quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ÊXODO

O Êxodo é o segundo livro da Bíblia e do Pentateuco. Na Bíblia Hebraica recebe o título de Shemôt, isto é, “Nomes”, de acordo com o hábito judaico de intitular os livros a partir das suas palavras iniciais: “Weelleh shemôt” (= «E estes os nomes dos filhos de Israel que vieram para o Egipto»: 1,1). O título de Êxodo provém da versão grega dos Setenta, que procura dar a cada livro um título de acordo com o seu conteúdo. Neste caso, privilegia os 15 primeiros capítulos, pois é aí que propriamente se descreve o “Êxodo”, isto é, a “saída” dos israelitas do Egipto.Este léxico tem a ver prevalentemente com os grupos recalcitrantes que Moisés “fez sair” do Egipto pela “estrada do deserto”; mas, dada a importância determinante de Moisés, dos seus grupos e das suas experiências para a constituição de Israel e a formação da Bíblia, o seu léxico torna-se património comum, podendo expressar também as “libertações” de outros grupos da “opressão” do domínio egípcio.

CONTEÚDO E DIVISÃO Pode dividir-se o seu conteúdo do seguinte modo:I.“Opressão” e “Libertação” dos filhos de Israel no Egipto. Este é o tema fundamental de 1,1-15,21. Nesta secção merecem especial relevo as peripécias no Egipto (1,1-7,8), como um povo que nasce no sofrimento. Seguem-se as pragas (7,8-12,32), como meio violento de libertação.II.Caminhada pelo deserto (15,22-18,27) do povo, agora livre do Egipto.III.Aliança do Sinai (19,1-24,18). Esta aliança é o encontro criacional ou fundacional de Javé com os “israelitas”, em que o Senhor se dá a si mesmo ao homem e restitui cada homem a si mesmo, e em que o homem aceita a dádiva pessoal de Deus e se aceita a si mesmo como dom de Deus com tudo o mais que lhe é dado: a natureza, a razão, a Lei, a História, o mundo. Por sua vez, a dádiva e a sua aceitação também reclamam dádiva mútua e, portanto, responsabilidade. O pecado surge como possibilidade da liberdade humana; mas Deus pode sempre recomeçar tudo de novo. IV.Código sacerdotal, com especial relevo para a construção do santuário (25,1-31,18). A execução do mesmo vai ser revelada em 35,1-40,33, com a correspondente organização do culto. Esta narrativa está encerrada numa inclusão significativa: 40,34-38 descreve a descida do Senhor sobre o santuário com as mesmas características (nuvem, glória, fogo) com que 24,12-15 a descreveu a descida do Senhor sobre o Sinai, mostrando, assim, que o santuário assumiu o papel do Sinai como lugar da manifestação de Deus. É a presença da ideologia sacerdotal (conhecida por fonte P), que projecta retrospectivamente no Sinai a imagem do segundo templo, do seu sacerdócio e do seu culto em suma, o ideal da comunidade judaica pós-exílica (ver VI).V.Renovação da Aliança do Sinai, relatada em 32,1-34,35.VI.Código sacerdotal (35,1-40,38): execução das obras relativas ao santuário (ver IV).O texto normativo do livro do Êxodo é sobretudo um entrançado de peças narrativas e legislativas. Nestas últimas, destacam-se o “Decálogo” propriamente dito (20,1-17) e os chamados “Código da aliança” (20,22-23,19) e “Decálogo ritual” (34,12-26). São a Lei dada por Deus, mas formulada pelo homem a partir da razão e da experiência.

AUTOR A antiga tradição judaica, tal como a antiga tradição cristã, atribuíam a Moisés a autoria de todo o Pentateuco e, por isso, também do livro do Êxodo. Este modo de pensar está hoje claramente ultrapassado. Contudo, talvez hoje se avalie também, com mais clareza do que nunca, a eventual acção determinante de Moisés na constituição de Israel e do corpo bíblico do Pentateuco e do Êxodo.

GÉNERO LITERÁRIO O tecido literário deste livro resulta em parte da acostagem horizontal de temáticas por via redaccional (“teoria fragmentária”), mas fundamentalmente da complexidade dinâmica da vida de múltiplos grupos cujas experiências no terreno vão sendo recolhidas e integradas em contextos ideológicos mais amplos. É ainda a questão da “teoria documentária”, embora redimensionada, nas suas componentes Javista (J), Eloista (E), Deuteronómico-Deuteronomista (D-Dtr) e Sacerdotal (P); das múltiplas “fichas” que recolhem e da ideologia e intenção das redacções; sem esquecer, também, a redacção final.

LEITURA CRISTÃ E TEOLOGIA O acontecimento do Êxodo relata a libertação de Israel do Egipto pelo Senhor, que faz com esse povo uma Aliança. Tal acontecimento fundador foi objecto de várias releituras, já dentro da própria Bíblia, pois toda a teologia e espiritualidade do povo de Israel ficou profundamente marcada por ela. Assim, o Segundo e Terceiro Isaías vêem a libertação de Judá do domínio da Babilónia como um novo Êxodo.Os primeiros discípulos de Jesus e as primeiras comunidades cristãs, que eram de origem judaica, viram na doutrina de Jesus um “êxodo” novo e definitivo (Lc 4,16-21); e, na sua pessoa, o verdadeiro libertador, à vista do qual o próprio Moisés era simples figura, e a Lei do Sinai mero pedagogo para conduzir o povo até ao verdadeiro Mestre, que é Cristo (Gl 3,24). O Novo Testamento apresenta Moisés como muito inferior a Jesus, que veio trazer a nova Lei (Mt 5,17-48). A Carta aos Hebreus chega mesmo a dizer que Moisés já considerava os opróbrios por Cristo superiores aos tesouros do Egipto, seguindo em frente com firmeza, «como se contemplasse o Invisível» (Heb 11,27).

I. OPRESSÃO E LIBERTAÇÃO (1,1-15,21)

1 Os Filhos de Israel no Egipto (Gn 46,1-27; Act 7,14-17) - 1Estes são os nomes dos filhos de Israel, e as respectivas famílias, que foram com Jacob para o Egipto: 2Rúben, Simeão, Levi, Judá, 3Issacar, Zabulão, Benjamim, 4Dan, Neftali, Gad e Aser. 5Os descendentes de Jacob perfaziam um total de setenta pessoas. José encontrava-se já no Egipto. 6Depois, José morreu, bem como todos os seus irmãos e toda aquela geração. 7Os filhos de Israel foram fecundos e multiplicaram-se; tornaram-se tão numerosos e poderosos que encheram o país.
Opressão dos filhos de Israel (Sl 105,25; Act 7,18-19) - 8Subiu então ao trono do Egipto um novo rei que não conhecera José. 9E ele disse ao seu povo: «Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e poderoso do que nós. 10Temos de proceder astuciosamente contra ele, a fim de impedirmos que se desenvolva ainda mais. Em caso de guerra, juntar-se-ia também aos nossos inimigos, lutaria contra nós, e sairia deste país.» 11Impuseram-lhe então chefes de trabalhos forçados para o oprimirem com carregamentos. E construiu para o faraó as cidades-armazém de Pitom e Ramessés. 12Todavia, quanto mais o oprimiam, mais ele se multiplicava e aumentava; e os egípcios estavam preocupados com os filhos de Israel, 13e reduziram-nos a uma dura servidão. 14Tornaram-lhes a vida amarga com uma pesada servidão: barro, tijolos, toda a espécie de trabalhos no campo, tudo uma dura servidão. 15O rei do Egipto disse às parteiras dos hebreus, das quais uma se chamava Chifra e outra Pua: 16«Quando assistirdes aos partos das mulheres dos hebreus, reparai na criança: se for um menino, matai-o; se for uma menina, deixai-a viver.» 17Mas as parteiras temeram a Deus: não fizeram como lhes tinha falado o rei do Egipto, e deixaram viver os meninos. 18Então, o rei do Egipto chamou-as e disse-lhes: «Porque fizestes dessa maneira e deixastes viver os meninos?» 19As parteiras disseram ao faraó: «As mulheres dos hebreus não são como as egípcias; elas são fortes: antes de chegar a parteira, já elas deram à luz.» 20Deus retribuiu o bem às parteiras, e o povo multiplicou-se e tornou-se muito poderoso. 21Como as parteiras temeram a Deus, e Ele lhes concedeu uma descendência, 22o faraó ordenou a todo o seu povo: «Atirai ao rio os meninos recém-nascidos; as meninas, porém, deixai-as viver todas.»

2 Nascimento de Moisés (6,20; Act 7,20-21; Heb 11,23) - 1Um homem da casa de Levi tomou por esposa uma filha de Levi. 2A mulher concebeu e deu à luz um filho. Viu que era belo, e escondeu-o durante três meses. 3Não podendo mantê-lo escondido por mais tempo, arranjou-lhe uma cesta de papiro, calafetou-a com betume e pez, colocou nela o menino, e foi pô-la nos juncos da margem do rio. 4A irmã dele colocou-se a uma certa distância para saber o que lhe sucederia. 5Ora a filha do faraó desceu ao rio para tomar banho, enquanto as suas jovens acompanhantes caminhavam ao longo do rio. Viu a cesta no meio dos juncos e enviou a sua serva para a trazer. 6Abriu-a e viu a criança: era um menino que chorava. Compadeceu-se dele e disse: «Este é um dos filhos dos hebreus.» 7Então a irmã dele disse à filha do faraó: «Queres que te vá chamar uma ama entre as mulheres dos hebreus, para te amamentar o menino?» 8«Vai», disse-lhe a filha do faraó. E a jovem foi chamar a mãe do menino. 9A filha do faraó disse-lhe: «Leva este menino e amamenta-mo, e dar-te-ei o teu salário.» A mulher levou o menino e amamentou-o. 10O menino cresceu, e ela devolveu-o à filha do faraó. Foi para ela como um filho, e deu-lhe o nome de Moisés, dizendo: «Porque o tirei das águas.»

Fuga de Moisés para Madian (Act 7,23-29; Heb 11,24-27) - 11Entretanto, Moisés cresceu, foi ao encontro dos seus irmãos e viu os seus carregamentos. Viu também um egípcio que açoitava um dos seus irmãos hebreus. 12Olhando para todos os lados e vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio e enterrou-o na areia. 13Saiu outra vez no dia seguinte e viu dois hebreus a brigar. Disse ao culpado: «Porque bates no teu companheiro?» 14Ao que ele replicou: «Quem te estabeleceu como chefe e juiz sobre nós? Acaso pensas matar-me como mataste o egípcio?» Moisés teve medo e disse para consigo: «Com certeza que o assunto já é conhecido.» 15O faraó ouviu falar deste assunto e procurou matar Moisés. Mas Moisés fugiu da presença do faraó, foi residir na terra de Madian e sentou-se junto do poço. 16O sacerdote de Madian tinha sete filhas, que vieram tirar água e encher os bebedouros, para dar de beber ao rebanho do seu pai. 17Mas chegaram os pastores e expulsaram-nas. Levantou-se então Moisés, defendeu-as e deu de beber ao rebanho. 18Elas voltaram para Reuel, seu pai, que lhes disse: «Porque regressastes tão cedo hoje?» 19Elas disseram: «Um egípcio libertou-nos da mão dos pastores, e até tirou água para nós e deu de beber ao rebanho.» 20Ele disse às suas filhas: «Onde está ele? Porque abandonastes esse homem? Chamai-o! Que venha comer!» 21Moisés decidiu residir com aquele homem, que deu a Moisés a sua filha Séfora. 22Ela deu à luz um filho, e ele deu-lhe o nome de Gérson, porque disse: «Sou um estrangeiro residente numa terra alheia.» 23E aconteceu que, decorrido muito tempo, morreu o rei do Egipto. Os filhos de Israel gemiam na servidão, e ergueram até Deus o seu grito de socorro na sua servidão. 24Deus ouviu os seus gemidos e recordou-se da sua aliança com Abraão, Isaac e Jacob. 25Deus viu os filhos de Israel e reconheceu-os.

3 Vocação e missão de Moisés (6,2-13) - 1Moisés estava a apascentar o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madian. Conduziu o rebanho para além do deserto, e chegou à montanha de Deus, ao Horeb. 2O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama de fogo, no meio da sarça. Ele olhou e viu, e eis que a sarça ardia no fogo mas não era devorada. 3Moisés disse: «Vou adentrar-me para ver esta grande visão: por que razão não se consome a sarça?» 4O Senhor viu que ele se adentrava para ver; e Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés! Moisés!» Ele disse: «Eis-me aqui!» 5Ele disse: «Não te aproximes daqui; tira as tuas sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa.» 6E continuou: «Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob.» Moisés escondeu o seu rosto, porque tinha medo de olhar para Deus. 7O Senhor disse: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egipto, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspectores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. 8Desci a fim de o libertar da mão dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel, terra do cananeu, do hitita, do amorreu, do perizeu, do heveu e do jebuseu. 9E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e vi também a tirania que os egípcios exercem sobre eles. 10E agora, vai; Eu te envio ao faraó, e faz sair do Egipto o meu povo, os filhos de Israel.» 11Moisés disse a Deus: «Quem sou eu para ir ter com o faraó e fazer sair os filhos de Israel do Egipto?» 12Ele disse: «Eu estarei contigo. Este é para ti o sinal de que Eu te enviei: quando tiveres feito sair o povo do Egipto, servireis a Deus sobre esta montanha.» 13Moisés disse a Deus: «Eis que eu vou ter com os filhos de Israel e lhes digo: ‘O Deus dos vossos pais enviou-me a vós’. Eles dir-me-ão: ‘Qual é o nome dele?’ Que lhes direi eu?» 14Deus disse a Moisés:«Eu sou aquele que sou.» Ele disse: «Assim dirás aos filhos de Israel: ‘Eu sou’ enviou-me a vós!» 15Deus disse ainda a Moisés: «Assim dirás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, Deus dos vossos pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob, enviou-me a vós: este é o meu nome para sempre, o meu memorial de geração em geração’. 16Vai, reúne os anciãos de Israel e diz-lhes: ‘O Senhor, Deus dos vossos pais, Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, apareceu-me e disse: Observei-vos com atenção e vi o que vos tem sido feito no Egipto, 17e Eu disse para comigo: Far-vos-ei subir da opressão do Egipto para a terra do cananeu, do hitita, do amorreu, do perizeu, do heveu, do jebuseu, para a terra que mana leite e mel’. 18Eles escutarão a tua voz, e tu irás, tu e os anciãos de Israel, à presença do rei do Egipto, e dir-lhe-eis: ‘O Senhor, Deus dos hebreus, saiu ao nosso encontro; e agora permite-nos fazer uma peregrinação de três dias pelo deserto, para oferecermos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus.’ 19Eu bem sei que o rei do Egipto não vos deixará partir senão obrigado por mão forte. 20Estenderei então a minha mão e ferirei o Egipto com todas as maravilhas que farei no meio dele.Depois disso, deixar-vos-á partir. 21E Eu farei este povo encontrar benevolência aos olhos dos egípcios; e assim, quando partirdes, não ireis de mãos vazias. 22Cada mulher pedirá à sua vizinha e àquela que habita na mesma casa, objectos de prata, objectos de ouro e mantos, que poreis sobre os vossos filhos e sobre as vossas filhas. E assim despojareis os egípcios.»

4 1Moisés respondeu dizendo: «E se eles não acreditarem em mim e não ouvirem a minha voz e disserem: ‘O Senhor não te apareceu!’» 2O Senhor disse-lhe: «O que é isso que tens na mão?» Ele respondeu: «Uma vara.» 3«Atira-a ao chão», disse Ele. Atirou-a ao chão, e ela transformou-se numa cobra, e Moisés fugiu dela. 4O Senhor disse a Moisés: «Estende a tua mão e agarra-a pela cauda.» Ele estendeu a sua mão e segurou-acom força, e ela transformou-se em vara na palma da sua mão. 5«É para que eles acreditem que te apareceu o Senhor, o Deus dos seus pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob.» 6Disse-lhe ainda o Senhor: «Mete a tua mão no teu seio.» Ele meteu a sua mão no seu seio e tirou-a fora, e eis que a sua mão estava coberta de lepra como neve. 7E o Senhor disse: «Volta a meter a tua mão no teu seio.» Meteu outra vez a mão no seu seio e tirou-a sã, e eis que se tornou como a sua carne. 8«Se suceder que eles não acreditem em ti e não ouçam a voz do primeiro sinal, acreditarão no segundo sinal. 9E se suceder que não acreditem nestes dois sinais nem escutem a tua voz, tomarás da água do rio e derramá-la-ás sobre a terra seca; e a água que tiveres tirado do rio transformar-se-á em sangue sobre a terra seca.» 10Moisés disse ao Senhor: «Mas Senhor, eu não sou um homem dotado para falar; e isto não é de ontem nem de anteontem nem desde que começaste a falar com o teu servo; na verdade, tenho a boca e a língua pesadas.» 11O Senhor disse-lhe: «Quem deu ao homem uma boca? Quem torna alguém mudo ou surdo? Quem faz ver bem ou ser cego? Não sou Eu, o Senhor? 12E agora, vai, que Eu estarei com a tua boca e te ensinarei o que deverás dizer.» 13Ele disse: «Eu te peço, Senhor, envia a mensagem pela mão de outro que queiras enviar.» 14Acendeu-se então a ira do Senhor contra Moisés, e disse: «Não existe, porventura, Aarão, teu irmão, o levita? Eu sei que ele fala fluentemente. E ei-lo que sai ao teu encontro! Logo que te vir, alegrar-se-á no seu coração. 15Falar-lhe-ás e porás as palavras na boca dele. E Eu estarei com a tua boca e com a boca dele, e ensinar-vos-ei o que deveis fazer. 16Ele falará por ti ao povo: ele será para ti a boca, e tu serás deus para ele. 17E esta vara, leva-a na tua mão! É com ela que farás os sinais.

Moisés regressa ao Egipto - 18Moisés partiu dali, e voltou para Jetro, seu sogro, e disse-lhe: «Vou ter de partir e voltar para os meus irmãos que estão no Egipto, para ver se estão ainda vivos.» Jetro disse a Moisés: «Vai em paz!» 19O Senhor disse a Moisés em Madian: «Vai, volta ao Egipto, pois estão mortos todos os homens que atentavam contra a tua vida.» 20Moisés tomou consigo a sua mulher e os seus filhos, fê-los montar no jumento, e voltou à terra do Egipto. E Moisés pegou na vara de Deus com a sua mão. 21O Senhor disse a Moisés: «No teu caminho de regresso ao Egipto, vê todos os prodígios que Eu pus na tua mão: fá-los-ás diante do faraó, e Eu endurecerei o seu coração, e ele não deixará o povo partir. 22E dirás ao faraó: ‘Assim fala o Senhor: O meu filho primogénito é Israel. 23Eu digo-te: Deixa partir o meu filho para que me sirva, e tu recusas deixá-lo partir! Pois então Eu matarei o teu filho primogénito.’» 24E aconteceu que, no caminho, num acampamento, o Senhor veio ao encontro dele e tentou matá-lo. 25Séfora pegou numa pedra e cortou o prepúcio do seu filho, tocou os pés de Moisés com ele, e disse: «Tu és para mim um esposo de sangue.» 26E Ele deixou-o. Daí ela dizer «esposo de sangue», a propósito da circuncisão. 27O Senhor disse a Aarão: «Vai ao encontro de Moisés no deserto.» Ele partiu e encontrou-o na montanha de Deus, e beijou-o. 28E Moisés relatou a Aarão todas as palavras com que o Senhor o tinha enviado e todos os sinais que lhe tinha ordenado fazer. 29Moisés e Aarão partiram e reuniram todos os anciãos dos filhos de Israel. 30E Aarão comunicou todas as palavras que o Senhor tinha dito a Moisés, e fez os sinais diante do povo. 31E o povo acreditou. Eles compreenderam que o Senhor tinha visitado os filhos de Israel e tinha visto a sua opressão. E inclinaram-se e prostraram-se.

5 Moisés e Aarão na presença do faraó (7,15-18; 8,16-19; 9,1-4; 10,3-6) - 1Depois disto, Moisés e Aarão foram dizer ao faraó: «Assim disse o Senhor, Deus de Israel: ‘Deixa partir o meu povo, para que eles celebrem para mim uma festa no deserto.’» 2O faraó disse: «Quem é o Senhor, para que eu escute a sua voz e deixe partir Israel? Não conheço o Senhor, e não deixarei partir Israel.» 3Eles disseram: «O Deus dos hebreus saiu ao nosso encontro; permite que vamos a três dias de caminho no deserto para oferecermos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus, para que não nos ataque com a peste ou a espada.» 4Disse-lhes o rei do Egipto: «Moisés e Aarão, porque sublevais o povo, afastando-o dos seus afazeres? Ide para os vossos carregamentos.» 5O faraó disse ainda: «Eis que agora o povo da terra é numeroso, e vós quereis fazê-los descansar dos seus carregamentos!» 6Naquele dia, o faraó ordenou aos inspectores do povo e aos escribas, dizendo: 7«Não continuareis a fornecer palha ao povo para fabricar os tijolos como ontem e anteontem. Que vão eles mesmos recolher a palha necessária. 8Mas a quantidade de tijolos que faziam ontem e anteontem, imponde-a sobre eles sem lhes diminuir nada, porque são preguiçosos. É por isso que clamam, dizendo: ‘Vamos oferecer sacrifícios ao nosso Deus’. 9Que se torne pesada a servidão sobre esses homens, para que se ocupem nela, e não dêem ouvidos a palavras mentirosas.» 10Os inspectores do povo e os seus escribas saíram e disseram ao povo: «Assim disse o faraó: ‘Eu não vos darei mais palha’. 11Ide vós mesmos buscar palha onde a encontrardes, pois não haverá nenhuma redução do vosso trabalho.» 12Então o povo dispersou-se por toda a terra do Egipto para recolher restolho para servir de palha. 13Os inspectores constrangiam-nos, dizendo: «Completai o vosso trabalho de cada dia, como quando havia palha.» 14E foram açoitados os escribas dos filhos de Israel, aqueles que os inspectores do faraó tinham posto sobre eles, dizendo: «Porque não concluístes ontem e hoje a vossa conta de tijolos, como fazíeis antes?» 15Os escribas dos filhos de Israel foram queixar-se junto do faraó, dizendo: «Porque procedes assim com os teus servos? 16Palha, não a dão aos teus servos; mas tijolos, dizem-nos: ‘Fazei-os’. E eis que os teus servos são açoitados. Isto é um pecado contra o teu povo.» 17Ele disse: «Sois mesmo muito preguiçosos! E é por isso que dizeis: ‘Vamos oferecer sacrifícios ao Senhor’. 18E agora, ide e trabalhai! Palha não vos será dada, mas vós tereis de dar o mesmo número de tijolos.» 19Os escribas dos filhos de Israel viram-se em má situação, ao dizer-lhes: «Não reduzireis nada do número dos vossos tijolos, conforme o estipulado para cada dia.» 20Ao saírem da presença do faraó, encontraram Moisés e Aarão diante deles, 21e disseram-lhes: «Que o Senhor vos examine e vos julgue, pois tornastes repugnante o nosso odor aos olhos do faraó e aos olhos dos seus servos, colocando na mão deles uma espada para nos matarem.» 22Então Moisés voltou-se para o Senhor, e disse: «Senhor, porque maltrataste este povo? Porque me enviaste? 23Desde que vim ter com o faraó para falar em teu nome, ele maltratou este povo, e Tu não libertaste de modo nenhum o teu povo.»

