saudação é do meu punho, de Paulo. É este o sinal em todas as Cartas. É assim que eu escrevo. 18A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vós.

Sem comentários:

Enviar um comentário