6 1O Senhor disse a Moisés: «Agora verás o que Eu vou fazer ao faraó, pois é obrigado por mão forte que os deixará partir, e é coagido por mão forte que os expulsará da sua terra.»
Novo relato da vocação e missão de Moisés (3,1-20) - 2Deus falou a Moisés, dizendo-lhe: «Eu sou o Senhor. 3Apareci a Abraão, a Isaac e a Jacob como Deus supremo, mas pelo meu nome ‘Senhor’, Eu não fui conhecido por eles. 4Também estabeleci a minha aliança com eles, para lhes dar a terra de Canaã, a terra das suas peregrinações, onde residiram como estrangeiros. 5E também fui Eu que ouvi o gemido dos filhos de Israel, que os egípcios reduziram à servidão, e recordei-me da minha aliança. 6Por isso, diz aos filhos de Israel: ‘Eu sou o Senhor, e far-vos-ei sair do peso dos carregamentos do Egipto, hei-de libertar-vos da sua servidão e resgatar-vos com braço estendido e com grande autoridade. 7Tomar-vos-ei para mim como povo e Eu serei para vós Deus, e reconhecereis que Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos fez sair do peso dos carregamentos do Egipto. 8E far-vos-ei entrar na terra pela qual levantei a minha mão para a dar a Abraão, a Isaac e a Jacob, e vo-la darei em posse: Eu sou o Senhor.’» 9Moisés falou assim aos filhos de Israel, mas eles não o escutaram por causa da angústia e da pesada servidão. 10O Senhor falou a Moisés, dizendo: 11«Vai falar ao faraó, rei do Egipto, para que deixe partir os filhos de Israel da sua terra.» 12Mas Moisés falou ao Senhor, dizendo: «Eis que os filhos de Israel não me escutaram. Como vai então escutar-me o faraó, a mim que sou incircunciso de lábios?» 13O Senhor falou a Moisés e a Aarão, e deu-lhes as suas ordens para os filhos de Israel e para o faraó, rei do Egipto, para fazer sair os filhos de Israel da terra do Egipto.

Genealogia de Moisés e Aarão - 14São estes os chefes das suas famílias. Filhos de Rúben, primogénito de Israel: Henoc, Palú, Hesron e Carmi. São estes os clãs de Rúben. 15Filhos de Simeão: Jemuel, Jamin, Oad, Jaquin, Soar e Saul, o filho da cananeia; são estes os clãs de Simeão. 16E estes são os nomes dos filhos de Levi, segundo as suas gerações: Gérson, Queat e Merari. Os anos da vida de Levi foram cento e trinta e sete. 17Filhos de Gérson: Libni e Chimei, segundo os seus clãs. 18Filhos de Queat: Ameram, Jiçar, Hebron e Uziel. Os anos da vida de Queat foram cento e trinta e três. 19Filhos de Merari: Maali e Muchi. São estes os clãs de Levi, segundo as suas gerações. 20Ameram tomou por esposa Jocbed, sua tia, que lhe deu Aarão e Moisés. Os anos da vida de Ameram foram cento e trinta e sete. 21Filhos de Jiçar: Coré, Néfeg e Zicri. 22Filhos de Uziel: Michael, Elisafan e Sitri. 23Aarão tomou por esposa Elicheba, filha de Aminadab, irmã de Nachon, que lhe deu Nadab, Abiú, Eleázar e Itamar. 24Filhos de Coré: Assir, Elcana e Abiasaf. São estes os clãs dos coreítas. 25Eleázar, filho de Aarão, tomou por esposa uma das filhas de Putiel, que lhe deu Fineias. São estes os chefes das famílias dos levitas, segundo os seus clãs. 26Foi a este Aarão e a Moisés que o Senhor disse: «Fazei sair os filhos de Israel da terra do Egipto, segundo os seus exércitos.» 27Foram eles, isto é, Moisés e Aarão, que falaram ao faraó, rei do Egipto, para fazer sair os filhos de Israel do Egipto.

Continuação do relato da vocação e missão de Moisés (3,1-20; 6,2-13) - 28No dia em que o Senhor falou a Moisés na terra do Egipto, 29falou-lhe, dizendo: «Eu sou o Senhor. Diz ao faraó, rei do Egipto, tudo o que Eu te digo a ti.» 30Mas Moisés disse ao Senhor: «Eis que eu sou incircunciso de lábios. Como me escutará o faraó?»

7 1O Senhor disse a Moisés: «Vê, Eu faço de ti um deus para o faraó, e Aarão, teu irmão, será o teu profeta. 2Tu dirás tudo o que Eu te ordenar, e Aarão, teu irmão, falará ao faraó para que deixe partir os filhos de Israel da sua terra. 3Mas Eu tornarei obstinado o coração do faraó e multiplicarei os meus sinais e os meus prodígios na terra do Egipto. 4Contudo, o faraó não vos escutará, e Eu porei a minha mão sobre o Egipto e farei sair os meus exércitos, o meu povo, os filhos de Israel, da terra do Egipto com grandes castigos. 5E os egípcios reconhecerão que Eu sou o Senhor, quando Eu estender a minha mão contra o Egipto, e fizer sair os filhos de Israel do meio deles.» 6Moisés e Aarão fizeram exactamente como lhes tinha ordenado o Senhor. 7Moisés tinha oitenta anos e Aarão tinha oitenta e três quando falaram ao faraó.

As Pragas do Egipto: 7,8-12-36 (Dt 6,20-23)
8O Senhor disse a Moisés e a Aarão: 9«Se o faraó vos falar, dizendo: ‘Fazei um prodígio em vosso favor’, tu dirás a Aarão: ‘Pega na tua vara e lança-a diante do faraó, e ela transformar-se-á num dragão.» 10Moisés e Aarão foram ter com o faraó e fizeram como o Senhor tinha ordenado. Aarão lançou a sua vara diante do faraó e diante dos seus servos, e ela transformou-se em dragão. 11Mas o faraó chamou também os sábios e os encantadores, e também eles, os magos do Egipto, fizeram a mesma coisa com os seus sortilégios. 12Eles lançaram cada um a sua vara, e se transformaram em dragões; mas a vara de Aarão devorou as varas deles. 13No entanto, o coração do faraó endureceu-se, e não escutou Moisés e Aarão, como o Senhor tinha dito.
I. A água transformada em sangue (4,9; Sl 78,44; 105,29; Sb 11,6-8; Ap 16,3-6) - 14O Senhor disse a Moisés: «O coração do faraó tornou-se pesado; ele recusou deixar partir o povo. 15Vai ter com o faraó, de manhã, quando ele sair para a água. Espera-o na margem do rio, e levarás na mão a vara que se transformou em cobra. 16Dir-lhe-ás: ‘O Senhor, Deus dos hebreus, enviou-me ao teu encontro, dizendo: Deixa partir o meu povo, para que me sirva no deserto. E eis que até agora não escutaste. 17Assim diz o Senhor: Nisto reconhecerás que Eu sou o Senhor: eis que, com a vara que tenho na mão, ferirei as águas que estão no rio, e elas transformar-se-ão em sangue. 18Os peixes que estão no rio morrerão, o rio cheirará mal e os egípcios não poderão beber a água do rio.’» 19O Senhor disse a Moisés: «Diz a Aarão: ‘Toma a tua vara e estende a tua mão sobre as águas do Egipto, sobre os seus rios, sobre os seus canais, sobre os seus lagos e sobre todos os seus depósitos de água - e que elas se transformem em sangue. Haverá sangue em toda a terra do Egipto, tanto nos recipientes de madeira como nos de pedra.’» 20Assim fizeram Moisés e Aarão, como o Senhor tinha ordenado. Ele levantou a vara e bateu nas águas do rio, aos olhos do faraó e aos olhos dos seus servos, e todas as águas que estavam no rio se transformaram em sangue. 21Os peixes que estavam no rio morreram; o rio ficou a cheirar mal e os egípcios não puderam beber a água do rio. E houve sangue em toda a terra do Egipto. 22Mas os magos do Egipto fizeram a mesma coisa com as suas artes secretas.Mas o coração do faraó endureceu-se, e não os escutou, como o Senhor tinha falado. 23O faraó virou as costas e entrou em sua casa, e não voltou a pensar naquilo. 24Todos os egípcios se puseram a cavar nas proximidades do rio para beber água, pois não podiam beber as águas do rio. 25Passaram-se sete dias desde que o Senhor ferira o rio.

II. As rãs (Sl 78,45; 105,30; Sb 19,10; Ap 16,13) - 26O Senhor disse a Moisés: «Vai ter com o faraó e diz-lhe: ‘Assim disse o Senhor: Deixa partir o meu povo para que me sirva. 27Se te recusares a deixá-lo partir, eis que Eu vou flagelar todo o teu território com rãs. 28O rio fervilhará de rãs; elas subirão e entrarão na tua casa, no teu quarto de dormir e para cima da tua cama, na casa dos teus servos e do teu povo, nos teus fornos e nos teus amassadoiros. 29Contra ti, contra o teu povo e contra todos os teus servos subirão as rãs.’»

8 1O Senhor disse a Moisés: «Diz a Aarão: ‘Estende a tua mão e a tua vara sobre os rios, sobre os canais e sobre os lagos, e faz subir as rãs sobre a terra do Egipto.’» 2Aarão estendeu a sua mão sobre as águas do Egipto, e as rãs subiram e cobriram a terra do Egipto. 3Mas os magos fizeram a mesma coisa com as suas artes secretas: fizeram subir as rãs sobre a terra do Egipto. 4O faraó chamou Moisés e Aarão e disse: «Rezai ao Senhor para que afaste as rãs de mim e do meu povo, e então eu deixarei partir o povo para que ofereça sacrifícios ao Senhor.» 5Moisés disse ao faraó: «Que sejas glorificado em mim! Quando devo ir rezar por ti, pelos teus servos e pelo teu povo, para retirar as rãs de ti e das tuas casas, e que fiquem somente no rio»? 6Ele disse: «Amanhã.» Moisés disse: «Que seja como falaste, para que conheças que não há ninguém como o Senhor, nosso Deus. 7As rãs afastar-se-ão de ti, das tuas casas, dos teus servos e do teu povo; ficarão somente no rio.» 8Saiu Moisés e também Aarão; saíram da presença do faraó, e Moisés clamou ao Senhor acerca das rãs que Ele tinha enviado contra o faraó. 9O Senhor fez o que Moisés pediu, e as rãs morreram, desaparecendo das casas, dos pátios e dos campos. 10Juntaram-nas aos montões, e a terra ficou a cheirar mal. 11Mas o faraó viu que havia algum alívio, tornou pesado o seu coração, e não os escutou, como o Senhor tinha dito.

III. Os mosquitos (Sl 105,31; Sb 19,10) - 12O Senhor disse a Moisés: «Diz a Aarão: ‘Estende a tua vara e bate no pó da terra, e haverá mosquitos em toda a terra do Egipto.’» 13Eles assim fizeram. Aarão estendeu a sua mão e a sua vara e bateu no pó da terra, e houve mosquitos sobre os homens e sobre os animais. Todo o pó da terra se transformou em mosquitos em toda a terra do Egipto. 14Os magos tentaram fazer a mesma coisa com as suas artes secretas para produzirem os mosquitos, mas não conseguiram. Havia mosquitos sobre os homens e sobre os animais. 15E os magos disseram ao faraó: «É o dedo de Deus.» Mas o coração do faraó endureceu-se, e não os escutou, como o Senhor tinha dito.

IV. As moscas (Sl 78,45; 105,31) - 16O Senhor disse a Moisés: «Levanta-te de manhã cedo e põe-te diante do faraó, quando ele sair para a água, e diz-lhe: ‘Assim diz o Senhor: Deixa partir o meu povo para que me sirva. 17Pois se tu não deixares partir o meu povo, eis que Eu enviarei moscas contra ti, contra os teus servos, contra o teu povo e contra as tuas casas. E as moscas encherão as casas dos egípcios, e até o solo sobre o qual eles estiverem. 18Separarei naquele dia a terra de Góchen, onde se encontra o meu povo; lá não haverá moscas, para que tu conheças que Eu sou o Senhor no meio da terra. 19Porei uma separação entre o meu povo e o teu povo. Amanhã acontecerá este sinal.’» 20O Senhor assim fez. As moscas entraram em grande quantidade na casa do faraó, na casa dos seus servos e em toda a terra do Egipto, que foi devastada pela invasão das moscas. 21O faraó chamou Moisés e Aarão e disse: «Ide, oferecei sacrifícios ao vosso Deus nesta terra.» 22Moisés disse: «Não convém proceder assim, pois é uma abominação para os egípcios que ofereçamos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus. Se oferecermos em sacrifício o que é abominável aos olhos dos egípcios, não nos apedrejarão? 23É a três dias de caminho no deserto que iremos para oferecermos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus, como Ele nos dirá.» 24O faraó disse: «Eu vos deixarei partir, e vós oferecereis sacrifícios ao Senhor, vosso Deus, no deserto; simplesmente não deveis afastar-vos para muito longe. Rezai por mim.» 25Moisés disse: «Eis que vou sair da tua presença e vou rezar ao Senhor. Amanhã as moscas hão-de afastar-se do faraó, dos seus servos e do seu povo. Simplesmente, que o faraó não continue a zombar de nós, não deixando partir o povo para oferecer sacrifícios ao Senhor.» 26Moisés saiu de junto do faraó e rezou ao Senhor. 27O Senhor fez conforme a palavra de Moisés. As moscas afastaram-se do faraó, dos seus servos e do seu povo, e não ficou nenhuma. 28Mas o faraó tornou pesado o seu coração ainda desta vez, e não deixou partir o povo.
9 V. A morte dos animais - 1O Senhor disse a Moisés: «Entra em contacto com o faraó e fala-lhe: ‘Assim diz o Senhor, Deus dos hebreus: deixa partir o meu povo para que me sirva. 2Se tu recusares deixá-lo partir, e se o retiveres por mais tempo, 3eis que a mão do Senhor estará sobre o teu gado que está nos campos, sobre os cavalos, sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre os bois e sobre as ovelhas, e haverá uma peste muito pesada. 4O Senhor porá uma separação entre o gado de Israel e o gado do Egipto. E não morrerá nada do que pertence aos filhos de Israel.’» 5E o Senhor fixou o tempo, dizendo: «Amanhã, o Senhor fará isso na terra.» 6E o Senhor fez isso no dia seguinte: morreu o gado todo dos egípcios, mas do gado dos filhos de Israel nem sequer uma cabeça morreu. 7O faraó mandou ver o que se passava: eis que do gado de Israel nem sequer uma cabeça tinha morrido! Mas o coração do faraó tornou-se pesado, e ele não deixou partir o povo.

VI. As úlceras (Ap 16,2-11) - 8O Senhor disse a Moisés e a Aarão: «Apanhai uma mão-cheia de cinza de forno e Moisés lançá-la-á para os céus, diante do faraó. 9Ela tornar-se-á em pó fino sobre toda a terra do Egipto, e haverá nos homens e nos animais úlceras com erupções de pústulas por toda a terra do Egipto.» 10Tomaram então cinza de forno e colocaram-se de pé diante do faraó. Então Moisés lançou-a para os céus e houve úlceras pustulentas com erupções nos homens e nos animais. 11Os magos não puderam manter-se de pé diante de Moisés por causa das úlceras, porque havia úlceras nos magos e em todos os egípcios. 12Mas o Senhor endureceu o coração do faraó, e ele não os escutou, como o Senhor tinha dito a Moisés.
VII. O granizo e o fogo (Sl 78,47-49; 105,32; Ap 8,7; 16,21) - 13O Senhor disse a Moisés: «Levanta-te de manhã cedo, apresenta-te diante do faraó e diz-lhe: ‘Assim diz o Senhor, Deus dos hebreus: Deixa partir o meu povo para que me sirva. 14Porque desta vez Eu vou enviar todas as minhas pragas contra o teu coração, contra os teus servos e o teu povo, para que conheças que não há ninguém como Eu em toda a terra. 15Se agora tivesse enviado a minha mão contra ti e o teu povo, com a peste, certamente já terias desaparecido da terra. 16Mas por causa disto te conservei de pé: para te fazer ver a minha força a fim de que o meu nome seja proclamado em toda a terra. 17E tu continuas a pôr obstáculos ao meu povo, para não o deixares partir! 18Eis que farei chover, amanhã, a esta mesma hora, um granizo muito pesado, como não houve no Egipto desde o dia da sua fundação até hoje. 19E agora manda pôr em segurança o teu gado e tudo o que tens no campo: sobre todos os homens e todos os animais que se encontrarem no campo e não se recolherem a casa, cairá o granizo e eles morrerão.’» 20Quem, de entre os servos do faraó, temeu a palavra do Senhor, fez fugir a toda a pressa para as casas os seus servos e o seu gado; 21mas quem não deu atenção à palavra do Senhor, esse deixou os seus servos e o seu gado no campo. 22O Senhor disse a Moisés: «Estende a tua mão para os céus, e que haja granizo em toda a terra do Egipto, sobre os homens e sobre os animais e sobre toda a erva do campo na terra do Egipto.» 23Moisés estendeu a sua vara para os céus e o Senhor desencadeou trovões e granizo, e veio fogo sobre a terra; e o Senhor fez chover granizo sobre a terra do Egipto. 24Houve granizo e fogo que se acendia a si mesmo no meio do granizo muito pesado, como não houve em toda a terra do Egipto desde que se tinha tornado uma nação. 25O granizo destruiu em toda a terra do Egipto tudo o que estava no campo, desde os homens aos animais; o granizo estragou toda a erva do campo, e quebrou todas as árvores do campo. 26Somente na terra de Góchen, lá onde estavam os filhos de Israel, não houve granizo. 27O faraó mandou chamar Moisés e Aarão, e disse-lhes: «Desta vez pequei; o Senhor é o justo, e eu e o meu povo somos os culpados. 28Rezai ao Senhor! Há muitos trovões de Deus e granizo! Então deixar-vos-ei partir e não permanecereis mais aqui.» 29Disse-lhe Moisés: «Ao sair da cidade, levantarei as palmas das mãos para o Senhor; os trovões cessarão e não haverá mais granizo, para que tu conheças que do Senhor é a terra. 30Mas eu sei que tu e os teus servos não temereis ainda o Senhor Deus.» 31O linho e a cevada foram destruídos, porque a cevada estava em espiga e o linho em flor. 32O trigo e o centeio não foram destruídos, porque eram serôdios. 33Saiu, pois, Moisés da presença do faraó e da cidade, e levantou as palmas das mãos para o Senhor; então cessaram os trovões e o granizo, e a chuva não caiu mais sobre a terra. 34O faraó viu que tinham cessado a chuva, o granizo e os trovões, e continuou a pecar. Tornou pesado o seu coração, ele e os seus servos. 35Endureceu-se o coração do faraó, e não deixou partir os filhos de Israel, como o Senhor tinha falado por meio de Moisés.

10 VIII. Os gafanhotos (Sl 78,46; 105,34; Jl 1,2-12; Ap 9,3) - 1O Senhor disse a Moisés: «Entra em contacto com o faraó, porque fui Eu que tornei pesado o seu coração e o coração dos seus servos, a fim de realizar estes meus sinais no meio deles; 2e para que tu possas narrar aos ouvidos do teu filho e do filho do teu filho o modo como Eu zombei do Egipto, e como mostrei os meus sinais que Eu realizei no meio deles. E vós conhecereis que Eu sou o Senhor.» 3Moisés e Aarão entraram em contacto com o faraó e disseram-lhe: «Assim diz o Senhor, Deus dos hebreus: ‘Até quando recusarás humilhar-te diante de mim? Deixa partir o meu povo para que me sirva. 4Pois se te recusas a deixar partir o meu povo, eis que Eu farei vir amanhã gafanhotos para o teu território. 5Eles cobrirão a superfície visível da terra, e não se poderá mais ver a terra; eles comerão o resto do que escapou e o que ficou para vós depois do granizo; comerão todas as árvores que crescem para vós no campo. 6Eles encherão as tuas casas, as casas de todos os teus servos e as casas de todos os egípcios, coisa que não viram os teus pais e os pais dos teus pais, desde o dia em que estão sobre a terra até este dia.’» Depois voltou-se e saiu da presença do faraó. 7Os servos do faraó disseram-lhe: «Até quando será este homem para nós uma cilada? Deixa partir essa gente para que sirvam o Senhor, seu Deus. Acaso não reconheces que o Egipto está perdido?» 8Fizeram regressar Moisés e Aarão à presença do faraó, e ele disse-lhes: «Ide servir o Senhor, vosso Deus. Mas quem são os que vão?» 9Moisés disse: «Nós iremos com os nossos jovens e com os nossos velhos; iremos com os nossos filhos e com as nossas filhas, com as nossas ovelhas e com os nossos bois, porque é uma festa do Senhor para nós.» 10Ele disse-lhes: «Que o Senhor esteja convosco, tanto como eu vos deixarei partir, a vós e às vossas crianças! Vede como o mal está diante de vós! 11Não será assim! Podeis ir vós, os homens fortes, e servi o Senhor, pois é isso que pretendeis.» E expulsaram-nos da presença do faraó. 12O Senhor disse a Moisés: «Estende a tua mão sobre a terra do Egipto para fazer vir os gafanhotos. Que eles se levantem sobre a terra do Egipto e comam toda a erva da terra, tudo o que o granizo deixou.» 13Moisés estendeu a sua vara sobre a terra do Egipto, e o Senhor fez soprar um vento do oriente sobre a terra durante todo aquele dia e toda a noite. Pela manhã, o vento do oriente tinha trazido os gafanhotos. 14Os gafanhotos levantaram-se sobre toda a terra do Egipto e poisaram em grande quantidade por todo o território do Egipto. Nunca houve gafanhotos assim antes nem haverá depois. 15Eles cobriram a superfície visível de toda a terra, e a terra se escureceu. Comeram toda a erva da terra e todos os frutos das árvores que o granizo deixou. Não ficou nada de verde nas árvores nem na erva do campo em toda a terra do Egipto. 16O faraó apressou-se a chamar Moisés e Aarão, e disse: «Pequei contra o Senhor, vosso Deus, e contra vós. 17E agora digna-te perdoar o meu pecado só mais esta vez, e rezai ao Senhor, vosso Deus, para que ao menos afaste de mim esta morte.» 18E Moisés saiu da presença do faraó e rezou ao Senhor. 19O Senhor mudou a situação, fazendo soprar do mar um vento muito forte, que levou os gafanhotos, e os arrastou para o Mar dos Juncos. Não ficou nem sequer um gafanhoto em todo o território do Egipto. 20Mas o Senhor endureceu ainda o coração do faraó, e este não deixou partir os filhos de Israel.

IX. As trevas (Sl 105,28; Sb 17,1-20; Ap 16,10) - 21O Senhor disse a Moisés: «Estende a tua mão para os céus, e que haja trevas sobre a terra do Egipto, trevas onde se ande às apalpadelas!» 22Moisés estendeu a sua mão para os céus, e houve trevas densas em toda a terra do Egipto durante três dias. 23Um homem não via o seu irmão, e ninguém se levantou do seu lugar durante três dias; mas para todos os filhos de Israel havia luz onde residiam. 24O faraó chamou Moisés e disse: «Ide servir o Senhor. Apenas as vossas ovelhas e os vossos bois ficarão aqui. Também as vossas crianças podem ir convosco.» 25Moisés disse: «Tu colocarás também nas nossas mãos sacrifícios e holocaustos, para nós oferecermos ao Senhor, nosso Deus. 26Também o nosso gado irá connosco. Não ficará nem sequer um animal, pois é deles que nos serviremos para prestar culto ao Senhor, nosso Deus; e nós não teremos conhecimento de como temos de servir o Senhor, senão quando lá chegarmos.» 27O Senhor endureceu o coração do faraó, e ele não quis deixá-los partir. 28O faraó disse-lhe: «Vai-te da minha presença! Livra-te de voltares a ver a minha face, pois no dia em que voltares a ver a minha face, morrerás.» 29Moisés disse: «Será como disseste! Não voltarei a ver a tua face!»
11 Anúncio da morte dos primogénitos (12,29-30) - 1O Senhor disse a Moisés: «Farei vir ainda uma praga sobre o faraó e sobre o Egipto. Depois disso, ele deixar-vos-á partir daqui; e quando decidir deixar-vos partir, até vos expulsará daqui. 2Fala, pois, ao povo, para que peçam, cada um ao seu amigo, e cada uma à sua amiga, objectos de prata e objectos de ouro.» 3O Senhor fez com que o povo alcançasse benevolência da parte dos egípcios. O próprio Moisés, por sua vez, era muito importante na terra do Egipto, aos olhos dos servos do faraó e aos olhos do povo. 4Moisés disse: «Assim diz o Senhor: ‘A meio da noite, Eu apresentar-me-ei no meio do Egipto, 5e morrerá todo o primogénito na terra do Egipto, desde o primogénito do faraó, que se sentará no seu trono, até ao primogénito da escrava, que está atrás da mó, e todo o primogénito dos animais. 6Haverá um grande clamor em toda a terra do Egipto, como nunca tinha havido antes e como nunca mais haverá. 7Mas, entre todos os filhos de Israel, nem sequer um cão latirá a homens e a animais, para que conheçais que o Senhor fez uma separação entre o Egipto e Israel. 8Então, todos estes teus servos descerão até mim e se prostrarão diante de mim, dizendo: Sai, tu e todo o povo que te segue. Depois disso, sairei.» E ele saiu da presença do faraó, ardendo de ira. 9O Senhor disse a Moisés: «O faraó não vos escutará, para que se multipliquem os meus prodígios na terra do Egipto.» 10Moisés e Aarão fizeram todos estes prodígios diante do faraó, mas o Senhor endureceu o coração do faraó, e ele não deixou partir os filhos de Israel da sua terra.

12 A Páscoa (23,15; 34,18; Lv 23,5-8; Nm 9,1-5; 28,16-25; Dt 16,1-8; Mt 26,17 par.; Cor 5,7; 11,23-27) - 1O Senhor disse a Moisés e a Aarão na terra do Egipto: 2«Este mês será para vós o primeiro dos meses; ele será para vós o primeiro dos meses do ano. 3Falai a toda a comunidade de Israel, dizendo que, aos dez deste mês, tomará cada um deles um animal do rebanho para a família, um animal do rebanho por casa. 4Se a família for pouco numerosa para um animal do rebanho, tomar-se-á com o vizinho mais próximo da casa, segundo o número das pessoas; calculareis o animal do rebanho conforme o que cada um puder comer. 5O animal do rebanho para vós será sem defeito, um macho, filho de um ano, e tomá-lo-eis de entre os cordeiros ou de entre os cabritos. 6Vós o tereis sob guarda até ao dia catorze deste mês, e toda a assembleia da comunidade de Israel o imolará ao crepúsculo. 7Tomar-se-á do sangue e colocar-se-á sobre as duas ombreiras e sobre o dintel da porta das casas em que ele se comerá. 8Comer-se-á a carne naquela noite; comer-se-á assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas. 9Não a comereis nem crua nem cozida na água, mas assada no fogo, a cabeça com as patas e as entranhas. 10Não deixareis dela nada até pela manhã; e o que restar dela pela manhã, queimá-lo-eis no fogo. 11Comê-la-eis desta maneira: os rins cingidos, as sandálias nos pés, e o cajado na mão. Comê-la-eis à pressa. É a Páscoa em honra do Senhor. 12E Eu atravessarei a terra do Egipto naquela noite, e ferirei todos os primogénitos na terra do Egipto, desde os homens até aos animais, e contra todos os deuses do Egipto farei justiça, Eu, o Senhor. 13E o sangue será para vós um sinal nas casas em que vós estais. Eu verei o sangue e passarei ao largo; e não haverá contra vós nenhuma praga de extermínio, quando Eu ferir a terra do Egipto. 14Aquele dia será para vós um memorial, e vós festejá-lo-eis como uma festa em honra do Senhor. Ao longo das vossas gerações, a deveis festejar como uma lei perpétua.

Festa dos Ázimos (13,3-10; 23,15; Lv 23,6-8; Dt 16,3-4) - 15Durante sete dias comereis pães sem fermento. No primeiro dia, fareis desaparecer o fermento das vossas casas, pois todo aquele que comer pão fermentado, do primeiro dia ao sétimo dia, será eliminado de Israel. 16No primeiro dia, tereis uma convocação sagrada, assim como no sétimo dia. Não se fará nenhum trabalho nesses dias; apenas aquilo que será comido por cada pessoa, só isso será feito por vós. 17Guardareis a festa dos pães sem fermento, porque foi precisamente neste dia que Eu fiz sair os vossos exércitos da terra do Egipto. Guardareis este dia nas vossas gerações como uma lei perpétua. 18No primeiro mês, no dia catorze à tarde, comereis pães sem fermento até ao dia vinte e um do mês, à tarde. 19Durante sete dias, não se encontrará fermento nas vossas casas, porque todo aquele que comer pão fermentado, essa pessoa será eliminada da comunidade de Israel, quer seja estrangeiro residente, quer natural da terra. 20Não comereis nenhum pão fermentado. Em qualquer lugar em que habitardes, comereis pães sem fermento.»
Prescrições sobre a Páscoa - 21Moisés chamou todos os anciãos de Israel e disse-lhes: «Escolhei e tomai para vós um animal do rebanho, segundo os vossos clãs, e imolai a Páscoa. 22Tomareis depois um ramo de hissopo, mergulhá-lo-eis no sangue que estiver na bacia, e marcareis o dintel e as duas ombreiras da porta com o sangue que estiver na bacia, e nenhum de vós sairá da porta da sua casa até pela manhã. 23O Senhor passará para ferir o Egipto, verá o sangue sobre o dintel e sobre as duas ombreiras da porta, e o Senhor passará ao largo da porta e não deixará que o Exterminador entre nas vossas casas para ferir. 24Observareis isto como uma prescrição para vós e para os vossos filhos para sempre. 25Quando tiverdes entrado na terra que o Senhor vos dará, como Ele falou, observareis este serviço cultual. 26Quando os vossos filhos vos disserem: ‘O que é este serviço cultual para vós?’, 27vós direis: ‘É o sacrifício da Páscoa em honra do Senhor, que passou ao largo das casas dos filhos de Israel no Egipto, quando feriu o Egipto e salvou as nossas casas.’» O povo inclinou-se e prostrou-se. 28Os filhos de Israel foram e fizeram como o Senhor tinha ordenado a Moisés e a Aarão. Assim fizeram.

X. Morte dos primogénitos (11,4-8; 12,12; Sl 78,51; 136,10; Sb 18,6-18) - 29E aconteceu que, no meio da noite, o Senhor feriu todos os primogénitos na terra do Egipto, desde o primogénito do faraó, que havia de sentar-se no seu trono, até ao primogénito do prisioneiro, que está na prisão, e todos os primogénitos dos animais. 30O faraó levantou-se durante a noite, ele, todos os seus servos e todo o Egipto, e houve um grande clamor no Egipto, porque não havia casa que não tivesse lá um morto. 31Ele chamou Moisés e Aarão durante a noite e disse: «Levantai-vos e saí do meio do meu povo, vós e também os filhos de Israel, e ide servir o Senhor, como tendes falado. 32Tomai também as vossas ovelhas e os vossos bois, como tendes falado, ide e abençoai-me também a mim.»

Saída do Egipto (12,33-15,21)
33Os egípcios pressionaram o povo para que partisse depressa da terra, pois diziam: «Morreremos todos!» 34O povo levou a sua farinha amassada antes de levedar, e sobre os ombros as suas amassadeiras envoltas nos seus mantos. 35Os filhos de Israel fizeram como tinha falado Moisés, e pediram aos egípcios objectos de prata, objectos de ouro e mantos. 36O Senhor fez com que o povo alcançasse benevolência da parte dos egípcios, que acederam aos seus pedidos. E assim despojaram os egípcios.
Partida (13,17-22; Nm 33,3-5) - 37Os filhos de Israel partiram de Ramessés para Sucot, cerca de seiscentos mil a pé, só os homens fortes, sem contar as crianças. 38Também uma turba numerosa partiu com eles, juntamente com ovelhas, bois e gado em grande quantidade. 39Eles cozeram a farinha amassada com que tinham saído do Egipto em bolos sem fermento, pois não tinha fermento. Tinham, na verdade, sido expulsos do Egipto, e não puderam demorar-se; nem sequer fizeram provisões para eles. 40A estadia dos filhos de Israel que residiram no Egipto foi de quatrocentos e trinta anos. 41No final dos quatrocentos e trinta anos, precisamente naquele dia, saíram todos os exércitos do Senhor da terra do Egipto. 42Aquela foi uma noite de vigília para o Senhor, quando Ele os fez sair da terra do Egipto. Esta noite do Senhor será de vigília para todos os filhos de Israel nas suas gerações.

Ritual da Páscoa (Nm 9,2-14) - 43O Senhor disse a Moisés e a Aarão: «Esta é a prescrição da Páscoa: nenhum filho de estrangeiro comerá dela. 44Todo o escravo adquirido com dinheiro, tu o circuncidarás, e então comerá dela. 45Os estrangeiros, residentes ou assalariados, não comerão dela. 46Comer-se-á numa só casa. Não se fará sair carne da casa para fora, e não lhe quebrareis nenhum osso. 47Toda a comunidade de Israel a celebrará. 48E se morar contigo um estrangeiro residente que queira fazer a Páscoa do Senhor, será circuncidado todo o macho da sua casa, e então se aproximará para a fazer, e será como um natural da terra, mas nenhum incircunciso comerá dela. 49Haverá uma só lei para o natural e para o estrangeiro residente que habite no meio de vós.» 50Todos os filhos de Israel fizeram assim; fizeram exactamente como o Senhor tinha ordenado a Moisés e a Aarão. 51Foi precisamente neste dia que o Senhor fez sair os filhos de Israel da terra do Egipto, segundo os seus exércitos.

13 Lei dos primogénitos (22,28-29; 34,19-20; Nm 3,12-13; 8,16-18; Lc 2,23-24) - 1O Senhor falou a Moisés, dizendo: 2«Consagra-me todo o primogénito, aquele que abre o ventre materno, entre os filhos de Israel, dos homens e dos animais. Ele é para mim.»
A Páscoa dos Ázimos (23,15; Lv 23,5-9) - 3Moisés disse ao povo: «Recorda-te deste dia em que saíste do Egipto, da casa da servidão, pois foi com mão forte que o Senhor te fez sair daqui. Não se comerá pão fermentado. 4É hoje que vós saís, no mês de Abib. 5Quando o Senhor te fizer entrar na terra do cananeu, do hitita, do amorreu, do heveu e do jebuseu, que jurou aos teus pais dar-te a ti, terra que mana leite e mel, farás este serviço cultual neste mês. 6Durante sete dias comer-se-á pães sem fermento, e no sétimo dia haverá uma festa para o Senhor. 7Comer-se-á pães sem fermento durante sete dias, e não se verá contigo pão fermentado, e não se verá contigo fermento em todo o teu território. 8Explicarás naquele dia ao teu filho, dizendo: ‘É por causa daquilo que o Senhor fez por mim quando saí do Egipto’. 9E será para ti como um sinal sobre a tua mão e como um memorial entre os teus olhos, para que esteja a lei do Senhor na tua boca, porque foi com mão forte que o Senhor te fez sair do Egipto. 10Observarás esta prescrição no tempo estabelecido, ano após ano.»

Os primogénitos (22,28-29; 34,19-20; Nm 3,12-13; 8,16-18; Lc 2,23-24) - 11«Quando o Senhor te fizer entrar na terra do cananeu, como jurou a ti e aos teus pais, e ta tiver dado, 12consagrarás ao Senhor todo o ser que abre o ventre materno e toda a primeira cria que os animais te derem: os machos são para o Senhor. 13Toda a primeira cria do jumento, resgatá-la-ás com um animal do rebanho; se não a resgatares, quebrar-lhe-ás a nuca. Todo o primogénito do homem, entre os teus filhos, resgatá-lo-ás. 14E se amanhã o teu filho te perguntar, dizendo: ‘O que é isto?’, dir-lhe-ás: ‘Foi com mão forte que o Senhor nos fez sair do Egipto, da casa da servidão. 15E porque o faraó era duro em deixar-nos partir, o Senhor fez morrer todos os primogénitos na terra do Egipto, desde os primogénitos dos homens até aos primogénitos dos animais. É por isso que eu ofereço em sacrifício ao Senhor todo o macho que abre o ventre materno e resgato todo o primogénito dos meus filhos’. 16Será como um sinal sobre a tua mão e como um frontal entre os teus olhos, pois foi com mão forte que o Senhor nos fez sair do Egipto.»

Partida (12,37-51; Nm 33,3-5) - 17E aconteceu que, quando o faraó deixou partir o povo, Deus não o conduziu pela estrada da terra dos filisteus, embora fosse a mais curta, pois Deus disse: «Que o povo não se arrependa perante uma batalha e volte para o Egipto.» 18E Deus desviou o povo para a estrada do deserto do Mar dos Juncos. Preparados para o combate, os filhos de Israel subiram da terra do Egipto. 19Moisés tomou consigo os ossos de José, porque ele tinha feito jurar os filhos de Israel, dizendo: «Deus há-de visitar-vos, e vós fareis que os meus ossos saiam daqui convosco.» 20Eles partiram de Sucot e acamparam em Etam, no limite do deserto. 21O Senhor caminhava diante deles; durante o dia, numa coluna de nuvem para os conduzir na estrada, e de noite, numa coluna de fogo para os alumiar, para que pudessem caminhar de dia e de noite. 22A coluna de nuvem não se retirou de diante do povo durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite.

14 Em direcção ao Mar - 1O Senhor falou a Moisés, dizendo: 2«Fala aos filhos de Israel para retrocederem e acamparem diante de Pi-Hairot, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Safon, em frente do qual acampareis, junto do mar. 3E o faraó dirá dos filhos de Israel: ‘Andam perdidos na terra. Fechou-se contra eles o deserto’. 4Eu endurecerei o coração do faraó, e ele persegui-los-á; Eu serei glorificado por meio do faraó e de todo o seu exército e os egípcios saberão que Eu sou o Senhor.» Assim fizeram. 5Foram anunciar ao rei do Egipto que o povo fugira, e o coração do faraó e dos seus servos mudou para com o povo, e disseram: «Que fizemos, pois deixámos partir Israel do nosso serviço?» 6O faraó atrelou o seu carro de guerra e tomou o seu povo consigo. 7Tomou seiscentos carros de guerra escolhidos e todos os carros de guerra do Egipto com três combatentes em cada um. 8O Senhor endureceu o coração do faraó, rei do Egipto, e ele perseguiu os filhos de Israel, e os filhos de Israel saíram de mão erguida. 9Os egípcios perseguiram-nos e alcançaram-nos quando acampavam junto do mar; todos os cavalos e carros de guerra do faraó, os seus cavaleiros e o seu exército estavam junto de Pi-Hairot, diante de Baal-Safon. 10Quando o faraó se aproximou, os filhos de Israel ergueram os olhos, e eis que os egípcios acampavam atrás deles, e os filhos de Israel tiveram muito medo e clamaram ao Senhor. 11Disseram a Moisés: «Foi por falta de túmulos no Egipto que nos trouxeste para morrermos no deserto? O que é isto que nos fizeste, fazendo-nos sair do Egipto? 12Não foi isto que te dissemos no Egipto, quando dizíamos: ‘Deixa-nos! Queremos estar ao serviço do Egipto, porque é melhor para nós servir o Egipto do que morrer no deserto’?» 13Moisés disse ao povo: «Não tenhais medo. Permanecei firmes e vede a salvação que o Senhor fará para vós hoje. Pois vós vistes os egípcios hoje, mas nunca mais os tornareis a ver. 14O Senhor combaterá por vós. E vós ficai tranquilos!»

Travessia do Mar - 15O Senhor disse a Moisés: «Porque clamas por mim? Fala aos filhos de Israel e manda-os partir. 16E tu, levanta a tua vara e estende a mão sobre o mar e divide-o, e que os filhos de Israel entrem pelo meio do mar, por terra seca. 17E eis que Eu vou endurecer o coração dos egípcios para que venham atrás deles, e serei glorificado por meio do faraó e de todo o seu exército, dos seus carros de guerra e dos seus cavaleiros, 18e os egípcios saberão que Eu sou o Senhor, quando for glorificado por meio do faraó, dos seus carros de guerra e dos seus cavaleiros.» 19O anjo de Deus, que caminhava à frente do acampamento de Israel, levantou-se, partiu e passou a caminhar atrás deles. E a coluna de nuvem levantou-se de diante deles e colocou-se atrás deles. 20Veio colocar-se entre o acampamento do Egipto e o acampamento de Israel. E houve nuvens e trevas, e iluminou-se a noite, e não se aproximaram um do outro toda a noite. 21Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez recuar o mar com um vento forte de oriente toda a noite, e pôs o mar a seco. As águas dividiram-se, 22e os filhos de Israel entraram pelo meio do mar, por terra seca, e as águas eram para eles um muro à sua direita e à sua esquerda. 23Os egípcios perseguiram-nos, e todos os cavalos do faraó, os seus carros de guerra e os seus cavaleiros, entraram atrás deles para o meio do mar. 24E aconteceu que, na vigília da manhã, o Senhor olhou da coluna de fogo e de nuvem, para o acampamento dos egípcios, e lançou a confusão no acampamento dos egípcios. 25Ele desviou as rodas dos seus carros de guerra, e eles conduziam com dificuldade. Os egípcios disseram: «Fujamos diante de Israel, porque o Senhor combate por eles contra o Egipto.» 26O Senhor disse a Moisés: «Estende a tua mão sobre o mar, e que as águas voltem sobre os egípcios, sobre os seus carros de guerra e sobre os seus cavaleiros.» 27Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar voltou ao seu leito normal, ao raiar da manhã, e os egípcios a fugir foram ao seu encontro. E o Senhor desfez-se dos egípcios no meio do mar. 28As águas voltaram e cobriram os carros de guerra e os cavaleiros; de todo o exército do faraó que entrou atrás deles no mar, não ficou nenhum. 29Os filhos de Israel caminharam em terra seca, pelo meio do mar, e as águas eram para eles um muro à sua direita e à sua esquerda. 30O Senhor salvou, naquele dia, Israel da mão do Egipto, e Israel viu os egípcios mortos à beira do mar. 31Israel viu a mão poderosa com que o Senhor actuou contra o Egipto, o povo temeu o Senhor e acreditou nele e em Moisés, seu servo.

15 Cântico de vitória (Jz 5,2-32) - 1Então, Moisés cantou, e os filhos de Israel também, este cântico ao Senhor. Eles disseram:«Cantarei ao Senhorque é verdadeiramente grande:cavalo e cavaleiro lançou no mar. 2Minha força e meu canto é o Senhor:Ele foi para mim a salvação.É este o meu Deus: glorificá-lo-ei;o Deus de meu pai: exaltá-lo-ei. 3 O Senhor é um guerreiro:Senhor é o seu nome. 4Os carros de guerra do faraó e o seu exército Ele atirou ao mar;e os seus combatentes escolhidosforam afundados no Mar dos Juncos. 5Cobrem-nos os abismos:desceram às profundezas como uma pedra. 6A tua direita, Senhor,resplandeceu de força;a tua direita, Senhor,apanhou o inimigo. 7Com a grandeza da tua majestade,destróis os que se levantam contra ti:envias a tua ira,que os devora como palha. 8Com o sopro das tuas narinas,as águas amontoaram-se,as ondas ficaram paradas como um muro,os abismos coalharam no coração do Mar. 9O inimigo disse: ‘Perseguirei, alcançarei,repartirei os despojos:neles se saciará a minha alma.Desembainharei a minha espada:a minha mão os exterminará.’ 10Sopraste com o teu vento,e o mar os recobriu.Afundaram-se como chumbo nas águas alterosas. 11Quem como Tu, entre os deuses, Senhor?Quem como Tu, enaltecido de santidade,temível de glória,fazendo maravilhas? 12Estendeste a tua direita:a terra engoliu-os. 13Com o teu amor conduziste este povo que resgataste.Com a tua força o guiaste para a tua morada santa. 14Os povos ouviram e estremecem:um tremor se apoderou dos habitantes da Filisteia; 15transidos de pavor ficaram então os chefes de Edom;um tremor se apoderou dos poderosos de Moab;esmorecem todos os habitantes de Canaã. 16Cairão sobre eles o pavor e o tremor;com a grandeza do teu braço, ficarão paralisados como pedra,até que passe o teu povo, Senhor,até que passe este povo que resgataste. 17Fá-lo-ás entrar e plantá-lo-ás na montanha que é a tua herança,lugar que fizeste para Tu habitares, Senhor,santuário que as tuas mãos, Senhor, estabeleceram. 18O Senhor reinará eternamente e para sempre.» 19De facto, os cavalos do faraó, com os seus carros de guerra e os seus cavaleiros, entraram no mar, e o Senhor fez voltar sobre eles as águas do mar, mas os filhos de Israel caminharam em terra seca pelo meio do mar. 20Maria, a profetisa, irmã de Aarão, tomou nas mãos uma pandeireta, e todas as mulheres saíram atrás dela com pandeiretas, a dançar. 21E Maria entoou para eles:«Cantai ao Senhor, que é verdadeiramente grande:lançou no mar cavalo e cavaleiro.»

II. CAMINHADA PELO DESERTO (15,22-18,27)
As águas de Mara (Nm 33,8-9) - 22Moisés fez partir Israel do Mar dos Juncos, e saíram para o deserto de Chur. Caminharam três dias no deserto e não encontraram água. 23Chegaram a Mara, mas não puderam beber a água de Mara, porque era amarga. Por isso se chamou àquele lugar Mara. 24O povo murmurou contra Moisés, dizendo: «Que beberemos?» 25E ele clamou ao Senhor, e o Senhor indicou-lhe um tronco que ele lançou à água; e a água tornou-se doce. Foi lá que o Senhor deu ao povo um preceito e uma norma; foi lá que o pôs à prova. 26E disse: «Se escutares com atenção a voz do Senhor, teu Deus, e se fizeres o que é recto aos seus olhos, se deres ouvidos aos seus mandamentos e se guardares todos os seus preceitos, não farei vir sobre ti nenhum dos flagelos que infligi ao Egipto, porque Eu sou o Senhor que te cura.» 27Chegaram a Elim, onde estão doze nascentes de água e setenta palmeiras, e acamparam ali à beira da água.
16 O maná e as codornizes (Nm 11,1-15.31-34; Sl 78,23-29; Sb 16,20-29; Jo 6,26-58) - 1Partiram de Elim e toda a comunidade dos filhos de Israel chegou ao deserto de Sin, que está entre Elim e o Sinai, no décimo quinto dia do segundo mês, após a sua saída da terra do Egipto. 2Toda a comunidade dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Aarão no deserto. 3Os filhos de Israel disseram-lhes: «Quem dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egipto, quando estávamos descansados junto da panela de carne, quando comíamos com fartura! Mas vós fizestes-nos sair para este deserto para fazer morrer de fome toda esta assembleia!» 4O Senhor disse a Moisés: «Eis que vou fazer chover do céu pão para vós. O povo sairá e recolherá em cada dia a porção de um dia. Isto é para o pôr à prova e ver se andará, ou não, na minha lei. 5No sexto dia, quando prepararem o que tiverem trazido, haverá o dobro daquilo que recolhem em cada dia.» 6Moisés e Aarão disseram a todos os filhos de Israel: «Ao cair da tarde reconhecereis que foi o Senhor que vos fez sair da terra do Egipto, 7e pela manhã vereis a glória do Senhor, porque Ele terá ouvido as vossas murmurações contra o Senhor. Nós, porém, o que somos para que murmureis contra nós?» 8Disse Moisés: «Quando o Senhor vos der esta noite carne para comer, e pela manhã pão com fartura, então o Senhor terá ouvido as murmurações que vós proferistes contra Ele. Nós, porém, o que somos? Não são contra nós as vossas murmurações, mas contra o Senhor.» 9Moisés disse a Aarão: «Diz a toda a comunidade dos filhos de Israel: ‘Aproximai-vos do Senhor, porque Ele ouviu as vossas murmurações.’» 10Enquanto Aarão falava a toda a comunidade dos filhos de Israel, eles voltaram-se para o deserto, e eis que a glória do Senhor apareceu na nuvem. 11O Senhor falou a Moisés, dizendo: 12«Ouvi as murmurações dos filhos de Israel. Fala-lhes, dizendo: ‘Ao crepúsculo comereis carne, e pela manhã saciar-vos-eis de pão, e conhecereis que Eu sou o Senhor, vosso Deus.’» 13À tardinha caíram tantas codornizes que cobriram o acampamento, e pela manhã havia uma camada de orvalho ao redor do acampamento. 14A camada de orvalho levantou, e eis que à superfície do deserto havia uma substância fina e granulosa, fina como geada sobre a terra. 15Os filhos de Israel viram e disseram uns aos outros: «Que é isto?», pois não sabiam o que era aquilo. Disse-lhes Moisés: «Isto é o pão que o Senhor vos deu para comer. 16Foi isto que o Senhor ordenou: ‘Recolhei cada um conforme o que comer, um gómer por cabeça, segundo o número das vossas pessoas, recolhei cada um conforme os que estejam na sua tenda.’» 17Assim fizeram os filhos de Israel, e recolheram, uns muito, outros pouco. 18Mediam com o gómer, e não sobejava a quem tinha muito nem faltava a quem tinha pouco. Cada um tinha recolhido conforme o que comia. 19Disse-lhes Moisés: «Ninguém o guarde até de manhã.» 20Porém, alguns não escutaram Moisés, e guardaram-no até de manhã; mas ganhou vermes e cheirava mal. E Moisés irritou-se contra eles. 21Recolhiam-no todas as manhãs, cada um conforme o que comia. E quando o sol aquecia, derretia-se.

O sábado (Lv 23,3-4; 25,1-7) - 22Vindo o sexto dia, recolheram o dobro do pão, dois gómeres para cada um, e todos os chefes da comunidade vieram comunicá-lo a Moisés. 23Ele disse-lhes: «Foi isto que o Senhor falou. Amanhã é descanso completo, um sábado consagrado ao Senhor: aquilo que deveis cozer, cozei; aquilo que deveis ferver, fervei; tudo o que sobejar, conservai-o guardado para vós até de manhã.» 24Conservaram-no até de manhã, como tinha ordenado Moisés, e não cheirava mal nem ganhou vermes. 25Disse Moisés: «Comei-o hoje, porque hoje é sábado consagrado ao Senhor; hoje não o encontrareis no campo. 26Recolhê-lo-eis durante seis dias, mas no sétimo dia, sábado, não haverá.» 27No sétimo dia saíram alguns do povo para fazer recolha, mas não o encontraram. 28O Senhor disse a Moisés: «Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis? 29Vede que o Senhor vos deu o sábado; e é por isso que vos dá, no sexto dia, o pão para dois dias. Fique cada um onde está, que ninguém saia do seu lugar no sétimo dia.» 30E o povo descansou no sétimo dia. 31A casa de Israel deu-lhe o nome de maná. Era como semente de coentro, branco, e o seu sabor, como bolo de mel. 32Disse Moisés: «Eis o que o Senhor ordenou: ‘Enchei um gómer dele e guardai-o para as vossas gerações, para que vejam o pão que vos dei a comer no deserto, quando vos fiz sair da terra do Egipto.’» 33Moisés disse a Aarão: «Toma um vaso, e põe lá um gómer cheio de maná, e coloca-o diante do Senhor a fim de ser conservado para as vossas futuras gerações.» 34Como o Senhor tinha ordenado a Moisés, Aarão colocou-o diante do testemunho, a fim de ser conservado. 35Os filhos de Israel comeram o maná durante quarenta anos, até chegarem à terra habitada. Comeram o maná até chegarem aos confins da terra de Canaã. 36O gómer é um décimo do efá.
17 A água da rocha (Nm 20,1-13; Sl 95,8-11; 106,32) - 1Toda a comunidade dos filhos de Israel partiu do deserto de Sin para as suas etapas, segundo a palavra do Senhor. Eles acamparam em Refidim, mas não havia água para o povo beber. 2O povo litigou com Moisés, e disse: «Dá-nos água para beber.» Disse-lhes Moisés: «Porque litigais comigo? Porque pondes o Senhor à prova?» 3Ali o povo teve sede de água, e murmurou contra Moisés, dizendo: «Porque nos fizeste subir do Egipto para nos fazer morrer à sede, a nós, aos nossos filhos e ao nosso gado?» 4Moisés clamou ao Senhor, dizendo: «Que farei a este povo? Mais um pouco e vão apedrejar-me.» 5O Senhor disse a Moisés: «Passa diante do povo e toma contigo alguns anciãos de Israel; e leva na tua mão a vara com que feriste o rio, e vai. 6Eis que estarei diante de ti, lá, sobre a rocha no Horeb. Tu ferirás a rocha e dela sairá água, e o povo beberá.» Assim fez Moisés diante dos anciãos de Israel. 7Ele deu àquele lugar o nome de Massá e Meribá, por causa do litígio dos filhos de Israel, e por terem posto o Senhor à prova, dizendo: «Está o Senhor no meio de nós ou não?»
Combate contra os amalecitas (Nm 24,20; Dt 25,17-19; 1 Sm 15,2-3) - 8Veio então Amalec e combateu contra Israel em Refidim. 9Moisés disse a Josué: «Escolhe para nós homens, e sai para combater contra Amalec. Amanhã eu permanecerei firme no cimo da colina e terei a vara de Deus na minha mão.» 10Josué fez como Moisés lhe tinha dito, para combater contra Amalec. Moisés, Aarão e Hur subiram ao cimo da colina. 11E acontecia que, enquanto Moisés tinha as mãos levantadas, era Israel o mais forte; mas quando descansava as mãos, o mais forte era Amalec. 12Mas as mãos de Moisés ficaram pesadas. Pegaram então numa pedra e puseram-na debaixo dele, e ele sentou-se sobre ela. Aarão e Hur sustentavam as mãos dele, um de um lado e outro do outro. E assim as mãos dele permaneceram firmes até ao pôr-do-sol. 13Josué venceu Amalec e o seu povo ao fio da espada. 14O Senhor disse a Moisés: «Escreve isto, como memorial, no livro e declara a Josué que Eu hei-de apagar a memória de Amalec de debaixo dos céus.» 15Moisés construiu um altar e chamou-o com o nome: «o Senhor é o meu estandarte.» 16E ele disse: «Porque uma mão se levantou contra o trono do Senhor, haverá guerra do Senhor contra Amalec, de geração em geração.»

18 Encontro de Jetro com Moisés - 1Jetro, sacerdote de Madian, sogro de Moisés, ouviu tudo o que Deus tinha feito a Moisés e a Israel, seu povo: como o Senhor tinha feito sair Israel do Egipto. 2Jetro, sogro de Moisés, tomou Séfora, mulher de Moisés, depois de ela ter sido mandada embora, 3e os seus dois filhos, dos quais o nome de um era Gérson, pois ele disse: «Eu sou um imigrante num país estrangeiro», 4e o nome do outro era Eliézer, pois «o Deus do meu pai veio ‘em meu auxílio’ e libertou-me da espada do faraó.» 5Jetro, sogro de Moisés, os seus filhos e a sua mulher foram ter com Moisés, ao deserto onde ele estava acampado. Era lá a montanha de Deus. 6Ele disse a Moisés: «Eu sou o teu sogro Jetro; venho ter contigo, juntamente com a tua mulher e os seus dois filhos com ela.» 7Moisés saiu ao encontro do seu sogro, prostrou-se e beijou-o. Fizeram um ao outro saudações de paz e entraram na tenda. 8Moisés relatou ao seu sogro tudo o que o Senhor tinha feito ao faraó e ao Egipto por causa de Israel, todas as dificuldades encontradas no caminho, e das quais o Senhor os tinha livrado. 9Jetro alegrou-se por todo o bem que o Senhor tinha feito a Israel, libertando-o da mão do Egipto. 10Jetro disse: «Bendito seja o Senhor que vos libertou da mão do Egipto e da mão do faraó, que libertou o povo da mão do Egipto. 11Agora reconheço que o Senhor é maior que todos os deuses, pelo modo como eram arrogantes contra eles.» 12Jetro, sogro de Moisés, ofereceu um holocausto e sacrifícios a Deus. Aarão e todos os anciãos de Israel vieram para comer com o sogro de Moisés diante de Deus.

Instituição dos juízes (Nm 11,14-17; Dt 1,9-18) - 13Sucedeu que no dia seguinte Moisés se sentou para julgar o povo, e o povo manteve-se de pé na frente de Moisés de manhã até à noite. 14O sogro de Moisés viu tudo o que ele fazia pelo povo e disse: «O que é isso que tu fazes pelo povo? Por que razão te sentas tu sozinho, e todo o povo fica junto de ti de manhã até à noite?» 15Moisés disse ao seu sogro: «É que o povo vem ter comigo para consultar a Deus. 16Quando há alguma questão entre eles, vêm ter comigo, e eu julgo entre um e outro e faço-lhes conhecer os preceitos de Deus e as suas instruções.» 17O sogro de Moisés disse-lhe: «Não está bem aquilo que estás a fazer. 18Com certeza desfalecerás, tu e este povo que está contigo, porque a tarefa é demasiado pesada para ti; não poderás realizá-la sozinho. 19Agora, escuta a minha voz; vou dar-te um conselho, e que Deus esteja contigo! Tu estarás em nome do povo em frente de Deus, e tu próprio levarás as causas a Deus. 20Adverti-los-ás dos preceitos e das instruções e dar-lhes-ás a conhecer o caminho que devem seguir e as obras que devem praticar. 21Escolhe tu mesmo entre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, homens íntegros, que odeiem o lucro ilícito, e estabelecê-los-ás como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez. 22Eles julgarão o povo em todo o tempo. Toda a questão que seja grande, eles a apresentarão a ti, mas toda a questão menor, julgá-la-ão eles mesmos. Torna assim mais leve a tua carga, e que eles a levem contigo. 23Se fizeres desta maneira, e se Deus to ordenar, tu poderás permanecer de pé, e também todo este povo entrará em paz nas suas casas.» 24Moisés escutou a voz do seu sogro e fez tudo o que ele disse. 25Moisés escolheu de todo o Israel homens capazes e colocou-os à cabeça do povo, como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez. 26Eles julgavam o povo em todo o tempo: as questões difíceis levavam-nas a Moisés, mas todas as questões menores julgavam-nas eles mesmos. 27E Moisés deixou partir o seu sogro, que se dirigiu para o seu país.

III. ALIANÇA NO SINAI (19,1-24,18)

19 Chegada ao Sinai - 1Na terceira Lua-nova depois da saída dos filhos de Israel da terra do Egipto, naquele mesmo dia, chegaram ao deserto do Sinai. 2Partiram de Refidim e chegaram ao deserto do Sinai e acamparam no deserto. Israel acampou lá, diante da montanha.
Proposição da aliança - 3Moisés subiu até junto de Deus. Da montanha o Senhor chamou-o, dizendo: «Assim dirás à casa de Jacob e declararás aos filhos de Israel: 4‘Vós vistes o que Eu fiz ao Egipto, como vos carreguei sobre asas de águia e vos trouxe até mim. 5E agora, se escutardes bem a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para mim uma propriedade particular entre todos os povos, porque é minha a terra inteira. 6Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.’ Estas são as palavras que transmitirás aos filhos de Israel.» 7Moisés veio e chamou os anciãos do povo e pôs diante deles todas estas palavras, como o Senhor lhe tinha ordenado. 8Todo o povo, unânime, respondeu, dizendo: «Tudo o que o Senhor disse, nós o faremos.» E Moisés transmitiu ao Senhor as palavras do povo.

Preparação da aliança - 9O Senhor disse a Moisés: «Eis que Eu venho ter contigo no coração da nuvem, para que o povo oiça quando Eu falar contigo e também acredite em ti para sempre.» E Moisés transmitiu ao Senhor as palavras do povo. 10O Senhor disse a Moisés: «Vai ter com o povo, e fá-los santificar hoje e amanhã; que eles lavem as suas roupas. 11Que estejam prontos para o terceiro dia, porque no terceiro dia o Senhor descerá aos olhos de todo o povo sobre a montanha do Sinai. 12Põe limites ao redor do povo, dizendo: ‘Guardai-vos de subir à montanha e de tocar os seus limites. Todo aquele que tocar na montanha morrerá. 13Ninguém tocará nela, pois será apedrejado ou atravessado de flechas: seja animal ou seja homem, não viverá. Quando soar longamente o chifre de carneiro, eles subirão à montanha.’» 14Moisés desceu da montanha ao encontro do povo. Ele santificou o povo, e eles lavaram as suas roupas. 15E disse ao povo: «Estai prontos para o terceiro dia. Não vos aproximeis de mulher alguma.»

Teofania do Sinai (Dt 4,10-14; 5,1-5) - 16E eis que, no terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões e relâmpagos e uma nuvem pesada sobre a montanha, e um som muito forte de trombeta, e todo o povo que estava no acampamento tremia. 17Moisés fez sair o povo do acampamento ao encontro de Deus, e colocaram-se no sopé da montanha. 18A montanha do Sinai estava toda coberta de fumo, porque o Senhor tinha descido sobre ela no fogo; e o seu fumo subia como o fumo de um forno, e toda a montanha tremia muito. 19O som da trombeta era cada vez mais forte. Moisés falava, e Deus respondia-lhe no trovão. 20O Senhor desceu sobre a montanha do Sinai, no cimo da montanha. O Senhor chamou Moisés ao cimo da montanha, e Moisés subiu. 21O Senhor disse a Moisés: «Desce e adverte solenemente o povo para que não se precipite, a fim de ver o Senhor; muitos deles morreriam. 22E que também os sacerdotes que se aproximam do Senhor se santifiquem, para que o Senhor não os fira.» 23Moisés disse ao Senhor: «O povo não pode subir à montanha do Sinai, pois Tu advertiste-nos solenemente, dizendo: ‘Põe limites à montanha e santifica-a.’» 24O Senhor disse-lhe: «Vai, desce; depois subirás tu e Aarão contigo; os sacerdotes e o povo, porém, que não se precipitem em subir para o Senhor, para que Ele não os fira.» 25Moisés desceu ao encontro do povo e comunicou-lhes tudo isto.

20 Decálogo moral (v.1-17; Dt 5,6-21; Mt 5,17-48) - 1Deus pronunciou todas estas palavras, dizendo: 2«Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão. 3Não haverá para ti outros deuses na minha presença. 4Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas. 5Não te prostrarás diante dessas coisas e não as servirás, porque Eu, o Senhor, teu Deus, sou um Deus zeloso, que castigo o pecado dos pais nos filhos até à terceira e à quarta geração, para aqueles que me odeiam, 6mas que trato com bondade até à milésima geração aqueles que amam e guardam os meus mandamentos. 7Não usarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não deixa impune aquele que usa o seu nome em vão. 8Recorda-te do dia de sábado, para o santificar. 9Trabalharás durante seis dias e farás todo o teu trabalho. 10Mas o sétimo dia é o sábado consagrado ao Senhor, teu Deus. Não farás trabalho algum, tu, o teu filho e a tua filha, o teu servo e a tua serva, os teus animais, o estrangeiro que está dentro das tuas portas. 11Porque em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que está neles, mas descansou no sétimo dia. Por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e santificou-o. 12Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dá. 13Não matarás. 14Não cometerás adultério. 15Não roubarás. 16Não responderás contra o teu próximo como testemunha mentirosa. 17Não desejarás a casa do teu próximo. Não desejarás a mulher do teu próximo, o seu servo, a sua serva, o seu boi, o seu burro, e tudo o que é do teu próximo.» 18Perante o espectáculo dos trovões, dos relâmpagos, do som da trombeta e da montanha fumegante, o povo tremia e mantinha-se à distância. 19Disseram a Moisés: «Fala tu connosco, que nós escutaremos; mas que não fale Deus connosco, para que não morramos.» 20Moisés disse ao povo: «Não temais, pois foi para vos pôr à prova que Deus veio, e para que o seu temor esteja diante de vós, de modo que não pequeis.» 21O povo manteve-se à distância e Moisés aproximou-se da nuvem escura, onde estava Deus.

Código da Aliança (20,22-23,19)

Lei do altar (Dt 27,5-7) - 22O Senhor disse a Moisés: «Assim dirás aos filhos de Israel: Vós mesmos vistes que foi dos céus que Eu falei convosco. 23Não fareis ao lado de mim deuses de prata e deuses de ouro; não fareis isso para vós. 24Farás para mim um altar de terra e oferecerás sobre ele os teus holocaustos, os teus sacrifícios de comunhão, as tuas ovelhas e os teus bois. Em todo o lugar em que Eu fizer recordar o meu nome, virei a ti e te abençoarei. 25Se fizeres para mim um altar de pedras, não o construirás com pedras lavradas, porque ao vibrares o teu cinzel sobre elas, profaná-las-ias. 26Não subirás por degraus ao meu altar, para que não seja descoberta a tua nudez sobre ele.

21 Leis sobre escravos hebreus (Lv 25,39-55; Dt 15,12-18) - 1São estas as normas que porás diante deles: 2quando adquirires um escravo hebreu, ele servirá seis anos; mas no sétimo, ele sairá em liberdade, sem nada pagar. 3Se veio sozinho, sairá sozinho; se tinha uma mulher, a sua mulher sairá com ele. 4Se o seu senhor lhe deu uma mulher, e se ela lhe gerou filhos ou filhas, a mulher e os seus filhos serão para o seu senhor, e ele sairá sozinho. 5Mas se o escravo declarar: ‘Eu amo o meu senhor, a minha mulher e os meus filhos, não quero sair em liberdade’, 6o seu senhor fá-lo-á aproximar de Deus, fá-lo-á aproximar da porta ou do umbral, e perfurar-lhe-á a orelha com uma sovela, e ele servi-lo-á para sempre. 7E quando um homem vender a sua filha como serva, ela não sairá como saem os escravos. 8Se ela desagradar aos olhos do seu senhor, de modo que ele não a destine para si, fá-la-á resgatar; não é senhor de a vender a um povo estrangeiro, tratando-a com deslealdade. 9E se a destinar para o seu filho, fará com ela segundo o direito das filhas. 10Se tomar outra para si, não reduzirá o seu alimento, nem o seu vestuário nem os seus direitos conjugais. 11Se não cumprir para com ela estas três coisas, ela poderá sair sem pagar nada, sem recorrer a dinheiro.

Homicídio - 12Aquele que ferir um homem até à morte, deverá morrer. 13Se ele não armou uma cilada, e foi Deus que o fez cair na sua mão, fixarei para ti um lugar onde ele se possa refugiar. 14Mas quando alguém se enfurecer contra o seu próximo para o assassinar à traição, arrancá-lo-ás até mesmo do meu altar, para que morra. 15Quem ferir o seu pai ou a sua mãe, deverá morrer. 16Quem raptar um homem e o vender, ou o retiver em seu poder, deverá morrer. 17Quem amaldiçoar o seu pai ou a sua mãe, deverá morrer.

Danos pessoais (Nm 35,16-34; Dt 19,4-13; Mt 5,38-42) - 18E quando alguns homens litigarem e um deles ferir o seu próximo com uma pedra ou com o punho, sem o matar, mas levando-o a cair de cama, 19se ele se levantar e andar por fora agarrado ao seu cajado, aquele que o feriu será absolvido; apenas lhe retribuirá pela sua paragem forçada e o curará completamente. 20E quando um homem ferir o seu escravo ou a sua serva com um bastão, e vierem a morrer sob a sua mão, serão vingados; 21se, porém, sobreviverem um dia ou dois, não serão vingados, pois eles são o seu dinheiro. 22E quando alguns homens brigarem e ferirem uma mulher grávida, e ela abortar, mas não houver acidente fatal, será paga uma indemnização, como impuser sobre o assunto o marido da mulher, e será dada através de juízes. 23Mas se houver acidente fatal, darás vida por vida, 24olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, 25queimadura por queimadura, ferida por ferida, contusão por contusão. 26E quando um homem ferir a vista do seu escravo ou a vista da sua escrava, e a destruir, deixá-los-á partir em liberdade pela sua vista. 27E se fizer cair um dente do seu escravo ou um dente da sua serva, deixá-lo-á partir em liberdade pelo seu dente. 28E quando um boi marrar num homem ou numa mulher, vindo a causar a morte, o boi será apedrejado e a sua carne não será comida, mas o dono do boi será absolvido. 29Mas se esse boi já antes marrava, e se o seu dono já tinha sido avisado e não o guardava, e se causar a morte a um homem ou a uma mulher, o boi será apedrejado e também o seu dono será morto. 30Se lhe for imposto um resgate, dará então como resgate pela sua vida tudo o que lhe for imposto. 31Se marrar num filho ou se marrar numa filha, far-se-á com ele segundo esta norma. 32Se o boi marrar num escravo ou numa serva, dar-se-á ao senhor deles trinta siclos em dinheiro, e o boi será apedrejado.

Danos contra a propriedade - 33E quando um homem destapar um poço, ou quando um homem escavar um poço e não o cobrir, e lá cair um boi ou um jumento, 34o dono do poço pagará em dinheiro ao seu dono, mas o animal morto será para ele. 35E quando o boi de um homem ferir de morte o boi do seu próximo, venderão o boi vivo e repartirão o seu dinheiro; e repartirão também o morto. 36Mas se era conhecido que aquele boi já antes marrava, e o seu dono não o guardou, terá de pagar boi por boi, e o animal morto será para ele. 37E quando um homem roubar um boi ou um animal do rebanho, e o abater ou o vender, pagará cinco bois pelo boi, e quatro ovelhas pelo animal do rebanho.

22 1Se o ladrão for surpreendido quando procede a um arrombamento, e for ferido de morte, não haverá para ele vingança de sangue. 2Se o sol brilhava sobre ele, haverá para ele vingança de sangue. Ele deverá pagar; se não tiver com que pagar, será vendido pelo seu roubo. 3Se for encontrado na sua mão o roubo de um boi ou de um jumento ou de um animal do rebanho ainda vivos, pagará o dobro. 4Quando um homem tiver em pastagem um campo ou uma vinha, e deixar o seu gado pastar no campo de outrem, pagará com o melhor do seu campo e com o melhor da sua vinha. 5Quando um fogo alastrar e alcançar espinheiros, e devorar medas ou searas ou campos, o incendiário pagará o que tiver sido queimado.

Danos particulares (Lv 5,20-26) - 6Quando um homem der ao seu próximo dinheiro ou objectos para guardar, e forem roubados de casa do homem, se o ladrão for encontrado, pagará o dobro; 7se o ladrão não for encontrado, o dono da casa jurará diante de Deus que não pôs a sua mão sobre os bens do seu próximo. 8Em toda a causa de litígio sobre um boi, sobre um jumento, sobre um animal do rebanho, sobre vestuário, sobre qualquer coisa perdida, o litígio apresentar-se-á diante de Deus; aquele que Deus declarar culpado pagará o dobro ao seu próximo. 9Quando um homem der ao seu próximo um jumento, ou um boi, ou um animal do rebanho, ou qualquer animal para guardar, e este morrer, ou fracturar um membro, ou for levado, sem ninguém ver, 10haverá um juramento em nome do Senhor entre as duas partes. Se este não estendeu a sua mão sobre os bens do seu próximo, o seu dono aceitará, e o outro nada pagará. 11Mas se foi roubado junto dele, pagará ao seu dono. 12Se foi despedaçado, trará como prova o animal despedaçado, e nada pagará. 13E quando um homem pedir emprestado ao seu companheiro um animal, e for fracturado um membro ou morrer, e o seu dono não estiver com ele, terá de pagar. 14Se o seu dono estiver com ele, não pagará. Se ele tinha sido alugado, pagará o preço do seu aluguer. 15E quando um homem seduzir uma virgem que não esteja noiva, e se deitar com ela, dar-lhe-á o dote e será sua esposa. 16Se o pai dela se recusa terminantemente a dar-lha, ele pagará em dinheiro conforme o dote das virgens. 17Não deixarás viver a feiticeira. 18Todo aquele que se deitar com um animal deverá morrer. 19Quem sacrifica aos deuses será votado ao anátema, excepto se sacrifica ao Senhor e só a Ele. 20Não usarás de violência contra o estrangeiro residente nem o oprimirás, porque foste estrangeiro residente na terra do Egipto. 21Não maltratarás nenhuma viúva nem nenhum órfão. 22Se tu o maltratares, e se ele clamar a mim, hei-de ouvir o seu clamor; 23a minha ira inflamar-se-á e matar-vos-ei à espada, e as vossas mulheres ficarão viúvas e os vossos filhos ficarão órfãos. 24Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, ao indigente que está contigo, não serás para ele como um usurário: não lhe imporás juros. 25Se penhorares o manto do teu próximo, devolver-lho-ás até ao pôr-do-sol, 26porque a capa é tudo o que ele tem para cobrir a pele. Com que é que ele se deitaria? E se vier a clamar a mim, ouvi-lo-ei, porque Eu sou misericordioso. 27Não blasfemarás contra Deus e não amaldiçoarás um chefe do teu povo. 28Não reterás os teus frutos maduros e o que escorre do teu lagar. Dar-me-ás o primogénito dos teus filhos. 29Farás o mesmo com o primogénito do teu boi e das tuas ovelhas: sete dias ficará com a sua mãe, e no oitavo dia mo darás. 30Sereis para mim homens santos. Não comereis carne de animal despedaçado no campo. Lançá-la-eis aos cães.
23 Deveres de justiça - 1Não levantarás rumores falsos. Não ponhas a tua mão com o culpado, para seres uma testemunha de injustiça. 2Não irás atrás da maioria para o mal, e não intervirás num processo para te inclinares atrás da maioria, violando a justiça. 3Não favorecerás o fraco no seu processo. 4Quando encontrares um boi do teu inimigo ou o seu jumento, desgarrados, tu lhos levarás de volta. 5Quando vires um jumento daquele que te odeia caído debaixo da sua carga, não o abandones. Deves soltá-lo com ela. 6Não falsificarás a norma dos teus pobres no seu processo. 7Manter-te-ás longe da causa mentirosa.Não matarás um inocente e um justo, porque Eu não declaro justo um culpado. 8Não aceitarás presentes, porque o presente cega aqueles que vêem e perverte as palavras dos justos. 9Não oprimirás um estrangeiro residente; vós conheceis a vida do estrangeiro residente, porque fostes estrangeiros residentes na terra do Egipto.
Ano sabático e sábado (Lv 23,3-4; 25,1-7) - 10Durante seis anos semearás a tua terra e colherás o seu produto. 11No sétimo ano, porém, deixá-la-ás em pousio e abandoná-la-ás; os pobres do teu povo comerão, e os animais do campo comerão o que restar. Farás do mesmo modo para a tua vinha, para o teu olival. 12Durante seis dias farás os teus afazeres, mas no sétimo dia deixarás de trabalhar, para que descansem o teu boi e o teu jumento, e tomem fôlego o filho da tua serva e o estrangeiro residente. 13Guardareis tudo o que vos disse. Do nome de outros deuses não fareis menção: não se oiça na vossa boca.

Festas anuais (34,14-26; Lv 23,1-43; 25,1-22; Dt 16,1-17) - 14Três vezes no ano, farás uma festa em minha honra. 15Guardarás a festa dos pães sem fermento. Durante sete dias comerás pães sem fermento, como te ordenei, no tempo fixado do mês de Abib, porque foi nele que saíste do Egipto. E ninguém se apresente diante de mim de mãos vazias. 16Guardarás também a festa da ceifa, das primícias do teu trabalho, daquilo que semeaste no campo, e a festa da colheita, à saída do ano, quando recolheres os teus frutos do campo. 17Três vezes no ano todos os teus varões se apresentarão diante do Senhor DEUS. 18Não oferecerás o sangue do meu sacrifício com pão fermentado; e a gordura da minha festa não passará a noite até de manhã. 19Trarás à casa do Senhor, teu Deus, os primeiros frutos das primícias do teu solo.Não ferverás um cabrito no leite da sua mãe.

Promessas e recomendações antes da partida para Canaã - 20Eis que Eu envio um anjo diante de ti, para te guardar no caminho e para te fazer entrar no lugar que Eu preparei. 21Mantém-te atento na sua presença e escuta a sua voz. Não lhe causes amargura, porque ele não suportará a vossa transgressão, porque está nele a minha autoridade. 22Mas se escutares a sua voz e se fizeres tudo o que Eu falar, Eu serei inimigo dos teus inimigos e serei adversário dos teus adversários, 23pois o meu anjo caminhará diante de ti e te fará entrar na terra do amorreu, do hitita, do perizeu, do cananeu, do heveu e do jebuseu, e Eu exterminá-lo-ei. 24Não te prostrarás diante dos seus deuses, não os servirás, não farás como eles fazem, mas destruí-los-ás e quebrarás as suas estelas. 25Servireis o Senhor, vosso Deus, e Ele abençoará o teu pão e a tua água, e Eu afastarei a doença do meio de ti. 26Não haverá na tua terra mulher que aborte ou que seja estéril, e Eu encherei o número dos teus dias. 27Enviarei diante de ti o meu pavor e provocarei a confusão em todos os povos em cuja terra entrares, e todos os teus inimigos fugirão de ti. 28Enviarei diante de ti vespas, para que expulsem da tua frente o heveu, o cananeu e o hitita. 29Não os expulsarei da tua frente num ano só, para que a terra não fique deserta, e se multipliquem contra ti os animais do campo. 30Vou expulsá-los da tua frente pouco a pouco, até que tenhas crescido e possas herdar a terra. 31Fixarei os teus confins desde o Mar dos Juncos até ao mar dos Filisteus, e do deserto até ao rio, pois colocarei nas tuas mãos os habitantes da terra, e tu os expulsarás da tua frente. 32Não farás aliança com eles nem com os seus deuses. 33Eles não habitarão na tua terra, para que não te façam pecar contra mim; porque tu servirias os seus deuses, e isso seria para ti uma armadilha.»

24 Ritos da aliança (Js 24,16-22; Mt 26,28; Heb 9,18-22) - 1E Ele disse a Moisés: «Sobe ao encontro do Senhor, tu, Aarão, Nadab, Abiú e setenta dos anciãos de Israel, e prostrar-vos-eis de longe. 2Moisés aproximar-se-á sozinho do Senhor. Eles não se aproximarão, e o povo não subirá com ele.» 3Moisés veio e relatou ao povo todas as palavras do Senhor e todas as normas, e todo o povo respondeu a uma só voz, e disse: «Poremos em prática todas as palavras que o Senhor pronunciou.» 4Moisés escreveu todas as palavras do Senhor. Levantou-se de manhã cedo e construiu um altar no sopé da montanha, e doze estelas pelas doze tribos de Israel. 5E enviou os jovens dos filhos de Israel, e ofereceram holocaustos e sacrificaram ao Senhor novilhos como sacrifícios de comunhão. 6Moisés tomou metade do sangue e colocou-o em bacias, e metade do sangue espalhou-o sobre o altar. 7Tomou o Livro da Aliança e leu-o na presença do povo, que disse: «Tudo o que o Senhor disse, nós o faremos e obedeceremos.» 8Moisés tomou o sangue e aspergiu com ele o povo, dizendo: «Eis o sangue da aliança que o Senhor concluiu convosco, mediante todas estas palavras.»

Aparição do Senhor - 9Moisés subiu com Aarão, Nadab e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel. 10Contemplaram o Deus de Israel. Sob os seus pés, havia como que um pavimento de safiras, tão puro como o próprio céu. 11E Ele não estendeu a mão contra estes eleitos dos filhos de Israel, os quais contemplaram a Deus e depois comeram e beberam. 12O Senhor disse a Moisés: «Sobe até mim, ao alto da montanha; e fica ali para que Eu te dê as tábuas de pedra, com as leis e os mandamentos que nelas escrevi, para lhos ensinares.» 13Moisés partiu com Josué, seu servidor, e subiu ao monte de Deus. 14E aos anciãos ele disse: «Esperai aqui por nós até regressarmos para junto de vós. Eis que Aarão e Hur ficam convosco. Todo aquele que tiver uma questão, dirija-se a eles.» 15E Moisés subiu à montanha. A nuvem cobria a montanha, 16e a glória do Senhor permaneceu sobre a montanha do Sinai, e a nuvem envolveu-o durante seis dias. No sétimo dia, o Senhor chamou por Moisés do meio da nuvem. 17Aos olhos dos filhos de Israel, a majestade do Senhor tinha o aspecto de um fogo devorador no cimo da montanha. 18Moisés entrou pelo meio da nuvem e subiu à montanha, e ali esteve Moisés durante quarenta dias e quarenta noites.

IV. CÓDIGO SACERDOTAL (25,1-31,18; ver 35,1-40,38)
25 O santuário. As ofertas (35, 4-29) - 1O Senhor falou a Moisés, dizendo-lhe: 2«Fala aos filhos de Israel para que me façam uma oferta. Recebê-la-eis de todo o homem que a der de boa vontade. 3Recebereis deles as seguintes ofertas: ouro, prata, bronze, 4púrpura violácea, púrpura escarlate, púrpura carmesim, linho fino, pêlo de cabra, 5peles de carneiro tingidas de vermelho, couro fino, madeira de acácia, 6azeite para o lampadário, aromas para o óleo de unção e para o incenso de queimar, 7pedras de ónix e outras pedras para guarnecer a insígnia sacerdotal e o peitoral. 8Construir-me-eis um santuário, para que resida no meio deles. 9Fareis o santuário e todos os seus utensílios, de acordo com os modelos que vou mostrar-vos.»

A Arca, o propiciatório e os querubins (37,1-9; 1 Rs 6,23-35) - 10«Fareis uma Arca de madeira de acácia, e terá de comprimento dois côvados e meio; um côvado e meio de largura, um côvado e meio de altura. 11Revesti-la-ás de ouro puro, tanto no interior como no exterior, e cercá-la-ás de uma cornija de ouro. 12Fundirás, para a Arca, quatro argolas de ouro, e fixá-las-ás nos seus quatro ângulos: duas de um lado, duas de outro. 13Mandarás fazer varais de madeira de acácia revestidos de ouro; 14introduzirás os varais nas argolas, ao longo dos lados da Arca, a fim de servirem para a transportar. 15Os varais devem estar sempre nas argolas da Arca; não mais poderão ser retirados. 16Depositarás na Arca o testemunho que te darei. 17Também farás um propiciatório de ouro puro, com dois côvados e meio de comprimento, e um côvado e meio de largura. 18Depois, farás dois querubins de ouro martelado, de uma só peça, sobressaindo nas duas extremidades do propiciatório, 19um querubim numa extremidade e outro querubim na outra extremidade, de maneira que fiquem em frente um do outro. 20Estes querubins terão as asas estendidas para diante, cobrindo com elas o propiciatório, estarão voltados um para o outro, e os seus rostos estarão inclinados para o propi-ciatório. 21Colocarás o propiciatório sobre a Arca e porás dentro da Arca o testemunho que te darei. 22É ali que me encontrarei contigo; é do alto do propiciatório, entre os dois querubins dispostos sobre a Arca do testemunho, que te comunicarei todas as minhas ordens para os filhos de Israel.»

A mesa dos pães da oferenda (37, 10-16; Lv 24,5-9; 1 Rs 7,48-50) - 23«Construirás em seguida uma mesa de madeira de acácia, que terá de comprimento dois côvados, de largura um côvado, e de altura um côvado e meio. 24Revesti-la-ás de ouro puro e rodeá-la-ás de uma moldura de ouro. 25Adaptarás a toda a volta uma moldura de uma mão de largura, com uma cercadura de ouro. 26Farás para a mesa quatro argolas de ouro e prendê-las-ás nas quatro extremidades, formadas pelos seus quatro pés. 27Estas argolas estarão colocadas frente a frente e por elas passarão varais destinados ao transporte da mesa. 28Farás os varais de madeira de acácia revestidos de ouro e servirão para transportar a mesa. 29Farás as escudelas, as colheres, os vasos e as taças para as libações, de ouro puro. 30Colocarás sobre esta mesa os pães da oferenda, que estarão permanentemente diante de mim.»

O candelabro (37,17-24; Lv 24,2-4) - 31«Farás também um candelabro de ouro puro. Fá-lo-ás de ouro martelado; a sua base e a sua haste serão feitas de uma só peça; os cálices, os botões e as flores formarão uma única peça com ele. 32Seis braços partirão dos lados, três de um lado e três do outro. 33Num braço haverá três cálices, em forma de flor de amendoeira, com botão e flor, e três cálices, em forma de flor de amendoeira, com botão e flor, no outro braço; e assim hão-de ser os restantes braços que saiam do candelabro. 34Na haste central do candelabro, haverá quatro taças em forma de flor de amendoeira, com os seus botões e flores; 35haverá um botão sob os dois primeiros braços que saírem do candelabro, um botão sob os dois braços seguintes, e um botão sob os dois últimos: será assim para os seis braços do candelabro. 36Estes botões e estes braços formarão uma única peça com o candelabro, e todo o conjunto será feito de uma só barra de ouro puro. 37Depois farás sete lâmpadas, que hão-de ser colocadas de maneira a iluminarem a parte da frente. 38Os espevitadores e os vasos para os morrões serão de ouro puro. 39Empregar-se-á um talento de ouro puro na execução do candelabro e de todos estes acessórios. 40Toma todas as providências para que o trabalho seja executado segundo o modelo que te mostrei neste monte.»

26 O santuário (36,8-19; Heb 9,1-5) - 1«A seguir farás o santuário, com dez tapeçarias de linho tecido de púrpura violácea, púrpura escarlate e púrpura carmesim, nas quais serão bordados artisticamente querubins. 2Cada tapeçaria terá vinte e oito côvados de comprimento e quatro côvados de largura. Todas as outras tapeçarias terão as mesmas dimensões. 3Cinco destas tapeçarias serão unidas umas às outras, e as restantes cinco também serão unidas umas às outras. 4Na orla da tapeçaria que está na extremidade do primeiro conjunto, colocarás laços de púrpura violácea; farás o mesmo para a orla da tapeçaria que termina o outro conjunto. 5Farás cinquenta laços para a primeira tapeçaria e cinquenta laços para a extremidade da última tapeçaria do segundo conjunto, de modo que os laços se correspondam uns aos outros. 6Farás também cinquenta ganchos de ouro, e unirás as tapeçarias umas às outras com estes ganchos a fim de que o santuário forme um todo. 7Farás tapeçarias de pêlo de cabra para formar uma tenda por cima do santuário. Farás onze dessas tapeçarias. 8O comprimento de uma delas será de trinta côvados e a largura de quatro côvados; todas as onze tapeçarias terão a mesma medida. 9Unirás cinco dessas tapeçarias de um lado, e as seis restantes do outro, ficando a sexta dobrada diante da entrada da tenda. 10Colocarás cinquenta laços na orla da tapeçaria que está na extremidade de um conjunto, e cinquenta laços na orla da outra. 11Farás cinquenta ganchos de cobre que introduzirás nos laços, e unirás assim a tenda, de modo a formar um todo. 12E o resto que sobejar das tapeçarias da tenda, a metade da tapeçaria que sobejar, cairá sob a face posterior do santuário. 13Os côvados excedentes, um de um lado e o outro do lado contrário, ao comprido das tapeçarias da tenda, cairão sobre cada um dos lados do santuário para o cobrir. 14Farás para a tenda uma cobertura de peles de carneiro tingidas de vermelho e, por cima, uma cobertura de peles finas.»

As pranchas de madeira (36,20-34) - 15«Farás também para o santuário pranchas verticais de madeira de acácia. 16O comprimento de cada prancha será de dez côvados e a largura será de um côvado e meio. 17Cada prancha terá dois encaixes, para se unirem umas às outras. Farás o mesmo para todas as pranchas do santuário. 18Farás, portanto, para o santuário, vinte pranchas, que hão-de ser colocadas na direcção do Négueb, ao sul. 19Distribuirás, sob as vinte pranchas, quarenta suportes de prata, dois sob cada prancha, para os dois encaixes. 20Para o segundo lado do santuário, ao norte, farás vinte pranchas, 21e quarenta suportes de prata, sendo dois suportes para cada prancha. 22Para o fundo do santuário, ao ocidente, farás seis pranchas. 23Farás duas pranchas para os ângulos do fundo do santuário: 24estarão unidas em baixo e igualmente unidas em cima, por meio de uma só argola. Far-se-á o mesmo com as duas pranchas colocadas nos dois ângulos. 25Serão, pois, oito pranchas, com os seus suportes de prata em número de dezasseis, dois sob cada prancha. 26Farás travessas de madeira de acácia, cinco para as pranchas de um dos lados do santuário, 27cinco travessas para as pranchas do segundo lado e cinco travessas para as pranchas do santuário do lado ocidental, formando o fundo. 28A travessa do meio, ao centro das pranchas, ligá-la-ás de uma à outra extremidade. 29Revestirás de ouro as argolas pelas quais passarão as travessas, revestidas também de ouro. 30Assim construirás o santuário, conforme a norma que te mostrei neste monte.»

Véu do santuário (36,35-38) - 31«Farás, a seguir, um véu de púrpura violácea, de púrpura escarlate, de púrpura carmesim e de linho tecido, artisticamente fabricado, e no qual serão bordados querubins. 32Suspendê-lo-ás em quatro colunas de madeira de acácia revestidas de ouro, com ganchos de ouro sobre quatro pedestais de prata. 33Prenderás o véu nos ganchos e, neste recinto protegido pelo véu, depositarás a Arca do testemunho. O véu marcará para vós a separação entre o santuário e o Santo dos Santos. 34Colocarás o propiciatório sobre a Arca do testemunho, no Santo dos Santos. 35Colocarás a mesa da parte de fora do véu, e o candelabro em frente da mesa, do lado sul do santuário, ficando a mesa do lado norte. 36Para a entrada da tenda farás uma cortina de protecção de púrpura violácea, de púrpura escarlate, de púrpura carmesim e de linho tecido, artisticamente bordado. 37Farás para esta cortina cinco colunas de acácia, revestidas de ouro; os seus ganchos serão de ouro, e fundirás para elas cinco bases de cobre.»

27 Altar dos holocaustos (38,1-7; Ez 43,13-17) - 1«Farás o altar de madeira de acácia, com cinco côvados de comprimento e cinco côvados de largura. O altar será quadrado e terá três côvados de altura. 2Nos quatro ângulos, modelarás hastes que formarão uma única peça com o altar e revesti-lo-ás de cobre. 3Farás para o altar cinzeiros, para recolher as cinzas, pás, bacias e braseiros; todos estes utensílios serão feitos de cobre. 4Farás também uma grade de cobre, em forma de rede, e adaptarás a esta rede, nos seus quatro cantos, quatro argolas de cobre. 5Colocá-la-ás, em baixo, sob a cornija do altar, e esta grade erguer-se-á até ao meio do altar. 6Farás, para o altar, varais de madeira de acácia, revestidos de cobre. 7Estes varais, metidos nas argolas, estarão dos dois lados do altar, quando for transportado. 8O altar será de madeira, oco por dentro, como te mostrei no monte, e assim o executarão.»

O átrio (38,9-20; Ez 40,17-49) - 9«Construirás, a seguir, o átrio do santuário. Do lado sul, o átrio terá cortinas de linho tecido, num comprimento de cem côvados, formando um lado. 10Terá vinte colunas assentes sobre vinte bases de cobre. Os ganchos das colunas e as suas molduras serão de prata. 11Do lado norte, haverá também cortinas no comprimento de cem côvados, com vinte colunas e as suas vinte bases de cobre; os ganchos e as molduras serão de prata. 12Do lado ocidental, na largura do átrio, haverá cinquenta côvados de cortinas, com dez colunas munidas de dez bases. 13Do lado oriental, a largura do átrio será de cinquenta côvados: 14quinze côvados de cortinas, com três colunas de três bases formarão uma ala. 15A segunda ala terá, igualmente, quinze côvados de cortinas com três colunas e três bases. 16A porta do átrio será uma cortina com vinte côvados, de púrpura violácea, púrpura escarlate, púrpura carmesim e linho tecido, artisticamente bordado, e terá quatro colunas e quatro bases. 17Todas as colunas que delimitam o recinto do átrio serão ligadas por varais de prata, os ganchos serão de prata e as bases de cobre. 18O comprimento do átrio será de cem côvados; a largura de cinquenta e terá de altura cinco côvados de cortinas de linho tecido, com bases de cobre. 19Todos os utensílios destinados aos serviços do santuário, todas as suas cavilhas, e todas as cavilhas do átrio serão de cobre. 20Ordenarás aos filhos de Israel que te tragam para o candelabro azeite puro de azeitonas pisadas, a fim de manter as lâmpadas sempre acesas. 21Na tenda de reunião, da parte de fora do véu que encobre o testemunho, Aarão e os seus filhos colocarão este óleo para arder, desde a tarde até de manhã, na presença do Senhor. E é esta uma lei perpétua a observar pelos filhos de Israel e pelas suas gerações futuras.»

28 Vestes sacerdotais - 1«Manda vir para junto de ti, de entre os filhos de Israel, o teu irmão Aarão e os seus filhos, a fim de exercerem o sacerdócio em minha honra; Aarão com Nadab, Abiú, Eleázar e Itamar, seus filhos. 2Farás, para o teu irmão Aarão, vestes sagradas, pela sua dignidade e como ornamento. 3Encarregarás então, todos os artífices capazes, que dotei com o espírito da sabedoria, de confeccionarem as vestes de Aarão, para o santificarem e para exercer o meu sacerdócio. 4As vestes que terão de fazer, são as seguintes: um peitoral, uma insígnia sacerdotal, um manto, uma túnica bordada, uma tiara e um cíngulo. São estas as vestes que hão-de fazer para Aarão, teu irmão, e para os filhos, a fim de exercerem o sacerdócio, ao meu serviço. 5Utilizarão o ouro, a púrpura violácea, a púrpura escarlate, a púrpura carmesim e o linho fino.»
Insígnia sacerdotal (39,2-7) - 6«A insígnia sacerdotal será feita de ouro, de púrpura violácea, de púrpura escarlate, de púrpura carmesim e de linho tecido, trabalhado por um artista. 7Nas suas duas extremidades, terá duas ombreiras para unir uma à outra. 8O cíngulo, que se prenderá por cima para o fixar, será trabalhado da mesma forma e do mesmo tecido: será de ouro, de púrpura violácea, de púrpura escarlate, de púrpura carmesim e de fios de linho. 9Tomarás duas pedras de ónix e gravarás nelas os nomes dos filhos de Israel: 10seis dos seus nomes numa pedra e os nomes dos outros seis na outra pedra, segundo a sua ordem de nascimento. 11Gravarás nas duas pedras os nomes dos filhos de Israel, como os lapidários sabem gravar em pedras preciosas e sinetes, e as duas pedras serão cravadas e embutidas em ouro. 12Adaptarás estas duas pedras às ombreiras da insígnia, em memória dos filhos de Israel, cujos nomes serão levados por Aarão, nas suas duas ombreiras, à presença do Senhor, como recordação. 13Farás também cravações de ouro 14e duas pequenas correntes de ouro puro, entrançadas em forma de cordões, que prenderás nas cravações.»

O peitoral (39,8-21) - 15«Farás o peitoral do julgamento, artisticamente trabalhado, do mesmo tecido que a insígnia; fá-lo-ás de ouro, de púrpura violácea, de púrpura escarlate, de púrpura carmesim e de linho tecido. 16Será quadrado, dobrado em dois, com um palmo de comprimento e um palmo de largura. 17Guarnecê-lo-ás de quatro filas de pedrarias. Na primeira fila colocarás um rubi, um topázio e uma esmeralda; 18na segunda fila, um jaspe, uma safira e um diamante; 19na terceira fila, uma opala, uma ágata e uma ametista; 20na quarta fila, um crisólito, um ónix e um jaspe. Todas estas pedras serão cravadas em ouro, 21em número de doze, correspondendo aos nomes dos filhos de Israel; em cada uma delas será gravado o nome de cada uma das doze tribos, como se gravam nos sinetes. 22Farás também, para o peitoral, pequenas correntes de ouro puro, entrançadas em forma de cordões. 23Farás, igualmente, para o peitoral, duas argolas de ouro, que colocarás nas duas extremidades do peitoral. 24Passarás as duas correntes de ouro pelas duas argolas das extremidades do peitoral; 25fixarás as duas pontas de cada corrente nas duas cravações, e adaptá-las-ás, pela frente, às ombreiras da insígnia. 26Farás também duas argolas de ouro, que colocarás nas duas extremidades do peitoral, na orla interior que se contrapõe à insígnia. 27E farás outras duas argolas de ouro, que fixarás sob as duas ombreiras da insígnia do lado anterior, no sítio em que se unem, por cima do cíngulo da insígnia. 28Prender-se-á o peitoral, juntando as suas argolas às argolas da insígnia por meio de um cordão de púrpura violácea, de forma a fixá-lo sobre o cíngulo da insígnia; e assim o peitoral não oscilará. 29Quando Aarão entrar no santuário, levará sobre o coração os nomes dos filhos de Israel, gravados no peitoral do julgamento, em perpétua recordação diante do Senhor. 30No peitoral do julgamento colocarás os dados sagrados, para que estejam sobre o peito de Aarão, quando ele se apresentar diante do Senhor. Assim levará Aarão, constantemente, sobre o coração, diante do Senhor, o julgamento dos filhos de Israel.»

O manto (39,22-31) - 31«Farás o manto da insígnia inteiramente de púrpura violácea. 32A abertura superior será redonda e guarnecida a toda a volta por um debrum tecido, como na abertura de uma cota de malha, para evitar rasgões. 33Na barra colocarás romãs de púrpura violácea, de púrpura escarlate, de púrpura carmesim, entremeadas de campainhas de ouro, a toda a volta. 34Uma campainha de ouro e depois, uma romã; uma campainha de ouro e depois outra romã, na barra do manto e a toda a volta. 35Aarão vesti-lo-á para exercer as suas funções, quando entrar no santuário, diante do Senhor, e quando sair ouvir-se-á o som das campainhas, para que ele não morra.»

A lâmina de ouro (39,30-31) - 36«Farás uma lâmina de ouro puro na qual gravarás, como se fora num sinete: "Consagrado ao Senhor." 37Prendê-la-ás com uma fita de púrpura violácea, à frente da tiara. 38Estará sobre a fronte de Aarão, que carregará, assim, os pecados cometidos pelos filhos de Israel, ao consagrarem as suas ofertas religiosas. Estará sempre sobre a fronte de Aarão, na presença do Senhor, para que os filhos de Israel obtenham benevolência. 39Farás a túnica de linho, a tiara também de linho e o cíngulo será bordado. 40Para os filhos de Aarão farás, igualmente, túnicas, cíngulos, e farás tiaras como sinal de dignidade e como ornamento. 41Revestirás com ele o teu irmão Aarão e os seus filhos; hás-de ungi-los, investi-los e consagrá-los, para que sejam sacerdotes ao meu serviço. 42Farás também calções de linho vulgar, a fim de lhes cobrir a nudez, desde a cinta até às coxas. 43Aarão e os filhos hão-de usá-los, quando entrarem na tenda da reunião, ou quando se aproximarem do altar para oficiar no santuário; assim, não incorrerão em falta e não morrerão. Esta é uma norma perpétua para Aarão e para os seus descendentes.»

29 Consagração dos sacerdotes (40,12-15; Lv 8,1-36; Heb 7,26-28) - 1«Procederás como se segue, para os consagrares como sacerdotes ao meu serviço: 2separarás um novilho e dois carneiros sem defeito; pães sem fermento, tortas sem fermento amassadas com azeite, e filhós sem fermento, untadas de azeite. Tudo será preparado com flor de farinha de trigo. 3Colocá-los-ás num cesto, para serem oferecidos ao mesmo tempo que o novilho e os dois carneiros. 4Mandarás que Aarão e os seus filhos avancem até à entrada da tenda da reunião, e lavá-los-ás com água. 5Depois, tomarás as vestes e revestirás Aarão com a túnica, o manto da insígnia sacerdotal, a insígnia e o peitoral que apertarás com o cíngulo da insígnia. 6Impôr-lhe-ás a tiara na cabeça, e sobre a tiara colocarás o diadema santo. 7Tomarás o óleo da unção e, derramando-o sobre a sua cabeça, ungi-lo-ás. 8Mandarás aproximar os filhos e revesti-los-ás com as túnicas. 9Cingirás com o cíngulo Aarão e os seus filhos, aos quais imporás as tiaras. O sacerdócio pertencer-lhes-á por uma norma perpétua. É assim que sagrarás Aarão e os seus filhos.»
Sacrifícios de consagração (Ez 43,18-27) - 10«Conduzirás o novilho para a frente da tenda da reunião. Aarão e os seus filhos imporão as mãos sobre a cabeça do novilho. 11Na presença do Senhor, imolarás o novilho, à entrada da tenda da reunião. 12Molhando o teu dedo no sangue do novilho, ungirás as hastes do altar e derramarás todo o sangue na base do altar. 13Tomarás toda a gordura que cobre as entranhas, a membrana do fígado, os dois rins com a gordura que os envolve, e queimarás tudo sobre o altar. 14Mas a carne do novilho, a sua pele e o seu excremento, hás-de queimá-los fora do acampamento: este é um sacrifício pelo pecado. 15Tomarás um dos carneiros, sobre a cabeça do qual Aarão e os seus filhos imporão as mãos. 16Depois de o teres imolado, tomarás o seu sangue e derramá-lo-ás sobre todos os lados do altar. 17Dividirás o carneiro em quartos e, depois de lhe teres lavado as entranhas e as patas, colocá-las-ás sobre os quartos e sobre a cabeça, 18e queimarás todo o carneiro sobre o altar. Este é um holocausto ao Senhor, um sacrifício de agradável odor, consumido pelo fogo, em honra do Senhor. 19Tomarás em seguida o outro carneiro, sobre a cabeça do qual Aarão e os seus filhos imporão as mãos. 20Depois de o teres imolado, tomarás do seu sangue e pô-lo-ás sobre o lóbulo da orelha direita de Aarão e sobre o lóbulo da orelha direita dos seus filhos, no polegar da mão direita, no dedo grande do pé direito de cada um deles; derramarás o resto do sangue sobre todos os lados do altar. 21Tomarás do sangue que estará sobre o altar e do óleo da unção e aspergirás Aarão e as suas vestes assim como os seus filhos e as suas vestes. Ele e as suas vestes assim como os seus filhos e as vestes ficarão consagrados. 22Extrairás a gordura do carneiro, a cauda, a gordura que envolve as entranhas, a membrana do fígado, os dois rins e a gordura que os rodeia, e a coxa direita, porque é um carneiro de consagração. 23Tomarás também do cesto com os pães sem fermento, depositado diante do Senhor, um dos pães, uma das tortas e uma filhó. 24Colocarás todas estas coisas nas mãos de Aarão e nas dos seus filhos, agitando-as diante do Senhor. 25Depois, retomá-las-ás das suas mãos e queimá-las-ás sobre o altar, a seguir ao holocausto; este é um sacrifício de agradável odor oferecido ao Senhor, sacrifício oferecido em sua honra. 26Tomarás o peito do carneiro que serviu para a consagração de Aarão e agitá-lo-ás em apresentação diante do Senhor, e tornar-se-á a tua parte. 27Consagrarás, assim, do carneiro de consagração, que serviu para Aarão e para os seus filhos, o peito de apresentação e a coxa de tributo, agitando-a e elevando-a separadamente, 28a fim de que pertençam a Aarão e aos seus filhos, como um direito perpétuo, devido pelos israelitas, pois é uma oferta reservada; será a oferta reservada que os israelitas terão de oferecer, em honra do Senhor, sobre os seus sacrifícios de comunhão. 29As vestes sagradas de Aarão servirão depois para os seus filhos; hão-de usá-las quando forem ungidos e investidos. 30Aquele dos seus filhos que lhe suceder como sacerdote, aquele que entrar na tenda da reunião para fazer o serviço no santuário, deverá usá-la durante sete dias. 31Tomarás o carneiro da consagração e cozerás a sua carne num lugar santo. 32Aarão e os seus filhos comerão, à entrada da tenda da reunião, a carne do carneiro e o pão que estará no cesto. 33Comerão assim o que serviu como expiação, quando forem investidos e consagrados; nenhum estrangeiro comerá destas coisas, porque são santas. 34Se ficar para o dia seguinte carne e pão da consagração, queimarás tudo quanto sobejar; ninguém o comerá, porque está santificado. 35Relativamente a Aarão e aos seus filhos, procederás como te ordenei; investi-los-ás durante sete dias. 36Imolarás diariamente um novilho em sacrifício expiatório, além dos sacrifícios precedentes. Com este sacrifício expiatório purificarás o altar e, depois, ungi-lo-ás para o consagrar. 37Purificarás durante sete dias o altar, consagrá-lo-ás e ele será santíssimo, e tudo quanto nele tocar será sagrado.»

Holocausto perpétuo (Lv 6,2-6; Nm 28,3-8; Ez 46,13-15) - 38«Sobre o altar oferecerás o seguinte: dois cordeiros de um ano, diariamente e para sempre. 39Oferecerás um destes cordeiros de manhã e oferecerás o outro cordeiro ao entardecer. 40Com o primeiro cordeiro, oferecerás um décimo de efá de flor de farinha, amassada com um quarto de hin de azeite puro de azeitonas e uma libação de um quarto de hin de vinho. 41Oferecerás o segundo cordeiro ao entardecer, acompanhado de uma oferta e de uma libação iguais às da manhã, em sacrifício de agradável odor ao Senhor. 42Este holocausto será perpétuo e deve ser oferecido por vós, de geração em geração, à entrada da tenda da reunião, diante do Senhor, no lugar em que me encontrarei convosco, para te falar. 43É nesse lugar que me encontrarei com os filhos de Israel, e será um lugar santificado pela minha glória. 44Sim, santificarei a tenda da reunião e o altar; santificarei também Aarão e os seus filhos, para que exerçam o meu sacerdócio. 45Residirei entre os filhos de Israel e serei o seu Deus. 46Saberão que Eu, o Senhor, sou o seu Deus, que os tirei da terra do Egipto, para residir no meio deles; Eu, o Senhor, seu Deus.»

30 O altar dos perfumes (37, 25-29) - 1«Também construirás um altar para queimar perfumes, e fá-lo-ás de madeira de acácia. 2Terá um côvado de comprimento e um côvado de largura; será quadrado e terá dois côvados de altura. As suas hastes formarão com ele uma peça única. 3Revestirás de ouro puro a parte superior do altar, todos os lados e as hastes. E terá em volta uma guarnição de ouro. 4Adaptar-lhe-ás duas argolas de ouro por cima da guarnição, nos dois lados, colocando-as de um e de outro lado, para nelas se meterem os varais que servirão para o transportar. 5Farás os varais de madeira de acácia e revesti-los-ás de ouro. 6Colocarás o altar defronte do véu que encobre a Arca do testemunho, diante do propiciatório que está sobre a Arca, no lugar em que me encontrarei contigo. 7É neste lugar que Aarão queimará perfumes todas as manhãs, quando preparar as lâmpadas; 8e queimá-los-á também ao entardecer, quando acender as lâmpadas. Assim, haverá perpetuamente, de geração em geração, perfumes a arder na presença do Senhor. 9Não oferecereis sobre este altar um perfume profano, nem holocausto, nem oferenda, e não derramareis nele libação alguma. 10Aarão, uma vez por ano, purificará as hastes do altar; fá-lo-á com o sangue dos sacrifícios no dia da expiação, uma só vez por ano, que será purificado, de geração em geração. Este altar será santíssimo diante do Senhor.»

Contribuição para o culto (38,25-31) - 11O Senhor disse a Moisés: 12«Quando contares os filhos de Israel para os recenseares, cada um deles pagará ao Senhor o resgate da sua pessoa, por ocasião do recenseamento, a fim de que não caia sobre eles nenhum flagelo. 13Todos os recenseados apresentarão meio siclo, conforme o peso do santuário, que é de vinte gueras, cuja metade será a oferta reservada ao Senhor. 14Todo o homem recenseado, de vinte anos para cima, satisfará a importância devida ao Senhor. 15O rico não dará mais e o pobre não dará menos que meio siclo, para pagar o tributo que o Senhor impôs como resgate das vossas pessoas. 16Receberás dos filhos de Israel o dinheiro do resgate e empregá-lo-ás no serviço da tenda da reunião; e ele servirá de lembrança aos filhos de Israel diante do Senhor, expiando pelas vossas vidas.»

A bacia de bronze (38,8;1 Rs 7,23; Ez 40,17-49) - 17O Senhor disse a Moisés: 18«Farás uma bacia de bronze com uma base de bronze para abluções. Colocá-la-ás entre a tenda da reunião e o altar, e nela deitarás água. 19Aarão e os seus filhos lavarão ali as mãos e os pés. 20Quando entrarem na tenda da reunião, lavar-se-ão com esta água, para não morrerem; e também quando se aproximarem do altar, para o exercício do culto e para oferecerem sacrifícios ao Senhor, 21lavarão os pés e as mãos, a fim de não morrerem.Esta é uma norma perpétua para eles: para Aarão e para os seus descendentes, por todas as gerações.»
Óleo e perfume da unção (30,1-10; 37,29; 40,9-16) - 22O Senhor disse a Moisés: 23«Toma dos melhores aromas: mirra virgem, quinhentos siclos; cinamomo, metade do anterior - duzentos e cinquenta siclos; junco odorífero, duzentos e cinquenta siclos; 24cássia, quinhentos siclos, segundo o peso do siclo do santuário; e um hin de azeite de oliveira. 25Farás com isto um óleo para a unção sagrada e um perfume composto, de harmonia com a arte de perfumista. Será este o óleo para a unção sagrada. 26Ungirás com ele a tenda da reunião e a Arca do testemunho, 27a mesa e todos os acessórios, o candelabro e os acessórios, o altar dos perfumes, 28o altar dos holocaustos com todos os utensílios e a bacia com a base. 29Santificá-los-ás assim e tornar-se-ão santíssimos; tudo quanto neles tocar tornar-se-á santo. 30Ungirás com ele Aarão e os seus filhos e hás-de consagrá-los, para que exerçam o meu sacerdócio. 31Dirás então aos filhos de Israel: Este será para mim o óleo da unção sagrada, de geração em geração. 32Não será derramado sobre o corpo de um homem qualquer, e não fareis outro semelhante, com a mesma composição, porque foi santificado; é para vós uma coisa sagrada. 33Quem dele fizer uma imitação, ou com ele ungir um profano, será excluído do seu povo.» 34O Senhor disse a Moisés: «Escolhe ingredientes em partes iguais: bálsamo, unha aromática, gálbano, diversos ingredientes e incenso puro. 35Farás com esta mistura um perfume preparado com sal, segundo a arte de perfumista; será uma coisa pura e santa. 36Reduzi-lo-ás a um pó fino e colocá-lo-ás diante do testemunho, na tenda da reunião, onde me encontrarei contigo. Este perfume será para vós uma coisa santíssima. 37Não fareis para vosso uso outro perfume com a mesma composição. Considerá-lo-ás coisa sagrada, reservada ao Senhor. 38Quem dela fizer uma imitação para aspirar o aroma, será excluído do seu povo.»

31 Os artífices do santuário (35,30-36,7) - 1O Senhor disse a Moisés: 2«Olha, Eu designei expressamente Beçalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá 3e enchi-o do espírito de Deus, de habilidade, sabedoria e inteligência para toda a espécie de trabalhos, 4para idealizar projectos, trabalhar o ouro, a prata e o cobre; 5gravar pedras e cravá-las, trabalhar a madeira e executar toda a espécie de obras. 6Como auxiliar, dei-lhe Ooliab, filho de Aisamac, da tribo de Dan. Enchi de sabedoria o coração de todo o homem hábil, para que possa executar quanto te ordenei: 7a tenda da reunião, a Arca do testemunho, o propiciatório que a cobrirá e todas as peças da tenda; 8a mesa com os acessórios, o candelabro de ouro puro e todos os acessórios e o altar do perfume; 9o altar do holocausto e todos os utensílios, e a bacia com a base; 10as vestes litúrgicas, as vestes sagradas para o sacerdote Aarão e as dos seus filhos para as funções sacerdotais; 11o óleo de unção e o perfume aromático para o santuário. Executarão todas as ordens que te dei.»
O sábado (20,8-11; 35,1-3; Nm 15,32-41) - 12O Senhor falou assim a Moisés: 13«Diz aos filhos de Israel: Guardai o meu sábado, porque é um sinal perpétuo entre mim e vós, em todas as vossas gerações, para que se saiba que sou Eu, o Senhor, quem vos santifica. 14Guardai, então, o sábado, porque é para vós uma coisa santa. Quem o violar será punido com a morte; quem nesse dia fizer qualquer trabalho será excluído do meio do seu povo. 15Trabalhar-se-á durante seis dias, mas no sétimo dia haverá descanso total consagrado ao Senhor. Quem trabalhar no dia de sábado será punido com a morte. 16Portanto, os filhos de Israel guardarão o sábado, através de todas as suas gerações, como uma aliança perpétua. 17Entre mim e os filhos de Israel é um sinal externo de que o Senhor fez os céus e a Terra em seis dias, e que no sétimo dia terminou a obra e descansou.»

As Tábuas da Lei - 18Depois de ter acabado de falar a Moisés no monte Sinai, Deus entregou-lhe as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas com o seu dedo.

V. RENOVAÇÃO DA ALIANÇA (32,1-34,35)

32 O bezerro de ouro (Dt 9,15-29; Sl 106,19-23; Act 7,39-41) - 1Vendo que Moisés demorava a descer do monte, o povo reuniu-se à volta de Aarão e disse-lhe: «Vamos! Façamos para nós um deus que caminhe à nossa frente, pois a Moisés, esse homem que nos persuadiu a sair do Egipto, não sabemos o que lhe terá acontecido.» 2Aarão respondeu-lhes: «Tirai as argolas de ouro das orelhas das vossas mulheres, dos vossos filhos e das vossas filhas, e trazei-mas.» 3Eles tiraram as argolas que tinham nas orelhas e levaram-nas a Aarão. 4Recebeu-as das mãos deles, deitou-as num molde e fez um bezerro de metal fundido. Então exclamaram: «Israel, aqui tens o teu deus, aquele que te fez sair do Egipto.» 5Vendo isso, Aarão construiu um altar diante do ídolo, e disse em voz alta: «Amanhã haverá festa em honra do Senhor.» 6No dia seguinte de manhã, ofereceram holocaustos e sacrifícios de comunhão. O povo sentou-se para comer e beber e depois levantou-se para se divertir. 7O Senhor disse a Moisés: «Vai, desce, porque o teu povo, aquele que tiraste do Egipto, está pervertido. 8Desviaram-se bem depressa do caminho que lhes prescrevi. Fizeram um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele, ofereceram-lhe sacrifícios e disseram: «Israel, aqui tens o teu deus, aquele que te fez sair do Egipto.» 9O Senhor prosseguiu: «Vejo bem que este povo é um povo de cerviz dura. 10Agora, deixa-me; a minha cólera vai inflamar-se contra eles e destruí-los-ei. Mas farei de ti uma grande nação.» 11Moisés implorou ao Senhor, seu Deus, dizendo-lhe: «Porquê, Senhor, a tua cólera se inflamará contra o teu povo, que fizeste sair do Egipto com tão grande poder e com mão tão poderosa? 12Não é conveniente que se possa dizer no Egipto: ‘Foi com má intenção que Ele os fez sair, foi para os matar nas montanhas e suprimi-los da face da Terra!’ Não te deixes dominar pela cólera e abandona a decisão de fazer mal a este povo. 13Recorda-te de Abraão, de Isaac e de Israel, teus servos, aos quais juraste por ti mesmo: tornarei a vossa descendência tão numerosa como as estrelas do céu e concederei à vossa posteridade esta terra de que falei, e eles hão-de recebê-la como herança eterna.» 14E o Senhor arrependeu-se das ameaças que proferira contra o seu povo.

Moisés desce do monte. Castigo do povo (Dt 9,15-21) - 15Moisés desceu do monte, trazendo nas mãos as duas tábuas do testemunho, escritas nos dois lados, numa e noutra face. 16As tábuas eram obra de Deus e o que estava gravado nas tábuas fora escrito por Deus. 17Ao ouvir o barulho que o povo fazia, gritando, Josué disse a Moisés: «Há no acampamento alaridos de batalha.» 18Moisés respondeu: «Não são nem gritos de vitória, nem gritos de derrota. O que oiço são vozes de gente a cantar.» 19Ao chegar junto do acampamento, viu o bezerro e as danças. Acendeu-se a sua cólera, atirou com as tábuas e partiu-as ao pé do monte. 20Depois, agarrando no bezerro que tinham feito, queimou-o e reduziu-o a pó fino que espalhou na água. E deu-a a beber aos filhos de Israel. 21Moisés disse a Aarão: «Que te fez este povo para o deixares cometer um tão grande pecado?» 22Aarão respondeu: «Que o meu senhor não se irrite. Tu próprio sabes como este povo é inclinado para o mal. 23Disseram-me: ‘Faz-nos um deus que caminhe à nossa frente, pois a Moisés, esse homem que nos fez sair do Egipto, não sabemos o que lhe terá acontecido.’ 24Eu disse-lhes: ‘Quem tem ouro?’ Despojaram-se dele e entregaram-mo; lancei-o ao fogo e saiu este bezerro.» 25Moisés viu que o povo se entregara à desordem, porque Aarão o deixara desviar-se, expondo-o à irrisão dos seus inimigos. 26Moisés foi colocar-se à entrada do acampamento e gritou: «Quem é pelo Senhor junte-se a mim!» Todos os filhos de Levi se uniram à volta dele. 27Ele disse-lhes: «O Senhor, o Deus de Israel, diz o seguinte: Cinja cada um de vós a espada sobre a coxa. Passai e tornai a passar através do acampamento, de uma ponta à outra, e cada um de vós mate o irmão, o amigo e o vizinho!» 28Os filhos de Levi fizeram o que Moisés lhes ordenara, e cerca de três mil homens morreram nesse dia, entre o povo. 29Moisés disse: «Consagrai-vos desde hoje ao Senhor porque, sacrificando o vosso filho e o vosso irmão, atraístes hoje sobre vós uma bênção.»

Oração de Moisés - 30No dia seguinte, Moisés disse ao povo: «Cometestes um enorme pecado. No entanto, vou subir para junto do Senhor. Talvez alcance o perdão para o vosso pecado.» 31Moisés voltou para junto do Senhor e disse: «Ah, este povo cometeu um grande pecado. Fizeram para si um deus de ouro. 32Apesar disso, perdoa-lhes este pecado, ou então apaga-me do livro que escreveste.» 33O Senhor disse a Moisés: «Apagarei do meu livro aquele que pecou contra mim. 34Vai agora, e conduz o povo para onde te disser. O meu anjo caminhará diante de ti. Mas no dia da prestação de contas, puni-los-ei pelo seu pecado.» 35O Senhor castigou o povo, por ter instigado Aarão a fazer o bezerro.

33 Partida do povo (Nm 10,11-13) - 1O Senhor disse a Moisés: «Vai, parte daqui com o povo que fizeste sair do Egipto; ide para a terra que prometi a Abraão, a Isaac e a Jacob dizendo: Hei-de dá-la à tua posteridade. 2Eu enviarei um anjo à tua frente e expulsarei o cananeu, o amorreu, o hitita, o perizeu, o heveu e o jebuseu. 3Ide para essa terra, onde corre leite e mel. Mas Eu não irei convosco, porque sois um povo de cerviz dura, e poderia aniquilar-vos pelo caminho.» 4Ao ouvir estas duras palavras, o povo ficou mergulhado em tristeza e ninguém ousou colocar os seus adornos. 5O Senhor disse então a Moisés: «Diz aos filhos de Israel: Sois um povo de cerviz dura. Se me encontrasse, um instante apenas, no meio de vós, aniquilar-vos-ia. Deponde, pois, todos os vossos ornamentos, e verei depois o que vos devo fazer.» 6Os filhos de Israel despojaram-se dos seus adornos, ao partir do monte Horeb. 7Moisés pegou na tenda e foi colocá-la a certa distância do acampamento. Deu-lhe o nome de tenda da reunião. E todos aqueles que desejavam consultar o Senhor iam à tenda da reunião, fora do acampamento. 8Quando Moisés se dirigia para a tenda, todo o povo se levantava, permanecendo cada um à entrada da própria tenda, para o seguir com os olhos, até Moisés entrar na tenda. 9Logo que Moisés entrava na tenda, a coluna de nuvem descia e mantinha-se à entrada, e o Senhor falava com Moisés. 10E, ao ver a coluna de nuvem que permanecia à entrada da tenda, todo o povo se levantava e se prostrava, cada um à entrada da sua tenda. 11O Senhor falava com Moisés, frente a frente, como um homem fala com o seu amigo. Moisés voltava, em seguida, para o acampamento; mas Josué, filho de Nun, o seu servidor, homem ainda novo, não se afastava do interior da tenda.

A misericórdia de Deus - 12Moisés disse ao Senhor: «Tu dizes-me: Conduz este povo; mas não me dás a saber quem indicarás para me acompanhar. E, contudo, disseste-me: Eu conheço-te pelo nome e tu alcançaste graça aos meus olhos. 13Se é verdade que alcancei graça aos teus olhos, revela-me as tuas intenções e que eu te conheça, a fim de realmente alcançar graça aos teus olhos. Considera que esta gente é o teu povo.» 14E Deus respondeu: «Eu mesmo irei adiante de ti, e dar-te-ei des-canso.» 15Moisés disse: «Se Tu mesmo não vieres connosco, não nos obrigues a partir deste lugar. 16Como havemos de saber que eu e o teu povo alcançámos graça aos teus olhos? Para isso, não será indispensável que caminhes connosco? É a única forma de nos distinguirmos, eu e o teu povo, de todas as nações da terra.» 17O Senhor retorquiu: «Farei o que me pedes, porque alcançaste graça aos meus olhos, e conheço-te pelo nome.» 18Moisés disse: «Mostra-me a tua glória.» 19E Deus respondeu: «Farei passar diante de ti toda a minha bondade, e proclamarei diante de ti o nome do Senhor. Concedo a minha benevolência a quem Eu quiser, e uso de misericórdia com quem for do meu agrado.» 20E acrescentou: «Mas tu não poderás ver a minha face, pois o homem não pode contemplar-me e continuar a viver.» 21O Senhor disse: «Está aqui um lugar próximo de mim; conservar-te-ás sobre o rochedo. 22Quando a minha glória passar, colocar-te-ei na cavidade do rochedo e cobrir-te-ei com a minha mão, até que Eu tenha passado. 23Retirarei a mão, e poderás então ver-me por detrás. Quanto à minha face, ela não pode ser vista.»

34 Novas tábuas da lei (19,1-25) - 1O Senhor disse a Moisés: «Talha duas tábuas de pedra, iguais às primeiras e escreverei nelas as palavras que se encontravam nas primeiras tábuas, que tu quebraste. 2Prepara-te para subires, amanhã cedo, o monte Sinai. Apresentar-te-ás diante de mim no vértice do monte. 3Que ninguém suba contigo e que ninguém esteja em parte alguma do monte; que não haja nem ovelhas nem bois a pastar nas proximidades.» 4Moisés talhou, pois, duas tábuas de pedra iguais às primeiras. No dia seguinte de manhã subiu o monte Sinai, como o Senhor lhe tinha ordenado, e levava na mão as duas tábuas de pedra. 5O Senhor desceu na nuvem e, passando junto dele, pronunciou o nome do Senhor. 6O Senhor passou em frente dele e exclamou: «Senhor! Senhor! Deus misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e de fidelidade, 7que mantém a sua graça até à milésima geração, que perdoa a iniquidade, a rebeldia e o pecado, mas não declara inocente o culpado e pune o crime dos pais nos filhos, e nos filhos dos seus filhos até à terceira e à quarta geração.» 8Moisés curvou-se imediatamente até ao chão e prostrou-se em adoração, 9dizendo: «Se, entretanto, alcancei graça aos teus olhos, ó Senhor, vem, por favor, caminhar no meio de nós, pois este é um povo de cerviz dura. Mas perdoa-nos as nossas iniquidades e os nossos pecados e aceita-nos como propriedade tua.»
Renovação da aliança (23,20-24) - 10Deus respondeu: «Vou fazer uma aliança contigo: na presença de todo o povo, realizarei prodígios, como jamais se fizeram em parte alguma, nem em nenhuma nação; e o povo que te cerca há-de ver então a obra do Senhor, porque espantosas são as coisas que vou fazer por teu intermédio. 11Ouve com atenção o que hoje te ordeno. Vou expulsar da tua presença o amorreu, o cananeu, o hitita, o perizeu, o heveu e o jebuseu.»
Decálogo ritual (v.12-26; ver 23,14-19) - 12«Livra-te de estabelecer qualquer aliança com os habitantes da terra em que vais entrar, para que eles não sejam uma armadilha no meio de vós. 13Derrubareis os seus altares, quebrareis os seus monumentos e cortareis as suas árvores sagradas. 14Não adorarás nenhum outro deus, pois o Senhor chama-se zeloso; é um Deus zeloso. 15Não faças aliança alguma com os habitantes desta terra porque, quando se prostituem aos seus deuses e lhes oferecem sacrifícios, poderiam aliciar-te e comerias as vítimas dos seus sacrifícios; 16poderias também escolher, entre as suas filhas, mulheres para os teus filhos; e essas mulheres, prostituindo-se aos seus deuses, arrastariam os teus filhos, que também se prostituiriam a esses deuses. 17Não farás para ti deuses de metal fundido. 18Observa a festa dos ázimos: comerás, sete dias, pão sem fermento, durante o mês de Abib, como te ordenei, porque foi nesse mês que saíste do Egipto. 19A mim pertence todo o primogénito. E assim todo o primogénito macho do teu gado, quer graúdo quer miúdo, oferecê-lo-ás em memorial. 20Mas resgatarás com um cordeiro o primogénito do jumento ou, então, quebrar-lhe-ás a nuca. Resgatarás sempre o primogénito dos teus filhos e não aparecerás diante de mim de mãos vazias. 21Trabalharás durante seis dias, mas descansarás no sétimo, embora decorra o tempo da lavra e da ceifa. 22Celebrarás também a festa das semanas, no tempo das primícias da ceifa do trigo, e depois a festa da colheita, no fim do ano. 23Todos os vossos indivíduos do sexo masculino apresentar-se-ão três vezes por ano, diante do Senhor, Deus de Israel. 24Porque Eu expulsarei as nações da tua presença, ampliarei as tuas fronteiras e ninguém cobiçará o teu campo enquanto subires para te apresentares, três vezes por ano, diante do Senhor teu Deus. 25Quando me sacrificares uma vítima, não oferecerás o seu sangue juntamente com pão fermentado, eo sacrifício da Páscoa não será conservado durante a noite, até ao dia seguinte. 26Levarás à casa do Senhor, teu Deus, as primícias dos frutos da tua terra. Não cozerás um cabrito no leite da sua mãe!» 27O Senhor disse a Moisés: «Regista por escrito estas palavras, porque é de acordo com elas que Eu faço a aliança contigo e com Israel.» 28Moisés permaneceu junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E escreveu nas tábuas as palavras da aliança, os dez mandamentos.

A glória do Senhor e o rosto de Moisés (2 Cor 3,7-18) - 29Moisés desceu do monte Sinai, trazendo na mão as duas tábuas do testemunho. Não sabia, enquanto descia o monte, que a pele do seu rosto resplandecia, depois de ter falado com Deus. 30Quando Aarão e todos os filhos de Israel o viram, notaram que a pele do seu rosto se tornara resplandecente e não se atreveram a aproximar-se dele. 31Moisés, porém, chamou-os; Aarão e todos os chefes da assembleia foram ter com ele, e ele falou-lhes. 32Em seguida, aproximaram-se todos os filhos de Israel, aos quais transmitiu todas as ordens que tinha recebido do Senhor, no monte Sinai. 33Depois de ter acabado de falar com eles, Moisés cobriu o rosto com um véu. 34Ao entrar para estar na presença do Senhor e falar com Ele, Moisés retirava o véu até sair. Então, depois de sair, comunicava aos filhos de Israel as ordens recebidas. 35Os filhos de Israel viam resplandecer a face de Moisés que, em seguida, tornava a colocar o véu sobre o rosto, até entrar novamente para falar com Deus.

VI. CÓDIGO SACERDOTAL (35,1-40,38; ver 25-31)

O Santuário e o Culto
35 O Sábado (20,8-11; Nm 15,32-36) - 1Moisés convocou toda a comunidade dos filhos de Israel, e disse-lhes: «O Senhor ordenou que se faça o seguinte: 2Trabalhareis seis dias, mas o sétimo será santo para vós, dia de completo repouso em honra do Senhor. Quem fizer qualquer trabalho nesse dia, será condenado à morte. 3Em nenhuma das vossas casas acendereis fogo no dia de sábado.»
Ofertas para o santuário (25,1-9) - 4Moisés disse a toda a comunidade dos filhos de Israel: «O Senhor ordenou o seguinte: 5Retirai dos vossos bens uma parte, para oferecer ao Senhor. Todo o homem de coração generoso deve apresentar, como oferta ao Senhor, ouro, prata e cobre; 6púrpura violácea, púrpura escarlate, púrpura carmesim, linho fino, pêlo de cabra; 7peles de carneiro tingidas de vermelho, peles finas, madeira de acácia; 8azeite para o candelabro, aroma para óleo de unção e para o incenso odorífero; 9pedras de ónix e pedras de cravar, para guarnecer a insígnia e o peitoral. 10Depois, todos aqueles dentre vós que forem habilidosos venham executar o que o Senhor ordenou: 11o santuário, com a sua tenda, a sua cobertura, as argolas, as pranchas, as travessas, as colunas e bases; 12a Arca, com os varais, o propiciatório e o véu protector; 13a mesa com os varais, todos os utensílios e os pães da oferenda; 14o candelabro e os acessórios, as lâmpadas e o azeite para o candelabro; 15o altar dos perfumes com os varais, o óleo de unção, o incenso aromático e a cortina para a porta de entrada do santuário; 16o altar dos holocaustos, com a sua grelha de cobre, os varais e todos os acessórios; a bacia com a sua base, 17as cortinas do átrio, as colunas, as bases e a cortina da porta do átrio; 18as cavilhas do santuário, a do átrio e os cordões; 19as vestes litúrgicas para o serviço litúrgico do santuário, os ornamentos sagrados do sacerdote Aarão, e as vestes dos seus filhos para as funções sacerdotais.» 20Toda a assembleia dos filhos de Israel se retirou da presença de Moisés, 21e todas as pessoas de boa vontade e coração generoso foram, depois, levar a sua oferta ao Senhor, para a construção da tenda da reunião, para o serviço e para as vestes sagradas. 22Homens e mulheres, enfim, todos aqueles que tinham o coração generoso, apresentaram-se, levando argolas, brincos, pulseiras, colares, toda a espécie de objectos de ouro; cada um fez a apresentação de ouro ao Senhor. 23Todos aqueles que tinham em sua casa púrpura violácea, e púrpura escarlate, púrpura carmesim, linho fino, pêlo de cabra, peles de carneiro tingidas de vermelho e peles finas, levaram-nas. 24Todos aqueles que puderam apresentar um contributo em prata ou em cobre, levaram-no ao Senhor. Todos aqueles que tinham em suas casas madeiras de acácia, utilizáveis para as obras a executar, levaram-nas. 25Todas as mulheres habilidosas fiaram, com as próprias mãos, e levaram púrpura violácea, púrpura escarlate, púrpura carmesim e linho. 26Todas as mulheres habilidosas, e com predisposição para isso, fiaram o pêlo de cabra. 27Os chefes do povo levaram pedras de ónix e outras pedras de cravar, para a insígnia sacerdotal e o peitoral; 28aromas e óleo para o candelabro, para o óleo de unção e para o incenso aromático. 29Todos os filhos de Israel, homens ou mulheres, cujo coração estava inclinado a contribuir para qualquer das obras que o Senhor, por intermédio de Moisés, tinha mandado fazer, levaram espontaneamente as suas ofertas ao Senhor.

Os artistas (31,1-11) - 30Moisés disse aos filhos de Israel: «Sabei que o Senhor escolheu Beçalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá. 31Encheu-o do espírito de Deus, que lhe deu sabedoria, inteligência e capacidade para toda a espécie de trabalho; 32tornou-o apto a idealizar obras, a trabalhar o ouro, a prata e o bronze; 33a gravar pedras e a cravá-las, a trabalhar a madeira e a executar toda a espécie de trabalho artístico. 34Concedeu-lhe também o dom de ensinar, assim como a Ooliab, filho de Aisamac, da tribo de Dan. 35Encheu-os de sabedoria e talento para executar todas as obras de escultura e de arte; para bordar em tecidos de púrpura violácea, de púrpura escarlate, de púrpura carmesim e de linho fino, e para levar a cabo, bem como planificar, toda a espécie de trabalhos.

36 1Beçalel, Ooliab e todos os homens de sabedoria e talento, que o Senhor dotou com sabedoria e inteligência, para executar todos os trabalhos destinados ao santuário, executarão completamente as instruções recebidas do Senhor.» 2Moisés chamou Beçalel, Ooliab e todos os homens de sabedoria e talento, a quem o Senhor enchera o coração de inteligência, todos aqueles cujo coração estava disposto a empreender a execução deste trabalho. 3E eles receberam de Moisés todos os contributos que os filhos de Israel tinham levado, para efectuar os trabalhos necessários ao serviço do santuário.

Moisés põe termo às ofertas - 4Como todas as manhãs o povo continuava ainda a levar ofertas voluntariamente, todos os homens esclarecidos, que estavam ocupados nos trabalhos do santuário, deixaram as tarefas que tinham entre mãos 5e foram dizer a Moisés: «O povo traz muito mais do que o necessário para executar a obra que o Senhor mandou fazer.» 6Então, por ordem de Moisés, anunciou-se no acampamento o seguinte: «Ninguém, seja homem ou mulher, levará mais contributos para o santuário.» Impediu-se assim que o povo continuasse a levá-los. 7Os materiais reunidos eram mais do que o preciso para todos os trabalhos a realizar.
A construção do santuário (26,1-14) - 8Os mais sábios e talentosos entre os artífices fizeram o santuário, utilizando dez tapeçarias de linho tecido, púrpura violácea, púrpura escarlate e púrpura carmesim, com os querubins artisticamente bordados. 9O comprimento de cada tapeçaria era de vinte e oito côvados: todas eram da mesma medida. 10Uniram-se cinco destas tapeçarias num conjunto e cinco noutro. 11Colocaram-se laços de púrpura violácea na orla da tapeçaria que terminava cada um dos conjuntos. 12Colocaram-se cinquenta laços numa destas tapeçarias e cinquenta laços na orla da última tapeçaria do segundo conjunto, situados perfeitamente em frente uns dos outros. 13Uniram-se as tapeçarias por meio de cinquenta ganchos de ouro, de modo que o santuário formava um só corpo. 14Fizeram-se, depois, tapeçarias de pêlo de cabra, para servirem de tenda ao santuário. Fizeram-se onze dessas tapeçarias. 15De comprimento, uma tapeçaria tinha trinta côvados, e de largura quatro côvados; todas as onze tapeçarias eram da mesma medida. 16Cinco tapeçarias foram unidas de uma parte, e seis de outra parte. 17Colocaram-se cinquenta laços na orla da última tapeçaria de um dos conjuntos e cinquenta laços na orla da última tapeçaria do outro conjunto. 18Fizeram-se cinquenta ganchos de cobre para ligar a tenda, de modo a formar um todo. 19Fizeram a cobertura da tenda com peles de carneiro tingidas de vermelho, sobre a qual colocaram uma cobertura de peles finas.

As pranchas de madeira (26,15-30) - 20As pranchas do santuário foram feitas de madeira de acácia, dispostas verticalmente. 21Cada uma das pranchas tinha dez côvados de comprimento e um côvado e meio de largura. 22Cada prancha tinha dois encaixes para se unirem umas às outras. E assim se fez em todas as pranchas do santuário. 23Fizeram para o lado sul do santuário vinte pranchas. 24Colocaram sob estas vinte pranchas quarenta suportes de prata, dois sob cada prancha, para os dois encaixes. 25Para o segundo lado do santuário, voltado a norte, fizeram vinte pranchas, 26com os seus quarenta suportes de prata, dois para cada prancha. 27Para o fundo do santuário, ao ocidente, fizeram seis pranchas, 28e para os ângulos do santuário, ao fundo, fizeram duas pranchas. 29Deviam ser unidas em baixo e ajustarem-se em cima por meio de uma só argola. Assim se fez para as duas pranchas dos dois ângulos. 30Havia, portanto, oito pranchas com os seus suportes de prata, estes em número de dezasseis, dois sob cada prancha. 31Fizeram cinco travessas de madeira de acácia para as pranchas de um dos lados do santuário, 32cinco para as pranchas do segundo lado e cinco para as pranchas do fundo do santuário, ao ocidente. 33A travessa do meio passava pelo centro das pranchas, de uma à outra extremidade. 34Revestiram as pranchas de ouro e fizeram para elas argolas de ouro, por onde deviam passar as travessas revestidas igualmente de ouro.

O véu do santuário (26,31-34) - 35Fizeram o véu de púrpura violácea, de púrpura escarlate, de púrpura carmesim e de linho tecido, com querubins bordados artisticamente. 36Fizeram para ele quatro colunas de madeira de acácia revestidas de ouro, com ganchos de ouro, e fundiram para elas quatro bases de prata. 37Para a entrada da tenda, fizeram uma cortina de púrpura violácea, de púrpura escarlate, de púrpura carmesim e linho tecido, artisticamente bordado. 38Para esta cortina, fizeram cinco colunas com os seus ganchos; revestiram de ouro os capitéis e os varais, e as cinco bases feitas de cobre.

37 Construção da Arca (25,10-22) - 1Beçalel fez a Arca de madeira de acácia, com dois côvados e meio de comprimento, côvado e meio de largura e côvado e meio de altura. 2Revestiu-a de ouro puro, interior e exteriormente, e colocou-lhe em volta uma cornija de ouro. 3Mandou fundir, para a Arca, quatro argolas de ouro, que prendeu nos seus quatro cantos, duas de um lado e duas de outro. 4Fez varais de madeira de acácia, revestidos de ouro, 5que passou nas argolas colocadas aos lados da Arca, para a transportar. 6Fez um propiciatório de ouro puro, com dois côvados e meio de comprimento e um côvado e meio de largura. 7Fez dois querubins de ouro martelado, cada um numa só peça, sobressaindo das duas extremidades do propiciatório, 8um querubim numa extremidade e um querubim na outra extremidade, ficando os querubins nas duas extremidades do propiciatório. 9Ficaram com as faces voltadas um para o outro e com as asas estendidas para diante, cobrindo o propiciatório, sobre o qual tinham as faces inclinadas.
A mesa dos pães da oferenda (25, 23-30) - 10Depois fez a mesa de madeira de acácia, com dois côvadosde comprimento, um côvado de largura e côvado e meio de altura. 11Revestiu-a de ouro puro e rodeou-a de uma cercadura de ouro. 12Adaptou-lhe à volta um caixilho da largura da mão, com uma cercadura de ouro a toda a volta. 13Fundiu para a mesa quatro argolas de ouro e prendeu-as nas quatro extremidades formadas pelos quatro pés. 14Estas argolas estavam colocadas frente a frente, para receberem os varais destinados ao transporte da mesa. 15Fez os varais de madeira de acácia, revestidos de ouro, para transportar a mesa. 16Fez os utensílios que estão sobre a mesa, as escudelas, as colheres, os vasos e as taças para as libações, tudo de ouro puro.

O candelabro (25,31-40; Lv 24,2-4) - 17Fez o candelabro de ouro puro, de uma só peça, com a base, a haste, os cálices, os botões e as flores, formando uma única peça com ele. 18Seis braços partiam dos lados, três de um lado e três do outro. 19Num braço, havia três cálices em forma de flor de amendoeira, com botão e flor; e assim eram os restantes seis braços, que saíam do candelabro. 20Na haste central do candelabro, havia quatro cálices em forma de flor de amendoeira, com os seus botões e as suas flores. 21Havia um botão sob os dois primeiros braços que saíam do candelabro, um botão sob os dois braços seguintes. Era assim para os seis braços do candelabro. 22Estes botões, estes braços e o candelabro formavam uma única peça, e todo o conjunto era de ouro puro, feito de uma só barra. 23Fez as suas sete lâmpadas, bem como os espevitadores e os vasos para os morrões, tudo de ouro puro. 24Utilizou um talento de ouro puro na execução do candelabro e de todos os acessórios.

O altar dos perfumes (30,1-10.22-38) - 25Fez o altar dos perfumes de madeira de acácia, com um côvado de comprimento e um côvado de largura. Era quadrado e tinha dois côvados de altura. As suas hastes formavam com ele uma única peça. 26Revestiu de ouro puro a parte superior do altar, todos os seus lados e as hastes. Colocou em volta uma guarnição de ouro. 27Adaptou-lhe duas argolas de ouro, por cima da guarnição dos dois lados, de um e de outro lado, para receberem os varais destinados a transportá-lo. 28Fez os varais de madeira de acácia revestidos de ouro. 29Fez também o óleo para a unção santa e o perfume aromático, segundo a arte de perfumista.

38 O altar dos holocaustos (27,1-8) - 1Fez o altar dos holocaustos de madeira de acácia, com cinco côvados de comprimento e cinco côvados de largura. Era quadrado e tinha três côvados de altura. 2Nos quatro cantos, modelou as hastes que formavam uma única peça com o altar e cobriu-as de bronze. 3Fez todos os utensílios do altar: cinzeiros, pás, bacias, garfos e braseiros; e todos estes utensílios foram feitos de cobre. 4Fez para o altar uma grade de cobre, em forma de rede, que colocou em baixo, sob a moldura do altar, até ao meio da altura. 5Para os quatro cantos da grade de cobre, fundiu quatro argolas destinadas a receberem os varais. 6Fez os varais de madeira de acácia e revestiu-os de cobre. 7Introduziu os varais nas argolas que estavam de um lado e de outro do altar, e serviam para o transportar. Fez o altar de tábuas, oco por dentro.
A bacia de bronze e o átrio (27,9-21; Ez 40,17-49) - 8Fez a bacia de bronze e a sua base de bronze, com os espelhos das mulheres que serviam à entrada da tenda da reunião. 9Fez, depois, o átrio. Do lado sul, fez uma cortina de linho tecido num comprimento de cem côvados, 10com as suas vinte colunas assentes sobre vinte bases de bronze. Os ganchos das colunas e os seus varais eram de prata. 11Do lado do norte, as cortinas tinham cem côvados de comprimento, com as suas vinte colunas e as vinte bases de bronze; os ganchos das colunas e os varais eram de prata. 12Do lado ocidental, tinha cinquenta côvados de cortinas, com as suas dez colunas e dez bases, com ganchos e varais de prata. 13Do lado oriental ou nascente tinha cinquenta côvados. 14Quinze côvados de cortinas, com três colunas e três bases, formavam uma ala. 15Quinze côvados de cortinas, com três colunas e três bases, formavam a segunda ala de um e de outro lado da entrada do átrio. 16As cortinas eram de linho tecido, formando o recinto do átrio. 17As bases das colunas eram de bronze, os ganchos das colunas e os seus varais eram de prata, e os capitéis eram revestidos de prata. Todas as colunas do átrio tinham argolas de prata. 18A cortina da porta do átrio era de púrpura violácea, púrpura escarlate, púrpura carmesim e linho tecido e era toda bordada. De comprimento tinha vinte côvados, de altura ou largura tinha cinco côvados, tal como as cortinas do átrio. 19Tinha quatro colunas com quatro bases de bronze; os ganchos eram de prata e os capitéis eram revestidos de prata, assim como os varais. 20Todas as anilhas, para o santuário e para o átrio, eram de bronze.

Relação do material - 21Eis a relação dos materiais empregados no santuário, que é o santuário do testemunho, feita pelos levitas, por ordem de Moisés, sob a direcção de Itamar, filho do sacerdote Aarão. 22Beçalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, executou o que o Senhor tinha ordenado a Moisés, 23tendo como auxiliar Ooliab, filho de Aisamac, da tribo de Dan, hábil na escultura, em idealizar e bordar a púrpura violácea, púrpura escarlate, púrpura carmesim e linho fino. 24O total do ouro utilizado em todos os trabalhos do santuário, ouro proveniente das ofertas, montava a vinte e nove talentos e setecentos e trinta siclos, conforme o siclo do santuário. 25A prata recolhida entre os da assembleia, que foram recenseados, elevava-se a cem talentos e mil setecentos e setenta e cinco siclos, conforme o siclo do santuário. 26Era meio siclo, conforme o siclo do santuário, por cabeça, para cada homem incluído no recenseamento, de vinte anos para cima, ou seja, para seiscentos e três mil e quinhentos e cinquenta homens. 27Os cem talentos de prata serviram para fundir as bases do santuário e as bases do véu; cem bases para os cem talentos; ou seja, um talento para cada base. 28Com os mil setecentos e setenta e cinco siclos fizeram-se os ganchos para as colunas, o revestimento dos capitéis e os varais para as colunas. 29O cobre das ofertas atingiu setenta talentos e dois mil e quatrocentos siclos. 30Fizeram com ele as bases da entrada da tenda da reunião, o altar de bronze e todos os utensílios do altar, 31as bases do átrio e da porta de entrada do átrio, e todas as cavilhas do santuário e do átrio que o rodeia.

39 Vestes sacerdotais - 1Com a púrpura violácea, a púrpura escarlate e a púrpura carmesim fizeram as vestes sagradas para o serviço no santuário, e os ornamentos sagrados para Aarão, como o Senhor tinha ordenado a Moisés.
Insígnia sacerdotal (28,6-14) - 2Fizeram a insígnia sacerdotal de ouro, de púrpura violácea, de púrpura escarlate, de púrpura carmesim e de linho tecido. 3Estenderam o ouro em lâminas e cortaram fios que entrelaçaram na púrpura violácea, na púrpura escarlate, na púrpura carmesim e no linho fino, executando artísticos bordados. 4Adaptaram-lhe duas ombreiras, que juntavam as extremidades da parte superior. 5O cíngulo, que servia para fixar a insígnia, era do mesmo tecido e trabalhado da mesma forma: de ouro, de púrpura violácea, púrpura escarlate, púrpura carmesim e fios de linho, como o Senhor havia ordenado a Moisés. 6Montaram as pedras de ónix em cravações de ouro, nas quais gravaram, à maneira dos sinetes, os nomes dos filhos de Israel. 7Ajustaram-se nas ombreiras da insígnia, com pedras destinadas a recordar os filhos de Israel, como o Senhor havia ordenado a Moisés.

O peitoral (28,15-30) - 8Confeccionaram o peitoral - obra de artista - assim como a insígnia: de ouro, púrpura violácea, púrpura escarlate, púrpura carmesim e linho tecido. 9Era quadrado e dobrado, tinha um palmo de comprimento e um palmo de largura. 10Guarneceram-no de quatro filas de pedrarias. Na primeira fila colocaram um rubi, um topázio, uma esmeralda; 11na segunda fila, uma cornalina, uma safira, um diamante; 12na terceira fila, uma opala, uma ágata e uma ametista; 13na quarta fila, um crisólito, um ónix e um jaspe. Todas estas pedras estavam cravadas em ouro. 14Correspondendo aos nomes dos filhos de Israel, eram em número de doze e em cada uma delas estava gravado, como num sinete, o nome de cada uma das doze tribos. 15Fizeram também, para o peitoral, pequenas correntes de ouro puro, entrelaçadas em forma de cordões. 16Fizeram duas cravações de ouro e duas argolas de ouro que colocaram nos dois cantos do peitoral. 17Passaram as duas correntes de ouro pelas duas argolas dos cantos do peitoral, 18e fixaram as duas pontas de cada corrente nas duas cravações, adaptando-as, pela frente, às duas ombreiras da insígnia. 19Fizeram também duas argolas de ouro que colocaram nos dois cantos do peitoral, na orla interior que se justapõe à insígnia. 20E fizeram outras duas argolas de ouro que fixaram sob as duas ombreiras da insígnia, do lado exterior, no sítio em que se unem por cima do cíngulo da mesma insígnia. 21Ataram o peitoral, prendendo as suas argolas às da insígnia por meio de um cordão de púrpura violácea, a fim de fixar o peitoral sobre o cíngulo da insígnia, de forma a não oscilar, como o Senhor tinha ordenado a Moisés.

O manto e as túnicas (28,31-35) - 22Fizeram o manto da insígnia, tecido inteiramente de púrpura violácea. 23A abertura, feita no meio, era redonda como a de uma cota de armas e guarnecida de um debrum a toda a volta, para evitar rasgões. 24Guarneceram a barra do manto com romãs de púrpura violácea, de púrpura escarlate e de púrpura carmesim, a toda a volta. 25Fizeram campainhas de ouro puro, que entremearam com as romãs em toda a barra do manto. 26Uma campainha e depois uma romã a toda a volta da barra do manto, para o culto, como o Senhor tinha ordenado a Moisés. 27Fizeram as túnicas de linho fino para Aarão e seus filhos; 28a tiara de linho fino, as tiaras para as cerimónias e os calções de linho; 29o cíngulo de fios de linho, de púrpura escarlate e púrpura carmesim, bordado, como o Senhor tinha ordenado a Moisés. 30Fizeram a lâmina de ouro puro, o diadema sagrado, na qual gravaram, como se grava num sinete: «Consagrado ao Senhor.» 31Prenderam-na com uma fita de púrpura violácea à frente, na parte superior da tiara, como o Senhor tinha ordenado a Moisés.

Fim dos trabalhos - 32Terminaram-se, assim, os trabalhos do santuário, da tenda da reunião; os filhos de Israel executaram tudo de harmonia com as ordens dadas pelo Senhor a Moisés. 33Apresentaram, então, o santuário a Moisés; a tenda e todos os utensílios: ganchos, pranchas, travessas, colunas e bases; 34a cobertura de peles de carneiro tingidas de vermelho, a cobertura de peles finas, o véu de protecção; 35a Arca do testemunho com os seus varais e o propiciatório; 36a mesa, com todos os utensílios e os pães da oferenda; 37o candelabro de ouro puro, com todas as lâmpadas preparadas, todos os acessórios e o azeite para o candelabro; 38o altar de ouro, o óleo de unção e o incenso aromático; a cortina para a entrada da tenda; 39o altar, com a grade de bronze, os varais e todos os seus utensílios; a bacia com a base; 40as cortinas do átrio, as colunas e as suas bases; a cortina da porta do átrio, com os cordões e as cavilhas, enfim, todos os utensílios para o serviço do santuário, para a tenda da reunião; 41as vestes litúrgicas para o serviço no santuário, os ornamentos sagrados para o sacerdote Aarão e as vestes sacerdotais dos seus filhos. 42Os filhos de Israel fizeram todas as obras, obedecendo em tudo às ordens dadas a Moisés pelo Senhor. 43Moisés examinou todo o trabalho e verificou que fora executado de harmonia com as ordens do Senhor. E Moisés abençoou-os.

40 Inauguração do santuário - 1O Senhor falou a Moisés nestes termos: 2«No primeiro dia do primeiro mês, erigirás o santuário da tenda da reunião. 3Colocarás nele a Arca do testemunho e vedarás a entrada com o véu. 4Introduzirás a mesa e colocarás nela o que a deve guarnecer; introduzirás o candelabro e acenderás as suas lâmpadas. 5Instalarás o altar de ouro para o perfume, diante da Arca do testemunho e fixarás o véu de entrada, diante do santuário. 6Instalarás o altar do holocausto diante da entrada do santuário da tenda da reunião. 7Colocarás a bacia entre a tenda da reunião e o altar e nela deitarás água. 8Disporás o átrio em redor e colocarás a cortina à porta do átrio. 9Tomarás o óleo de unção e ungirás o santuário e tudo quanto encerra; consagrá-lo-ás com todos os utensílios, e será santo. 10Ungirás o altar dos holocaustos e todos os seus utensílios; consagrarás o altar, que se tornará santíssimo. 11Ungirás a bacia e a sua base para a consagrar.

Consagração dos sacerdotes (29,1-9; 30,22-38) - 12Mandarás avançar Aarão e os filhos até à entrada da tenda da reunião e lavá-los-ás com água. 13Revestirás Aarão com as vestes sagradas; hás-de ungi-lo e consagrá-lo, e ele exercerá para mim o sacerdócio. 14Mandarás aproximar os filhos e vestir-lhes-ás as túnicas. 15Ungi-los-ás como ungiste o pai, e exercerão para mim o sacerdócio. Esta unção conferir-lhes-á o sacerdócio para sempre, de geração em geração.» 16Moisés obedeceu; fez tudo quanto o Senhor lhe ordenara.

A Arca do Santuário - 17No primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, foi erigido o santuário. 18Moisés erigiu o santuário: assentou as bases, as pranchas, as travessas e ergueu as colunas; 19estendeu a tenda sobre o santuário e, por cima, a cobertura da tenda, como o Senhor lhe tinha ordenado. 20Tomou o testemunho e depositou-o na Arca; meteu os varais na Arca, sobre a qual colocou o propiciatório. 21Transportou a Arca para o santuário, fixando o véu de protecção, para vedar o acesso à Arca do testemunho, como o Senhor lhe tinha ordenado.

Disposição geral - 22Colocou em seguida a mesa na tenda da reunião, do lado norte do santuário, da parte de fora do véu, 23e distribuiu ordenadamente sobre ela os pães diante do Senhor, como o Senhor lhe tinha ordenado. 24Colocou o candelabro na tenda da reunião, em frente da mesa, do lado sul do santuário, 25e acendeu as lâmpadas diante do Senhor, como o Senhor lhe tinha ordenado. 26Colocou o altar de ouro na tenda da reunião, diante do véu, 27e queimou os perfumes, como o Senhor lhe tinha ordenado. 28Fixou a cortina à entrada do santuário. 29Colocou o altar dos holocaustos à entrada do santuário, da tenda de reunião, e ali ofereceu o holocausto e a oblação, como o Senhor tinha ordenado a Moisés. 30Instalou a bacia entre a tenda da reunião e o altar, e nela deitou água para as abluções. 31Moisés, Aarão e os filhos deviam lavar ali as mãos e os pés. 32Sempre que entravam na tenda da reunião e se aproximavam do altar deviam fazer estas abluções, como o Senhor tinha ordenado a Moisés. 33Erigiu, por fim, o átrio em volta do santuário e do altar, e colocou a cortina à porta do átrio. E assim Moisés concluiu a sua obra.

Manifestação da glória de Deus (Nm 9,15-23; 14,10; 1 Rs 8,10-13; Ez 43,4-5; Ap 15,8) - 34Então, a nuvem cobriu a tenda da reunião, e a majestade do Senhor encheu o santuário. 35Moisés já não pôde entrar na tenda da reunião, porque a nuvem pairava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o santuário. 36Quando a nuvem se retirava de cima do santuário, os filhos de Israel partiam de viagem, 37e quando a nuvem não se retirava, não partiam, até ao instante em que ela se elevava. 38Porque uma nuvem do Senhor cobria o santuário durante o dia, e um fogo brilhava ali durante a noite, aos olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas caminhadas.

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